segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

O arco-íris e a tempestade (fábula)

Em outros tempos...

Era um local muito bonito, onde as pessoas viviam tranquilas e felizes. Como em todo lugar havia dias de sol radiante e outros em que as tempestades muito fortes apareciam como que para amedrontar a todos.

Numa dessas tardes de sol escaldante iguais a tantas outras, as nuvens lentamente começaram a encobrir o céu. Mais e mais nuvens se acumulavam. Um vento, antes tímido, mas depois enfurecido, trouxe outras nuvens pesadas, escuras, ameaçadoras. De repente elas começaram despejar água em tal abundância que tosos os recantos começaram a ser invadidos por ela. Relâmpagos riscavam o céu iluminando as montanhas e os fortes trovões faziam a terra estremecer assustada.

As árvores, pegas de surpresa, ora se encolhiam, ora se dobravam até o chão para resistir à fúria dos ventos. Os passarinhos, desesperados, voavam rápido para encontrar abrigo seguro. O rio, geralmente calmo e silencioso, via suas águas sendo empurradas de um lado para outro como simples joguetes, tamanha era a fúria da tempestade.

O vento, talvez cansado de tanto assoprar, aos poucos foi enfraquecendo até parar por completo. A chuva, de torrencial e ameaçadora, se transformou em pequenos pingos, até cessar. Na sequência o sol começou a espiar entre as nuvens, como que para criar coragem e ressurgir na sua plenitude.

Antes do sol se animar a aparecer, porém, um fenômeno feliz apareceu no céu: as cores da natureza, que estavam escondidas para se proteger da tempestade, decidiram se manifestar para alegrar o ambiente. Foi assim que as cores vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta, saíram da morada da luz, deram as mãos e, juntas e sorridentes, formaram um lindo arco-íris ligando os dois polos do firmamento.

A sua beleza não passou despercebida por ninguém, nem mesmo pela tempestade, que já havia se acalmado, e que indagou:

- Senhoras cores, como vocês conseguem sorrir e permanecer tão lindas logo após sobreviverem à minha fúria:

As cores, em uníssono, responderam:

- A nossa grandeza e a nossa beleza não se apequenam diante de forças ameaçadoras. As chuvas, além de não nos assustar, nos dão força para nos organizar e aproveitar o ar limpo, e mostrar a nossa beleza. São vocês, tempestades, talvez sem saberem, que preparam nosso caminho e nos permitem a nos organizar e nos manifestar brilhantemente.

A tempestade, que até então só se conhecia como destruidora, entendeu que também tinha um propósito: limpar o ar, regar a terra e, de certo modo, abrir espaço para a beleza.

E desde aquele dia, sempre que uma tempestade termina, o arco-íris surge como promessa de que a calma pode nascer até das grandes contrariedades.

Moral da história: é comum, nas dificuldades, surgirem as mais belas oportunidades de recomeço.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Parabéns, meu neto Gabriel

Gabriel, hoje o tempo abre um sorriso para celebrar teu primeiro giro ao redor do sol.

Gabriel, pequeno viajante da luz, chegaste como quem semeia flores no jardim adormecido. Em teus olhos mora um azul que acalenta, em teu sorriso nasce um mundo inteiro de encantos.

Desde o momento em que chegaste, com teu sorriso fácil e teu olhar curioso, tu transformaste nossos dias em poesia e nos fez resgatar e reviver a alegria pura da infância.

Cada gesto teu é verso.
Cada passo é promessa.
Cada descoberta é chama que ilumina nossos dias.

Um ano se passou, e cada pequeno gesto teu, cada balbucio, cada passo cambaleante, cada abraço apertado foi um presente que guardarei para sempre no coração. Tu és a prova viva de que a vida se renova, de que o amor cresce sem limites e de que a felicidade pode caber no toque suave das tuas mãozinhas.

Agradeço ao mistério da vida por tua presença que renova esperanças e torna mais leve tudo o que tocas. Que teus caminhos sejam macios como manhãs de primavera e que teu coração siga sempre atento ao brilho das pequenas coisas.

Parabéns, Gabriel. Que tua existência siga sendo poesia aberta ao vento.

Do avô que te guarda no peito como quem guarda um sol recém-nascido.

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

O vagalume e a coruja (fábula infantil)

Era uma vez...

Havia uma grande floresta muito tranquila, onde viviam muitos animais das mais diversas espécies. Entre eles morava um pequeno vagalume chamado Lux. Seus olhos, apesar de pequenininhos, pareciam dois faróis que emitiam uma luz intensa que iluminava os caminhos durante a noite.

Todas as noites ele se divertia voando por entre as árvores, saudando os amigos que ainda estavam acordados. Mas, apesar de ser feliz, ele tinha muito medo de se perder na floresta, pois ela era enorme e ele não conhecia todos os caminhos.

Numa noite enquanto voava distraído entre árvores, levou um grande susto ao ouvir bem perto uma voz assim: “uhu, uhu!”. Apesar do susto ele logo reconheceu a dona daquela voz: era uma velha coruja, amiga da família, que também morava na floresta. Feliz ele a saudou:

- Muito boa noite, Dona Coruja! Como a senhora vê, eu gosto de ajudar os que precisam, iluminando o caminho, mas tenho medo de me perder, pois esta floresta tem dimensões enormes.

A coruja pousou num galho, bem perto do vagalume e falou:

- Eu enxergo bem à noite, melhor do que de dia. Eu gostaria de ajudar e guiar os animais que andam à noite, mas não tenho luz para iluminar os caminhos deles.

- Dona Coruja, disse o vagalume, nós podemos trabalhar juntos, em parceria. Eu ilumino as trilhas com a minha luz, e a senhora me indica os caminhos. Que tal?

A Coruja achou a ideia genial. Logo abriu as asas e respondeu:

- Gostei da ideia, amigo. Vamos trabalhar juntos a partir de hoje mesmo.

Assim os dois passaram a voar juntos. Lux iluminava as trilhas com seu pisca-pisca intermitente, e a Coruja mostrava os caminhos mais seguros. Encontraram diversos filhotes de animais perdidos e eles os ajudaram a encontrar suas tocas. Auxiliaram o tatu a atravessar o riacho e livraram o sapo da armadilha de uma serpente.

 

Pensamento: Quando se compartilha o que se têm de melhor, as noites ficam menos escuras.

terça-feira, 25 de novembro de 2025

O que mais importa

O que realmente importa e permanece não é o que acumulamos, mas o que deixamos nos outros: 

Um gesto de bondade, uma palavra que levanta, um ombro amigo, um exemplo silencioso.

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Felicidade

A felicidade está dentro de cada um. 

É importante resgatá-la e nunca deixá-la esmorecer.

terça-feira, 18 de novembro de 2025

Natal chegando


O Natal está chegando. Não se esqueça dos presentes das crianças. Elas esperam. Mas não dê apenas brinquedos. Ajude-as a se desenvolver de forma plena. Dê-lhes também cultura, dê-lhes livros. Sugestão de livro: Histórias para a minha infância. Converse comigo em privado.

 

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Atitudes

As atitudes oriundas do coração se reproduzem em locais muitas vezes sequer imaginados. 

São sementes que lançamos pelo mundo a fora e, com certeza, produzirão frutos abundantes.

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

O galo que cantava de madrugada (fábula infantil)

Era uma vez... 

Numa localidade distante, havia uma bela fazenda bem cuidada, e rodeada de montanhas, vales e pequenos riachos. O fazendeiro se chamava Rodolfo e gostava de criar aves de várias espécies. O galinheiro abrigava as aves, onde pernoitavam para descansar e retomar as forças para recomeçar no dia seguinte.

Dentre as aves havia um galo grande, chamado Coricó. Ele tinha penas douradas e uma enorme crista vermelha. Coricó se sentia protetor das aves da fazenda e elas o respeitavam como tal. Porém, devido à sua autoestima sempre muito elevada, somado ao fato de ser muito ansioso, todas as madrugadas, antes ainda do nascer do sol ele começava a cantar com voz forte, acordando a todos os animais que, apesar de gostarem dele, ficavam incomodados por serem acordados tão cedo.

Um dia, os animais se reuniram e decidiram chamar a atenção do galo. Para a tarefa foram escolhidos o cavalo Galopeiro e a cabrita Béééé:

- Senhor galo Coricó, disse o cavalo, qual o motivo de começar a cantar tão cedo. Deixe-nos dormir até o amanhecer.

- Espere os primeiros raios do sol apontarem no horizonte, nós precisamos dormir por mais tempo, completou a cabrita.

O galo Coricó ouviu com atenção as reclamações, e respondeu:

- Eu não consigo esperar devido à minha ansiedade. Além disso, o meu coração fica tão feliz que não consigo aguardar o nascer do sol.

Então os animais decidiram pedir a ajuda da sempre sábia Coruja, que morava no topo de uma árvore ao lado do galinheiro:

- O que a senhora sugere para que possamos convencer o galo a se conter?

E a coruja, que também era acordada pelo galo todas as madrugadas, respondeu:

- Se ele começa a cantar tão cedo é porque seu coração está repleto de alegria e ele não consegue contê-la. Precisa procurar entendê-lo ao invés de brigar com ele.

Na madrugada seguinte, toda a bicharada estava ao redor do galinheiro. E quando o galo começou a cantar, todos, em coro, lhe perguntaram:

- Olá, amigo galo, por que você começa a cantar tão cedo?

Com os olhos arregalados e brilhantes, o galo respondeu feliz:

- É porque cada dia que nasce é uma grande graça de Deus derramada sobre nós, e eu quero ser o primeiro a agradecer. É através do meu canto que eu celebro a vida.

Os animais se entreolharam e acharam que era uma boa justificativa. Então fizeram um acordo: o galo continuaria a cantar de madrugada, mas uma única vez, e bem baixinho, como se fosse uma oração. E quando o sol nascesse, ele poderia cantar forte e acordar a todos.

Assim, todos descansaram em paz, e o galo pôde manter sua alegria sem incomodar seus amigos.

Pensamento: Quando se aprende a respeitar e equilibrar as diferenças, todos vivem melhor.

domingo, 9 de novembro de 2025

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Meus 76 anos - só gratidão

Dia 01.11.1949 completo 76 anos. Não celebro apenas a passagem do tempo. Celebro uma linda caminhada. Celebro a mão de Deus guiando meus passos, o amor que encontrei no caminho, as lutas que me forjaram e as alegrias que me alimentaram.

76 anos não é apenas um número. É a soma de muitas histórias. Algumas suaves como a brisa do amanhecer, outras duras como rocha, mas todas necessárias para que eu me tornasse quem eu sou. Aprendi com a vida que o que importa e permanece não é o que acumulamos, mas o que deixamos nos outros: um gesto de bondade, uma palavra que levanta, um ombro amigo, um exemplo silencioso.

Tenho a alegria de dizer que a vida valeu a pena, e continua valendo, porque amei, porque fui amado, porque plantei, porque colhi, porque errei e recomecei, porque não deixei de caminhar mesmo quando os pés doíam ao pisar, descalços, o chão inóspito e espinhoso.

Hoje, o balanço que faço não se pauta em saudosismo, mas em gratidão. Agradeço a Deus que nunca me deixou desamparado. Agradeço à minha linda família que deu sentido a tantas batalhas. Agradeço aos amigos, aos que ficaram e aos que passaram, porque cada encontro deixa uma marca.


E olhando para frente, aos 76, não peço que o caminho seja mais fácil. Peço apenas que eu tenha sabedoria para viver bem o que ainda me restar, com serenidade para aceitar o que não posso mudar e com coragem para continuar sendo útil, justo e humano.

terça-feira, 28 de outubro de 2025

Cuidado com o medo

Não se pode esquecer que o medo é só o medo. 

Ele nunca o obriga a tomar qualquer ação. 

A gente é que escolhe. 

Mas, não se pode esquecer que o medo nunca conduz  ninguém ao topo.

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Histórias para a minha infância



Meu último lançamento. Caso queira adquirir, entre em contato via e mail
www.ejmacagnan@hotmail.com

 

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

A parceria entre rios e vales (crônica)

Todos sabem que, como grandes amigos, rios e vales trabalham em parceria desde os primórdios. Há uma cumplicidade muito forte entre eles. É um pacto silencioso que atravessa séculos, milênios...

O rio é um sonhador, um aventureiro: como principal função escolheu correr, ora lenta, ora violentamente. Rasgando longas distâncias ele distribui suas águas pela natureza afora, abastecendo reservatórios, populações de todas as proporções.

Já o vale escolheu outra missão: ser paciente e acolhedor. Juntos, rios e vales, desenharam os contornos do mundo começando nos primeiros tempos, e continuando a atualizá-los até nossos dias.

Quando as nuvens descarregam suas águas abundantes sobre as montanhas, os vales as acolhem com os braços estendidos e as conduz rumo ao seu próximo destino: o rio. O rio as recebe e as incorpora ao seu leito, e segue em diante. Serpenteia, canta (ruge às vezes), ora lento, ora mais destemido (ou até feroz). Existem momentos em que vai além de seu leito original, transbordando e invadindo com todo entusiasmo o espaço do vale.

O vale, ao invés de reclamar pela invasão temporária do rio, o acomoda ternamente, pois conhece o gênio de seu amigo, e o mantém abraçado fortemente.

Essa parceria provoca transformação por onde o rio passa: no lugar onde havia pedras fica depositada areia, onde o rio descansa são despejados sedimentos que promovem a fertilidade da terra. Essa parceria faz os vales florescerem e alimentarem muitas vidas.


terça-feira, 7 de outubro de 2025

O sol e a lua - uma amizade brilhante (fábula infantil)

Era uma vez... 

Lá no alto do céu, o Sol brilhava majestoso, e uma Nuvem fofinha sorria feliz enquanto distribuía pequenas sombras refrescantes. Os dois permaneciam bem no alto, um ao lado do outro, e passavam os dias observando a vida na terra. Tinham um olhar especial para as crianças que brincavam nos campos, e para as plantinhas que cresciam nos jardins.

O Sol vivia espalhando luz e calor. Ele ajudava as flores a se abrirem, amadurecia os frutos e enchia os corações das pessoas de alegria.

- Olá, mundo, dizia o Sol todas as manhãs, com um sorriso iluminado. Vou mandar para vocês um dia cheio de luz e de energia.

Mas, às vezes, o calor era tanto que as plantas ficavam cansadas, os rios começavam a secar e até os bichinhos procuravam a sombra.

Foi então que a Nuvem, suave como uma bola de algodão, chegou com uma ideia:

- Amigo Sol, você toparia trabalhar junto comigo, em parceria? Assim, quando você brilhar demais, eu venho e trago um pouco de sombra e chuva fresquinha. Desse jeito, tudo fica equilibrado.

O Sol pensou por uns instantes, achou a ideia brilhante e respondeu:

 - Gostei da ideia. Maravilha. Vamos formar uma equipe.

E assim fizeram. Quando o dia estava muito quente, a Nuvem passava devagar e deixava gotas de água caírem, refrescando tudo. Às vezes, ela se esticava como um cobertor e deixava o céu nublado por um tempo, enquanto o Sol descansava atrás dela.

Os benefícios dessa parceria apareceram rapidamente, porque não houve mais excessos, e tudo ficou muito melhor, inclusive a qualidade de vida. As árvores dançavam suavemente, os riachos cantarolavam felizes e as crianças se divertiam pulando nas poças d’água.

A partir daquele dia, o Sol e a Nuvem se tornaram grandes amigos e essa amizade crescia cada vez mais e eles nunca mais trabalharam sozinhos. Descobriram que quando existe união e todos decidem se ajudar, tudo fica mais fácil e muito melhor.

E no céu, até hoje, se vê o Sol e a Nuvem em perfeita harmonia, cuidando do mundo com luz, sombra, chuva e carinho.

Pensamento: Quando cada um faz a sua parte e coopera com o outro, o mundo se torna um lugar mais feliz e melhor para todos.

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

O boi e o cavalo (fábula)

Em outros tempos...

Numa antiga e próspera fazenda, um boi e um cavalo pastavam juntos quando, de repente, começaram a discutir sobre qual dos dois era mais importante para o fazendeiro.

- Claro que sou eu, ponderou o boi, com voz firme: eu proporciono a carne para alimentar a família.  E enquanto isso não acontece, puxo o arado para cultivar os campos.

O cavalo bateu os cascos no chão e respondeu prontamente:

- Sou eu, sem dúvidas. Eu transporto mercadorias e pessoas de um lugar para outro. Sou o símbolo de força e coragem! Sem mim, muitos ficariam em seus lugares, sem conhecer o mundo.

O boi balançou a cabeça, contrariado:

- Veja bem, cavalo. tu és veloz, mas não trabalhas todos os dias como eu.

Nervoso o cavalo relinchou, balançou o pescoço e respondeu:

- E de que adiantaria tanto alimento plantado e colhido, se não pudesse ser carregado para outros mercados? Sem mim, os grãos ficariam parados, sem comércio, sem chegar às mesas.

O dono da fazenda ouviu a discussão dos dois e interveio:

- Meus bons amigos, não há motivo para brigarem. Cada um tem sua função. O boi é a força que sustenta a lavoura, e o cavalo é a velocidade que transporta os alimentos. Um completa o outro. Sem o trabalho de vocês dois, a vida do homem seria bem mais difícil.

O boi e o cavalo se olharam em silêncio e concordaram. Descobriram que a grandeza não está em ser mais útil que o outro, mas em reconhecer que cada ser tem seu próprio papel no mundo.

 

Reflexão: A verdadeira sabedoria está em reconhecer que ninguém é superior, apenas diferente em sua utilidade.



sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Liderança (E-book)


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E o reino voltou à normalidade (fábula)

Em outros tempos...

Havia um reino onde a paz e a harmonia reinavam há muitos anos. O povo trabalhava feliz, os campos eram férteis e o rio corria caudaloso e límpido. Porém, certo dia, a ganância e a vaidade invadiram o coração do jovem príncipe. Ele passou a exigir sempre mais: mais riquezas, mais festas, mais bajulações...

Para satisfazer seus caprichos, começou a elevar significativamente os impostos e a atender apenas os amigos. O povo se sentiu abandonado e começou a trabalhar sem ânimo, o que se refletiu na diminuição da produtividade.

Pouco a pouco começou a faltar alimentos nos supermercados. A tristeza tomou conta do reino: as crianças pararam de brincar, as lavouras começaram a ser invadidas por ervas daninhas, até os pássaros pareciam entristecidos e deixaram de cantar. O reino, antes tão pujante, mergulhou num silêncio estranho.

Foi então que uma senhora idosa e muito sábia, que vivia numa montanha, pediu uma audiência com o príncipe. Diante dele, contou-lhe uma parábola simples, mas com muito sentido:

“Quando o rio é forçado a correr apenas para um lado, ele seca do outro lado. E quando seca, todos sofrem: os peixes, as flores, os viajantes e até o próprio rei, a quem um dia faltará água.”

O príncipe ouviu com atenção e percebeu que era ele a causa de tanta desgraça em seu reino. Decidiu, então, devolver a dignidade ao povo: reduziu impostos, ouviu conselhos e voltou a andar entre os aldeões, aprendendo com seus acertos e erros.

Pouco a pouco, as mercadorias voltaram a abastecer os mercados, as crianças voltaram a brincar, a população voltou a ser feliz e tudo voltou à normalidade.


Reflexão: Um reino, uma casa ou até um coração, só vivem em paz quando há equilíbrio e justiça.



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quinta-feira, 25 de setembro de 2025

A mudança

O filósofo Heráclito sugere que a constância é uma ilusão, quando afirma que a mudança é a essência de todas as coisas, e que a única coisa permanente é a mudança.

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Seja um forte

É normal que as posições mais desafiadoras nas batalhas sejam designadas aos melhores soldados. 

O mesmo ocorre com a vida: os maiores desafios recaem sobre as pessoas mais fortes (não fisicamente). 

A própria natureza conhece os mais fortes (e Deus também!). 

Por isso, nem pensar em ser pessimista, ou sequer pensar em desistir diante de qualquer contrariedade, por dura ou difícil que seja. 

Se ela se apresentou às nossas vidas não foi para nos desestabilizar, mas para nos dizer que chegou a hora de lutar, e vencer. 

Portanto, mãos à obra.

terça-feira, 23 de setembro de 2025

As formigas e o pequeno grilo (Fábula)

Em outros tempos...

Havia numa floresta uma grande colônia de formigas. Elas viviam sempre ocupadas carregando folhas, sementes e outros pequenos detritos para o seu formigueiro. Próximo ao formigueiro, dentro de um oco de uma árvore morava um pequeno grilo, alegre e cantor. Ele passava os dias saltitando e semeando sua música suave pela floresta.

Algumas formigas desse formigueiro, enciumadas e arrogantes, começaram a tratar o grilo com desdém. Elas diziam que ele era preguiçoso e que apenas o trabalho delas era importante.

- Vejam, gritou uma delas, enquanto nós trabalhamos sem cessar, esse inútil vive cantando e se divertindo.

Elas se uniam em grupos para expulsá-lo de seu caminho, frequentemente derrubavam o galhinho onde ele estava pousado e, ainda pior, espalharam boatos pela floresta dizendo que ele era preguiçoso e que vivia atrapalhando o trabalho dos outros.

Diante de tanta perseguição o grilo se sentiu muito triste e pensou até em abandonar a floresta. Sua voz, antes potente, tornou-se fraca e praticamente parou de cantar.

Um dia, a floresta foi acometida por uma terrível tempestade. As águas abundantes da chuva invadiram o formigueiro, expulsando as formigas de lá. A chuva continuava forte. O vento rugia ensurdecedor derrubando folhas e galhos das árvores. Desesperadas começaram a vagar em busca de um abrigo, mas sem sucesso. Foi quando ouviram uma melodia conhecida: era o canto do pequeno grilo.

Guiadas pela música, as formigas encontraram um tronco oco e seguro, onde puderam se abrigar até a tormenta passar. Perceberam que aquela música que tantas vezes elas haviam desprezado, agora lhes salvara a vida. Envergonhadas, pediram desculpas ao grilo, reconhecendo que cada ser da natureza tem o seu dom e sua importância.

O grilo voltou a cantar, mas dessa vez com o coração leve: finalmente havia sido respeitado.

Reflexão: Às vezes, aquilo que parece inútil é justamente o que nos salva nos momentos difíceis.


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quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Assédio Moral

Por se tratar de assunto complexo e envolvente, as reflexões a seguir não tratarão os aspectos jurídicos do tema, mas se limitarão ao nível administrativo.

Assédio moral é violência psicológica exercida de forma continuada e deliberada por gestor sobre um subordinado em ambiente de trabalho.

Esse tipo de assédio sempre existiu. Mas, nos últimos anos tem tido maior divulgação, sendo que muitos casos vieram à tona, e continuam a aparecer, e com muita ênfase. É possível que nem tenha havido um aumento sensível de casos nos dias atuais. É provável que esse incremento na divulgação se ampara no fato dos funcionários, cientes de seu direito de ser respeitados, prezem por mantê-lo, além de terem adquirido a coragem necessária para denunciar os fatos. Além disso, as denúncias estão sendo tratadas cada vez mais sob o prisma dos direitos humanos e com trânsito mais livre nas esferas judiciais.

Essa violência psicológica pode ser concretizada por ações humilhantes continuadas, sistemáticas e prolongadas sobre determinado funcionário. Pode ser exercida através de xingamentos, ofensas, gritos, menosprezo, desrespeito, e qualquer outro ato que provoque humilhação ao assediado.

Independentemente dos motivos ou objetivos do gestor que prática o assédio (e da própria empresa), sejam eles velados ou escancarados, afetam sensível e negativamente o equilíbrio psicológico do funcionário.

Esse desequilíbrio desestabiliza o colaborador e o torna cada vez mais inseguro. Essa insegurança pode ser tão marcante que, em muitos casos, ele começa a acreditar que esse tratamento que lhe está sendo dispensado é decorrente da sua real personalidade. Se chegar a esse ponto, o funcionário começa a se tornar cada vez mais refém de seus medos e de suas dúvidas, e passa a se considerar um inútil.

O que acontece com um funcionário dominado pelo medo, pela dúvida, pela indecisão? A sua criatividade desaparece gradativamente, até abandoná-lo por completo, e ele se limitará a exercer as suas atividades exatamente da forma como lhe serão solicitadas.

Lesões

O assédio moral provoca vários tipos de lesões ao funcionário assediado. Jorge Dias Souza (no livro As chefias avassaladoras) destaca três principais tipos de lesão, segundo ele as mais graves e mais frequentes:

Lesão à intimidade

A empresa revista o funcionário no final do expediente, às vezes, com necessidade de despir-se completamente diante de seguranças. É considerado lesão à intimidade do funcionário que, claro, não o faria por sua própria iniciativa. Atualmente existem tecnologias suficientes para detectar eventuais subtrações de material de qualquer espécie por colaboradores, sem a necessidade de expor a pessoa à situação tão humilhante, detestável e desnecessária

Lesão à honra

Quando o funcionário é xingado e ridicularizado perante os demais, devendo assumir, às vezes, papéis inusitados como rastejar, vestir-se forma inadequada à sua condição natural perante a sua equipe, dentre outras situações desagradáveis e desrespeitosas. Muitas vezes acontece quando um funcionário não atinge as metas impostas pela empresa ou, mesmo atingindo, permaneça em um patamar inferior ao dos demais colegas.

Lesão à imagem

Nesse caso, o funcionário é repreendido frequente e inadequadamente perante os colegas, ou até subalternos, dentre outras situações. Essa situação tem o objetivo de diminuí-lo perante os seus colegas. Às vezes ocorrem situações ainda mais embaraçosas e graves em que o assediador vai além de atingir a própria pessoa e cita fatos desabonadores de familiares do empregado. Essa atitude se configura em total falta de respeito.

Principais tipos de assédio:

Assédio moral vertical descendente

Praticado pelo gestor do funcionário. É o mais frequente. O gestor se sente em patamar superior ao do funcionário e entende que tem o direito de tratá-lo do jeito que melhor lhe aprouver.

Assédio moral horizontal

Quando praticado entre funcionários do mesmo nível hierárquico. Esse tipo de assédio pode ter diversas origens, como ciúmes, inveja, rivalidade profissional, ausência de afinidade... Pode ocorrer, também, por funcionários que têm bom relacionamento com o gestor, de quem se sentem protegidos e, por isso, se atribuem o ‘direito’ de exercer assédio moral sobre seus colegas.

Infelizmente, muitas vezes esses casos são interpretados pelos gestores, de forma equivocada, como problemas de relacionamento pessoal. Por isso, o problema geralmente não é solucionado.

Assédio moral vertical ascendente

Esse tipo de assédio é inverso ao primeiro: é praticado por funcionários contra seu gestor. Essa modalidade acontece em várias circunstâncias, mas, principalmente quando percebem que o gestor é inseguro, inexperiente, ou por outros motivos que, de qualquer maneira, impedem que ele exerça um controle adequado sobre a equipe. Pode ocorrer, ainda, por funcionários admitidos por indicação política interna ou externa da empresa e que, por isso, se sentem intocáveis.

“Terceirização” do assédio

Como se observa, o assédio moral pode se apresentar de muitas maneiras, e através de diversos disfarces. Existem casos em que os assediadores diretos não possuem tais características, mas são de certa forma compelidos por seus superiores a fazê-lo sob pena de sofrerem punições de todo tipo, inclusive para preservar seus empregos.

Nesses casos, os gestores são obrigados a assumir atitudes de seus superiores perante os subordinados como sendo de sua iniciativa, e são proibidos de citar os verdadeiros responsáveis pela origem dos fatos.

Essa “terceirização” do assédio moral é praticada pelos superiores do gestor do funcionário assediado. Assim, o verdadeiro assediador é o superior, não o gestor. Mas o gestor é obrigado a assumir atitudes de seus superiores perante os funcionários, e assumi-las como se fossem suas.

Muito a contragosto, mas por necessidade de manter seus empregos ou para não sofrer outros tipos de ameaças e punições, assumem esse papel e, perante os assediados, são vistos como os verdadeiros assediadores.

Às vezes, o gestor, ou a própria empresa, utilizam a estratégia do assédio moral quando pretendem desligar o funcionário: para evitarem a arcar com os custos trabalhistas do desligamento, praticam assédio moral contra eles com o objetivo de forçá-los a pedir demissão. Pode parecer cruel, mas acontece. São atitudes desumanas.

Conforme se observa, existem várias formas de assédio moral a funcionários. E isso é uma grande falta de respeito. O assediador não avalia que pode estar promovendo um estrago enorme na vida do assediado. Estrago esse, muitas vezes irreversível.

É importante que todos os casos de assédio sejam denunciados, primeiro ao gestor do assediador e, caso não resulte em solução, devem ser levados às últimas esferas, inclusive à esfera judicial. Não é admissível que pessoas espezinhem seus semelhantes, independentemente do motivo, ou pelo simples fato de se julgarem superiores.

Sugere-se aos assediadores, ainda, que procurem ajuda profissional, pois psicologicamente se encontram em patamares muito inferiores àqueles dos assediados.

Poder de direção e de controle

Entretanto, é bom frisar que nem todas as atitudes do empregador são assédio. O empregador, até por força de contrato assinado entre a empresa e o empregado, possui determinados direitos, também chamados de poder de direção e de controle. E isso não deve ser confundido com assédio moral.

É o poder do empregador de definir as atividades atribuídas ao funcionário, o modo como devem ser desenvolvidas, a duração da jornada de trabalho, a remuneração a ser recebida, etc. Isso tudo, geralmente, consta no contrato de trabalho assinado por ambas as partes, no qual é definida a funcionalidade dessa relação trabalhista.

É sua prerrogativa, ainda, fiscalizar: se as atividades estão sendo desenvolvidas conforme definido, o desempenho do funcionário, o cumprimento da jornada de trabalho etc., enfim, assegurar-se de que as cláusulas contratuais estão sendo cumpridas na sua plenitude.

No exercício de sua função de empregador, ele não pode limitar-se apenas a garantir o bom funcionamento da empresa, mas também assegurar o bem-estar e os direitos trabalhistas e pessoais de seus empregados. O limite desses poderes é a lei.

sábado, 13 de setembro de 2025

Não se esqueça

Durante os anos de nossa vida aprendemos, ensinamos e construímos muitas coisas. 

Porém, precisamos nos lembrar que tudo é efêmero, ou seja, tem valor temporário apenas. 

No final, o que vai valer mesmo é o que poderemos levar para o outro lado: 

nossos valores, 

o bem feito e dirigido aos outros, 

nosso exemplo e, sobretudo, 

o nome de cada pessoa que está gravado no nosso coração.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Aniversário da esposa

 

Hoje o dia é especial porque celebra a dádiva da sua vida. Quero agradecer por cada momento que compartilhamos, por cada sorriso que me dá força e por cada gesto de amor que me inspira a ser melhor.

No seu aniversário, desejo que todos os seus sonhos floresçam, que a alegria seja sua companheira constante e que a vida lhe retribua com tudo o que você espalha: amor, bondade e beleza.

Sou grato por caminhar ao seu lado, por dividir a vida com você e por poder celebrar mais um ano da sua existência maravilhosa. Que venham muitos outros aniversários, sempre cheios de saúde, paz e felicidade.

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Segunda Corrida SAEA


 

A disputa entre o sol e a nuvem (fábula)

Em outros tempos...

No alto dos céus, havia uma nuvem muito arrogante. Ela se autodenominou ‘a nuvem mais poderosa da terra’. Costumava encher o peito a todo momento e vociferar aos quatro ventos: “Eu sou a salvadora da terra. Se não fosse o meu trabalho constante os rios secariam, as plantas morreriam, e as pessoas não teriam a menor chance de viver.”

Todos se calavam, confusos. Ninguém queria ser atingido pela ira da nuvem. Mas, havia alguém que a observava em silêncio: era o sol. Um dia, ao perceber que todos estavam apavorados, ele falou com toda firmeza: “Sra. nuvem, você já falou muita mentira. Imagine se de repente eu deixasse de lançar meus raios sobre a terra; quem faria as plantas crescerem? Quem forneceria luz para os habitantes? Quem os aqueceria? Sem meu calor nada existiria, até tu desaparecerias.”

A nuvem se irritou ao ser desafiada pelo sol e esbravejou: “Então, vamos ver quem será o vencedor. Vou te esconder e todos verão que sou eu quem domina o céu!” Em seguida ela estendeu seu manto de fumaça encobrindo o firmamento até o último horizonte. Com isso a terra se tornou acinzentada e fria. As pessoas, pouco a pouco, se tornaram tristes. As plantas e as flores murcharam e começaram a perder suas folhas. Até os pássaros se calaram. Tudo parecia que estivesse prestes a sucumbir. Mas o Sol, sempre paciente, esperava em silêncio para ver quanto tempo a nuvem manteria a sua teimosia.

Depois de um tempo, a nuvem se cansou com tanto desgaste para se manter cobrindo o céu. Cansou-se também de ouvir xingamentos dos homens que sofriam com a situação. Então, percebeu que sozinha jamais conseguiria reinar, e se dissipou, permitindo que os raios do sol voltassem a ser distribuídos sobre a terra.  Na sequência ela falou: “Vejo, meu caro sol, que um precisa do outro. A chuva refresca, mas é a tua luz que faz a vida florescer.”

O Sol respondeu: “Juntos, amiga, podemos transformar a terra deixando-a sempre melhor.”

Desde então, o sol e a nuvem aprenderam a se revezar no céu, entendendo que nenhum é maior que o outro: cada um tem seu tempo e sua importância.


Reflexão: A verdadeira grandeza não está em tentar vencer sozinho, mas em reconhecer que a harmonia nasce da cooperação.


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quarta-feira, 3 de setembro de 2025

A grandeza de reconhecer os próprios erros (crônica)

Em outros tempos...

Era uma dessas tardes de verão iguais a tantas outras, com o céu meio encoberto por fumaça, corriqueiro em cidade industrializada, e que o sol aparece timidamente de quando em quando.

Havia uma praça grande, que abrigava jardins floridos, árvores frondosas que ofereciam sombras refrescantes, quadras de esportes e bancos de alvenaria para as pessoas se sentarem e descansarem.

Muitos passarinhos tagarelavam sem cessar ocultos entre as folhagens das árvores e pombos, também em abundância, circundavam os transeuntes na esperança de receber algum alimento.

Num desses bancos estava sentado o Sr. Raimundo.  Sexagenário, aposentado, com poucos compromissos diários, passava longas horas em algum desses bancos, até o entardecer.

Contemplava o céu, ou as crianças brincando, ou ouvia o chilrear dos passarinhos ou, simplesmente, permanecia distraído e calado.

Gostava de fixar o olhar no horizonte, buscando velhas recordações, lembranças de amigos que já partiram, e às vezes apenas para lembrar e rir de suas manias vividas no passado.

Dentre as lembranças que mais lhe vinham à mente, destacavam-se o tanto que trabalhou, o quanto foi durão consigo mesmo e com os outros. Recordava-se das muitas vezes que, por mero orgulho, não dava o braço a torcer, fingindo-se de corajoso.

Parecia um filme instalado em sua mente exibindo o seu passado. Revia as inúmeras vezes que, por ausência total de humildade, decidia manter-se em silencio a pedir perdão quando errava. Mas isso era passado e não podia mais ser revertido.

Um dia, enquanto confabulava consigo mesmo, um rapaz se aproximou e se sentou ao seu lado, no mesmo banco, e permaneceu calado por algum tempo. Mesmo em silêncio, ele aparentava a necessidade de desabafar algo importante com alguém.

Lá pelas tantas, ele respirou profundamente, e dirigindo-se ao Sr. Raimundo falou:

- O meu pai é muito teimoso, não ouve ninguém e nunca admite seus erros. E eu tenho medo de me tornar como ele.

O Sr. Raimundo olhou para o rapaz e, com toda sabedoria, falou:

- Meu garoto, a vida ensina tudo o que se deve aprender. Mas, às vezes, a gente demora demais para entender que para reconhecer os próprios erros precisa ser de uma grandeza colossal, não em tamanho físico, mas em fortidão e sabedoria. É por isso que só os fortes conseguem pedir perdão. Os outros, se apegam ao orgulho e ao medo disfarçados de coragem.

O rapaz concordou acenando com a cabeça. Então, o velho continuou:

- Por longos anos eu me mantive distante de um irmão apenas porque discutimos sobre algo irrelevante. Eu exigia, na época, que ele se desculpasse e me pedisse perdão, o que não aconteceu. Então, rompi o relacionamento com ele. Um dia, porém, eu percebi minha besteira e resolvi procurá-lo e lhe pedir perdão.

Quando o encontrei, mencionei o assunto e ele sequer se lembrava do episódio. Então eu o abracei, chorei, lhe pedi perdão pelo longo silencio. Prometi a mim mesmo que nunca mais deixaria o orgulho falar mais alto do que o afeto. Desde então continuo errando, igual a todo mundo, mas aprendi a pedir desculpes e a relevar.

O rapaz permaneceu em silêncio por algum tempo, talvez para digerir o que acabara de ouvir. Depois, respirou fundo, como se tivesse se livrado de algo que o incomodava muito, levantou-se e com um aceno de mão me agradeceu e foi embora (quem sabe para conversar com o pai, ou para pedir desculpas a alguém ou, quiçá, para começar a ser grande de verdade!).


Reflexão: O mundo fica mais claro quando a gente deixa o orgulho e o substitui pelo afeto.


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terça-feira, 26 de agosto de 2025

O rei arrogante (fábula)

Em outros tempos...

A floresta do Vale Verde abrigava um reino com uma grande quantidade de animais e de aves. O rei era um leão ignorante, ganancioso e arrogante que reinava como um absolutista. Não aceitava ser contrariado e tampouco permitia que lhe apresentassem sugestões de melhorias. Além disso detinha o hábito de humilhar seus súditos sobretudo os pequenos e mais fracos, exercendo um verdadeiro assédio moral sobre eles.

Um dia, para demonstrar seu autoritarismo, começou a humilhar vários bichos, chamando-os de inúteis, incompetentes, incapazes de qualquer coisa e vociferando que era ele quem os sustentava e que sem ele, todos morreriam de fome.

Eram tantas as ameaças e humilhações sofridas pelos pequenos animais, que ninguém ousava revoltar-se, reclamar, ou mesmo comentar sobre a situação, apesar da insatisfação de todos. Os animais maiores e os passarinhos também não ousavam se manifestar por temerem que a ira do rei os alcançasse.

Mas, um dia, um velho, sábio e respeitado corvo retornou de uma viagem que fizera a outro reino vizinho. Sobrevoando os povoados, inteirou-se da situação precária dos animais. Contrariado, no dia seguinte ele reuniu a todos numa clareira e disse, alto e em bom som, para que todos ouvissem:

- Todo rei deve ser um líder, não um tirano. E todo líder governa junto com seus liderados, anda com eles lado a lado, ajuda, anima e acolhe. Quando o rei se afasta de seus liderados e tenta impor-se através de ameaças acabará ficando sozinho.

Em seguida, convidou todos os animais a segui-lo em busca de outras paragens para implantar um novo reino. Os bichos aceitaram o convite e decidiram abandonar o lugar. Deixaram o leão sozinho, sem um único súdito para servi-lo.

A partir de então o rei leão ficou sozinho sem qualquer amigo, vagando pelas pradarias, revoltado por ter sido abandonado por aqueles cujas vidas, segundo ele, lhe pertenciam.

Outro reino se formou em outra floresta, onde os animais viveram em paz, liderados por um verdadeiro líder cuja palavra de ordem mais eloquente era o respeito.


Reflexão: O verdadeiro respeito não nasce do medo, mas da justiça e da dignidade.


sexta-feira, 22 de agosto de 2025

O rei justo (fábula)

 Em outros tempos...

Havia um Reino distante num imenso vale ladeado por altas montanhas. Rios de águas cristalinas abasteciam os cidadãos de água, em abundância, inclusive para irrigar os campos tornando-os ainda mais férteis. Esse Reino era governado por um rei magnânimo chamado Arquimedes. Ele era diferente da maioria dos reis: ao invés de buscar ouro e honrarias para si próprio, era conhecido por sua imensa bondade. Com ele no comando o povo vivia em paz e seguro.

Muitas vezes o rei se vestia como um simples cidadão e saía às ruas e aos povoados mais distantes para ver como o seu povo vivia e quais eram suas principais necessidades. Era seu modo de governar.

Houve um tempo e que fortes tempestades seguidas de ventos destruidores arrasou as plantações e muitas casas. Ele decidiu oferecer o próprio palácio para acolher os desabrigados e fornecer comida e outros itens para minorar o sofrimento do seu povo. Compartilhou suas reservas de comida com a população necessitada. Por último, convocou seus ministros e ordenou que utilizassem as reservas do reino para reconstruir as casas avariadas e repor sementes e máquinas para os agricultores retomarem suas atividades.

Alguns nobres, mais preocupados com seu próprio umbigo do que com a população, recriminavam o rei, sugerindo que ele estava se enfraquecendo enquanto ajudava a população. Mas ele se mantinha firme e respondia:

- Um rei justo deve ser um líder, e o líder caminha ao lado dos liderados para alcançar os objetivos.

O tempo foi passando, e o resultado das atitudes do Rei em prol da população começou a se manifestar: o reino voltou a florescer, os campos produziram alimentos, o povo estava feliz e a miséria desapareceu. A forma de governar do rei Arquimedes, devido aos resultados positivos que gerava, atravessou as fronteiras do reino. Missões oficiais de outros reinos compareciam para aprender com o ele o verdadeiro jeito de governar para o povo.

Reflexão: A verdadeira grandeza de um governante está em sua bondade e justiça. Quem governa com o coração conquista o povo e se consagra na história.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

A vida é curta

Todos sabemos que a vida é breve (“passa voando”). 

Alguns parentes e amigos já nos precederam. 

Então, bora viver intensamente cada momento, deixando “nossa marca” por onde passamos, semeando amor nos corações de quem passa por nós, sendo referência para quem caminha conosco. ,

Referência de valores maravilhosos como afeto, bondade, empatia e respeito. 

Deixar para cada um, um pedaço do melhor de nós.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

O julgador e o espelho da justiça (fábula)

Era uma vez, uma colossal floresta, de dimensões continentais, totalmente tomada por árvores frondosas e verdejantes. O verde marcante se misturava com o dourado forte semeado pelos raios do sol tornando-a ainda mais imponente. Chamava-se Floresta Alviverde. Nela existia um reino poderoso e muito organizado.

Os bichos desse reino formavam uma sociedade bem definida, com todas as estruturas político-sociais e econômicas necessárias para o seu perfeito funcionamento. A Autoridade Jurídica Soberana da Floresta Alviverde era uma jararaca chamada Dandra.

Ela foi nomeada para a função porque, além de muito eloquente, era tida pelos animais como sábia e inteligente. Além disso em seus longos tratados defendia a justiça e sempre se manifestava em prol da igualdade de oportunidades para todos.

Mas, por trás dessa fachada ela escondia um coração cheio de maldade e de ódio.

Pouco tempo após a sua nomeação ela começou a revelar sua verdadeira personalidade. Não suportava, sob qualquer hipótese, ser contrariada por quem quer que seja. Não aceitava que lhe apontassem as agressões que ela cometia contra as leis daquele reino. Interpretava a lei a seu gosto, criava regras e as impunha, não para garantir a justiça, mas para punir os seus desafetos. O beija-flor Ludovico, por exemplo, foi condenado porque construiu seu ninho numa árvore próxima à toca da Jararaca, mesmo que não houvesse qualquer lei que proibisse, e nem havia regra inventada por Dandra. Uma raposa chamada Filomena foi multada só porque “exagerou num sorriso que esboçou no tribunal”, e o coelho Rabicó foi preso por “desrespeito à toca da cobra”, porque havia construído a sua há poucos metros daquela da Juíza, apesar de tê-la feito antes da sua nomeação. Essas são algumas das muitas atrocidades que praticava diariamente.

Tais atitudes, da Autoridade Jurídica Soberana, espalhavam medo entre os animais, transformando o local num reino de terror. Todos evitavam contestar, ou mesmo comentar, as decisões dela, pois ela sempre encontrava uma forma de distorcer a lei e mandar prender o suposto infrator.

Mas todos sabem que o mundo gira, que a terra tem movimentos de rotação e de translação. Assim, um certo dia, uma velha tartaruga chamada dona Judite, de andar lento e tranquilo, retornou à floresta de uma visita que fizera a outro reino distante e muito poderoso. Ela trazia em sua bagagem um velho espelho mágico, encravado em uma pesada moldura de madeira, conhecido como Espelho da Justiça. Qual era a magia desse espelho? Ao invés de repercutir o reflexo de quem olhasse para ele, mostrava, como em um filme, os atos maldosos praticados por ele.

Dona Judite, que estava ciente de todas as maldades praticadas por Dandra, um dia lhe pediu para que a recebesse em audiência, pois desejava mostrar-lhe o espelho. Por curiosidade, a jararaca Dandra consentiu.

- Meritíssima, eu lhe trouxe um presente, falou-lhe a tartaruga, colocando o espelho diante dela.

- Um espelho? Você acha que preciso de um espelho? respondeu Dandra, em tom de deboche.

Mas, extremamente curiosa, ela olhou para o espelho e levou um grande susto: ao invés de ver refletida a sua imagem, viu a dor que havia causado ao beija-flor, a humilhação imposta a Filomena, as lágrimas brotadas dos olhos do coelho Rabicó, e tantas outras maldades praticadas contra outros bichos. Viu também a própria imagem sendo deformada, transformando-se num vulto sombrio, com seus olhos atolados em sangue.

Ao seu redor, os bichos assistiam a tudo em silêncio. Ninguém falava nada, somente observavam. E aquele silêncio a torturava. Dandra tentou negar tudo, mas todos sabiam, e ela também sabia, que o Espelho da Justiça não mente.

Conhecedores das injustiças praticadas pela jararaca Dandra, o Conselho dos Anciãos da floresta se reuniu e decidiu destituí-la de sua função e nomear um velho e justo lobo chamado Matil como o novo guardião da justiça.

Dandra passou seus últimos dias torturada pelas revelações constantes de sua consciência que lhe mostrava as barbaridades que havia cometido.

Desde então, na Floresta Alviverde a justiça voltou a ser cega, porém nunca surda e nem muda, mas verdadeiramente justa.

Reflexão: Quem manipula a justiça para destruir desafetos um dia será julgado por ela mesma, e com o mesmo rigor.

 


quinta-feira, 7 de agosto de 2025

O veredicto do juiz imparcial (fábula)

Em um reino distante havia um juiz muito correto chamado Baltazar. Ele era conhecido e estimado por todos devido a sua imparcialidade nos julgamentos. No tribunal, ele se atentava a cada detalhe, e avaliava todas as evidências antes de proferir o seu veredito.

Certa feita, dois fazendeiros disputavam a posse de um cavalo de raça muito valioso. Um afirmava que o havia adquirido há alguns meses de um transeunte, já o outro dizia que lhe pertencia e que lhe fora furtado de sua propriedade. O juiz Baltazar ouviu pacientemente os argumentos dos dois litigantes, ouviu e avaliou os testemunhos apresentados e, no final, com toda segurança decidiu a favor daquele que apresentou as provas mais fundamentadas.

A cada julgamento, sua fama de juiz justo se espalhava pelo reino e pelos reinos vizinhos. Todos acatavam suas decisões, pois sabiam que eram corretas.

Um dia, o rei lhe pediu, pessoalmente, um favor: que no seu próximo julgamento, onde estavam envolvidos um nobre, amigo dele, e um homem desconhecido do povo, que desse ganho de causa ao nobre, mesmo na hipótese de ele estar errado, pois era um amigo seu. O julgador, mantendo sua postura de juiz justo, respondeu calmamente ao rei:

- Majestade, meus julgamentos se fundamentam na justiça, pautados na igualdade e na avaliação das provas apresentadas, sem considerar a classe socioeconômica dos envolvidos e tampouco as influências que eventualmente possuam na sociedade.

Envergonhado, o rei reconheceu que pedira algo injusto e que jamais lhe seria concedido pelo juiz. Além disso, reconheceu a sabedoria do magistrado e nunca mais tentou interferir em suas decisões.

Moral da história: A verdadeira justiça é aquela que sempre se apoia na verdade.

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quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Você se conhece

Ninguém deve dar-se ao luxo de perder seu precioso tempo tentando justificar aos outros atitudes de sua própria vida. 

Melhor é agir de acordo com a consciência e seguir em frente fazendo o bem e, se preciso for, dando as costas aos que o desaprovam ou criticam. 

“Quem sabe de mim sou eu mesmo!”

quarta-feira, 30 de julho de 2025

A tartaruga e o riacho (fábula)

Era uma vez uma tartaruga chamada Vagarosa, que morava em uma linda floresta repleta de riachos e campos verdes.

Vagarosa era conhecida por sua sabedoria e paciência. Ela caminhava devagar, porém sempre chegava ao seu destino. Mas, havia um riacho no caminho dela que se tornou seu grande obstáculo. Quando o nível da água subia, o riacho transbordava e formava uma correnteza forte, que bloqueava a passagem.

Um dia, a tartaruga tentou atravessá-lo, mas a água estava tão alta que ela não conseguiu e quase foi levada pela correnteza. Alguns animais da floresta, como os alces e os lobos, atravessavam o riacho com facilidade pulando distante. Eles zombavam da Tartaruga Vagarosa, dizendo: “Você nunca conseguirá atravessar. Desista de vez. Você é muito lerda.”

Mas a tartaruga, calma e serena, respondia: “Eu não sou rápida, admito, mas não vou desistir. Um dia vocês me verão aí do outro lado.”

No dia seguinte, a tartaruga retornou ao riacho. Mas em vez de tentar atravessá-lo, ela começou a analisar cuidadosamente a correnteza e as pedras que formavam o leito do riacho, e fez diversos cálculos matemáticos. Aproveitando as pedras que aí estavam em abundância, começou a criar um caminho em uma das margens. Cada dia trabalhava um pouquinho e juntava algumas pedras. Os animais da floresta riam dos esforços da Vagarosa, afirmando que ela estava perdendo seu tempo. Mas ela sabia que não podia desistir. Estava ciente que o trabalho e a persistência a levariam à vitória. Depois de muitos dias de trabalho ela concluiu a sua parte da obra. Só faltava as águas baixarem.

Após algumas semanas, as chuvas diminuíram e o riacho começou a baixar o seu nível. Então foi possível ver que ela construíra uma pequena ponte de pedras de uma margem à outra, permitindo que atravessasse o riacho com segurança.

Os animais viram a tartaruga atravessar o riacho lentamente, mas com segurança, e envergonhados perguntaram: “Vagarosa, como você conseguiu? Nós zombávamos de você, mas agora vemos que fez algo que não imaginávamos.”

A tartaruga sorriu e respondeu: “Eu sabia que o riacho era um entrave para mim, mas em vez de me desesperar ou desistir, escolhi perseverar. Não importa quanto se tenha que lutar para atingir o objetivo, nem quantas vezes os outros sugiram que se desista, o segredo é seguir em frente, passo a passo, com paciência, perseverança, e confiança de que um dia se chega lá”. Todos entenderam que com trabalho e persistência é possível superar os obstáculos que bloqueiam nosso caminho, como a tartaruga que nunca desistiu e foi recompensada.

 

Moral da estória: O trabalho a perseverança e a paciência são as chaves para superar qualquer adversidade.