Todos sabem que, como grandes amigos, rios e vales trabalham em parceria desde os primórdios. Há uma cumplicidade muito forte entre eles. É um pacto silencioso que atravessa séculos, milênios...
O rio é um sonhador, um aventureiro: como principal função escolheu correr, ora lenta, ora violentamente. Rasgando longas distâncias ele distribui suas águas pela natureza afora, abastecendo reservatórios, populações de todas as proporções.
Já o vale escolheu outra missão: ser paciente e acolhedor. Juntos, rios e vales, desenharam os contornos do mundo começando nos primeiros tempos, e continuando a atualizá-los até nossos dias.
Quando as nuvens descarregam suas águas abundantes sobre as montanhas, os vales as acolhem com os braços estendidos e as conduz rumo ao seu próximo destino: o rio. O rio as recebe e as incorpora ao seu leito, e segue em diante. Serpenteia, canta (ruge às vezes), ora lento, ora mais destemido (ou até feroz). Existem momentos em que vai além de seu leito original, transbordando e invadindo com todo entusiasmo o espaço do vale.
O vale, ao invés de reclamar pela invasão temporária do rio, o acomoda ternamente, pois conhece o gênio de seu amigo, e o mantém abraçado fortemente.
Essa parceria provoca transformação por onde o rio passa: no lugar onde havia pedras fica depositada areia, onde o rio descansa são despejados sedimentos que promovem a fertilidade da terra. Essa parceria faz os vales florescerem e alimentarem muitas vidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário