segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Eu e o tempo




O que é o tempo? Quem sou eu no tempo? Qual a interferência do tempo em mim e em minha vida?

A palavra tempo possui muitos significados e inúmeras expressões com sentidos diferentes. Mas, neste caso será tratado apenas o sentido de duração dos fatos, ou seja, os segundos, os minutos, as horas, os dias, as semanas, os meses, os anos...

Sempre que se fala de tempo, no contexto proposto, prevê-se ou pelo menos se subentende a relação dele com as pessoas, e vice versa. É comum enxergar o tempo intimamente ligado à própria pessoa e, em consequência, à própria vida: o tempo decorrido em relação à sua existência ou a determinado momento dela, o tempo disponível para as ações a serem realizadas e o que ainda resta para cada ação e para a vida.

Sempre que as pessoas se referem ao tempo tomam por base a si próprias, sua existência, suas necessidades. Não é errado afirmar que o tratam como propriedade particular, como algo que lhes pertence.

Mas, se de um lado a pessoa se apodera do tempo como sendo seu, de outro, com frequência se considera escrava desse mesmo tempo. É habitual ouvir pessoas se queixarem de que não têm tempo para nada, que o tempo é curto demais, que o dia deveria ser mais longo, ter mais horas...

Esse é um fenômeno difícil de ser entendido ou mesmo elucidado, pois se no conceito das pessoas o tempo lhes pertence e está relacionado a elas, por que ele falta tanto para muitas? Existe algo errado (ou nas pessoas ou no tempo).

Quando se tem a propriedade de algo, o normal é que se tenha também o seu domínio. Com o tempo não pode ser diferente. A falta de tempo, com exceção de fatos isolados e pontuais, é consequência da incapacidade da pessoa de administrá-lo. Se o tempo é seu e não consegue retê-lo, então o problema está na pessoa: ou não sabe usá-lo, ou é incapaz de administrar suas ações, pensando que deve realizar sempre mais, sem estabelecer o tempo devido para cada ação.

A preocupação, a falta de autoconfiança e a ausência de coragem de dominar o tempo da forma como deveria, contribui para que se perca o seu controle. Então surgem as preocupações e o stress. As preocupações somadas ao stress interferem negativamente na visão do todo e limitam a capacidade de interagir de forma eficaz com as situações e de administrar as circunstancias adversas.

Muitas vezes as pessoas perdem muito tempo preocupando-se em demasia com o passado e com o futuro e se esquecem da importância do presente. Precisa estar cientes que o passado já se foi e dele só resta administrar o legado eventualmente deixado por ele. E o futuro ainda não chegou e é uma incógnita. E quando ele chegar não será mais futuro, mas presente. Passado e futuro são intangíveis (não se tem qualquer ação sobre eles). Tangível é o presente, onde tudo acontece e onde se faz acontecer.

O domínio do tempo é uma questão de atitude da pessoa: ter claro o que deseja realizar em determinado período, estabelecer metas e estratégias para alcançar, estimar prazos para cada tarefa, ser persistente, buscar o conhecimento necessário, e ajuda se preciso, ter autoconfiança e trabalhar incansavelmente afugentando e diluindo preocupações desnecessárias. E nunca se esquecer da necessidade vital de dar-se um tempo para si próprio, para o descanso devido.

É importante fazer de cada momento presente um perene aperfeiçoamento do próprio presente, amadurecido com o passar dos anos. Isso supõe desenvolver a criatividade e negar-se a aceitar que tudo já foi pensado, criado, realizado, e que serámos meros plagiadores daqueles que nos antecederam.

Não existe uma única alternativa para a solução de qualquer problema ou enigma. Através da criatividade é possível alcançar resultados incríveis e inéditos. Esta capacidade criadora infinita, inerente ao homem, deve ser cultivada no dia a dia, independentemente do tempo disponível.

Viver intensamente o presente é a melhor maneira de perceber que se vive de acordo com o que se estabeleceu. Esconder-se nos arquivos do passado ou na expectativa do futuro é perder tempo, é deixar de construir, é fugir da realidade.
É uma questão de atitude da pessoa, que deve escolher para si e vivenciar a cada dia apenas uma dessas duas opções:

Ø Assumir a condição de “eu e o tempo”, com pleno domínio das situações e das circunstâncias, estabelecendo prazos e colhendo os frutos esperados.
Ø Assumir a condição de “o tempo e eu”, transformando-se num joguete, subordinado às situações e circunstancias, perseguindo inglória e constantemente o tempo, e obtendo resultados pífios ou nulos.
(02.02.2020)