quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O PESO DA SABEDORIA

Os sábios têm o dom de transmitir seus conhecimentos e de se fazer entender com poucas palavras. São quietos. Pouco barulhentos. Não estão preocupados em divulgar que, em relação à sabedoria, se encontram em um nível superior. Conceituam, transmitem, ensinam, divulgam através de poucas palavras, com argumentos sólidos, fundamentados, incontestes.

Surge então a pergunta: Será que a sabedoria tem influência sobre o peso do cérebro humano?

Uma vez um colega me enviou um e-mail com uma pequena estória, cujo autor desconheço, a qual narrava mais ou menos o seguinte: “Certo dia, meu pai, que era muito sábio, me convidou para dar um passeio num bosque. Durante a caminhada ele parou em uma pequena clareira e, após um breve silêncio, me perguntou:

- Além do cantar dos pássaros o que mais você está ouvindo?

Apurei os ouvidos por alguns segundos e respondi: - Estou ouvindo o barulho de uma carroça.

- Isso mesmo, disse meu pai, é uma carroça vazia...

Perguntei-lhe: - Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?

- Ora, respondeu ele. É muito fácil saber que uma carroça está vazia devido ao seu barulho. Quanto mais vazia estiver a carroça, maior é o barulho que ela faz.

Tornei-me adulto e, até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando (no sentido de intimidar), tratando o próximo com grossura inoportuna, com prepotência, interrompendo a conversa de todo mundo, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo: ‘Quanto mais vazia a carroça mais barulho ela faz’.”

No dia a dia nos deparamos com carroças (cabeças) cheias e com carroças (cabeças) vazias. É muito fácil distingui-las: a exemplo da estória, as mais barulhentas são as mais vazias, as menos sábias. Aquelas que estão muito preocupadas em divulgar os seus feitos e de provar o que imaginam que são. Assemelham-se às carroças barulhentas, vazias de conteúdo.

A sabedoria flui espontaneamente. Não precisa de muito esforço para aflorar. É como uma fonte de água cristalina que brota da rocha e, em silêncio, avança deixando como legado um rastro de renovação da vida.

O sábio é tranqüilo, não é prepotente, não interrompe o pensamento dos demais, não é inoportuno. Sabe valorizar os outros em todos os momentos e circunstâncias.

O sábio é aquele que sabe ouvir, que sabe aprender, que ouve sempre, que aprende sempre com tudo e com todos. Ninguém é tão sábio que nada tenha a aprender e nem tão ignorante que nada tenha a ensinar.

Ser sábio não significa deter todo o conhecimento, mas saber transformá-lo em vida, transmiti-lo às pessoas e torná-lo útil e prático para melhorar a vida de todos. Não é a quantidade de conhecimento que conta, mas a capacidade de convertê-lo em realidade e em bem estar, em algo realmente produtivo.

(Texto publicado no JNB em outubro de 2004)

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