sábado, 21 de janeiro de 2012

VOCÊ TEM EXPERIÊNCIA?

Quantas vezes você já ouviu essa pergunta? Quantas vezes e para quanta gente você precisou repetir toda sua história profissional?

Se você já procurou emprego alguma vez, certamente ouviu tal pergunta e teve que se desdobrar para respondê-la não da forma como você gostaria (que seria o correto), mas do jeito que agradasse o seu interlocutor.

Num país onde a cada ano milhares de jovens são lançados ao mercado de trabalho, o preconceito da “falta de experiência” está presente como uma sombra nos responsáveis pelas entrevistas e seleção de candidatos para preencher qualquer vaga, desde a mais singela até a mais sofisticada ou mais técnica.

Até para a contratação de estagiários muitas vezes é exigido experiência e fluência em um segundo idioma (geralmente inglês). Ora, o estágio não está dirigido a quem está começando sua vida profissional? E onde o jovem que busca seu primeiro emprego, teria angariado experiência?

São absurdos que se cometem em nossos dias por aqueles que, provavelmente, desconhecem que a experiência pode vir acompanhada de vícios e de defeitos que podem comprometer o bom andamento da própria empresa. É bom saber que treinar o próprio empregado, mesmo que isso exija algum investimento, é uma forma de colocar o homem certo no local certo dentro da empresa. E se isso ocorrer, o desempenho da própria empresa será ainda maior.

Longos anos de experiência nem sempre são sinônimo de competência: dez anos de experiência tanto podem significar um ano bom, seguido de outros nove melhores e mais bem sucedidos, quanto podem significar um ano ruim seguido de outros nove com desempenho medíocre. Portanto, nem sempre anos de experiência podem significar boa bagagem.

Eu entendo que treinar os próprios funcionários é uma excelente política empresarial. É muito bom mesclar empregados experientes com empregados inexperientes no desempenho de uma mesma tarefa. Será a soma da vida nova com a experiência. Ambas se complementarão.

Exigir do futuro candidato atributos desnecessários ao desempenho das rotinas requeridas pela vaga em nada acrescenta o desenvolvimento desta. Às vezes, a exigência desses atributos secundários pode desclassificar, já a priori, candidatos de primeira linha. Pedir, sem necessidade, fluência em um segundo idioma, por exemplo, nem sempre agrega valor à empresa, além de correr o risco de descartar outros cujos atributos que os tornam mais competentes.

É preciso assumir o papel empreendedor, sem esperar que os outros preparem os nossos empregados. É necessário desenvolver a vocação de pioneirismo, dar uma chance a essa garotada que está ávida por conquistar seu primeiro emprego. Creiam, acreditar nessa juventude que está aí, significa ter grandes motivos de sucesso. A juventude só precisa de uma chance. Quer trabalhar. Deve ser atendida.

(Artigo publicado no JNB em 25/10/2003)

Um comentário:

  1. Realmente, pedir experiência a quem está em busca da sua primeira oportunidade é o cúmulo... Isso nos faz pensar: O que será que estes administradores e profissionais afins aprenderam na faculdade? Será que aprenderam a se prenderem na teoria e esqueceram que as regras do mundo real são diferentes, controversas e mutantes? Sinceramente... pedir experiência a um estagiário? Melhor nem divulgar a vaga para estágio. Seria equivalente a assinar de próprio punho um atestado de burrice e uma declaração de incompetência profissional.

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