sexta-feira, 26 de setembro de 2025
E o reino voltou à normalidade (fábula)
Em outros tempos...
Havia um reino onde a paz e a harmonia reinavam há muitos anos. O povo trabalhava feliz, os campos eram férteis e o rio corria caudaloso e límpido. Porém, certo dia, a ganância e a vaidade invadiram o coração do jovem príncipe. Ele passou a exigir sempre mais: mais riquezas, mais festas, mais bajulações...
Para satisfazer seus caprichos, começou a elevar significativamente os impostos e a atender apenas os amigos. O povo se sentiu abandonado e começou a trabalhar sem ânimo, o que se refletiu na diminuição da produtividade.
Pouco a pouco começou a faltar alimentos nos supermercados. A tristeza tomou conta do reino: as crianças pararam de brincar, as lavouras começaram a ser invadidas por ervas daninhas, até os pássaros pareciam entristecidos e deixaram de cantar. O reino, antes tão pujante, mergulhou num silêncio estranho.
Foi então que uma senhora idosa e muito sábia, que vivia numa montanha, pediu uma audiência com o príncipe. Diante dele, contou-lhe uma parábola simples, mas com muito sentido:
“Quando o rio é forçado a correr apenas para um lado, ele seca do outro lado. E quando seca, todos sofrem: os peixes, as flores, os viajantes e até o próprio rei, a quem um dia faltará água.”
O príncipe ouviu com atenção e percebeu que era ele a causa de tanta desgraça em seu reino. Decidiu, então, devolver a dignidade ao povo: reduziu impostos, ouviu conselhos e voltou a andar entre os aldeões, aprendendo com seus acertos e erros.
Pouco a pouco, as mercadorias voltaram a abastecer os mercados, as crianças voltaram a brincar, a população voltou a ser feliz e tudo voltou à normalidade.
quinta-feira, 25 de setembro de 2025
A mudança
O filósofo Heráclito sugere que a constância é uma ilusão, quando afirma que a mudança é a essência de todas as coisas, e que a única coisa permanente é a mudança.
quarta-feira, 24 de setembro de 2025
Seja um forte
É normal que as posições mais desafiadoras nas batalhas sejam designadas aos melhores soldados.
O mesmo ocorre com a vida: os maiores desafios recaem sobre as pessoas mais fortes (não fisicamente).
A própria natureza conhece os mais fortes (e Deus também!).
Por isso, nem pensar em ser pessimista, ou sequer pensar em desistir diante de qualquer contrariedade, por dura ou difícil que seja.
Se ela se apresentou às nossas vidas não foi para nos desestabilizar, mas para nos dizer que chegou a hora de lutar, e vencer.
Portanto, mãos à obra.
terça-feira, 23 de setembro de 2025
As formigas e o pequeno grilo (Fábula)
Em outros tempos...
Havia numa floresta uma grande colônia de formigas. Elas viviam sempre ocupadas carregando folhas, sementes e outros pequenos detritos para o seu formigueiro. Próximo ao formigueiro, dentro de um oco de uma árvore morava um pequeno grilo, alegre e cantor. Ele passava os dias saltitando e semeando sua música suave pela floresta.
Algumas formigas desse formigueiro, enciumadas e arrogantes, começaram a tratar o grilo com desdém. Elas diziam que ele era preguiçoso e que apenas o trabalho delas era importante.
- Vejam, gritou uma delas, enquanto nós trabalhamos sem cessar, esse inútil vive cantando e se divertindo.
Elas se uniam em grupos para expulsá-lo de seu caminho, frequentemente derrubavam o galhinho onde ele estava pousado e, ainda pior, espalharam boatos pela floresta dizendo que ele era preguiçoso e que vivia atrapalhando o trabalho dos outros.
Diante de tanta perseguição o grilo se sentiu muito triste e pensou até em abandonar a floresta. Sua voz, antes potente, tornou-se fraca e praticamente parou de cantar.
Um dia, a floresta foi acometida por uma terrível tempestade. As águas abundantes da chuva invadiram o formigueiro, expulsando as formigas de lá. A chuva continuava forte. O vento rugia ensurdecedor derrubando folhas e galhos das árvores. Desesperadas começaram a vagar em busca de um abrigo, mas sem sucesso. Foi quando ouviram uma melodia conhecida: era o canto do pequeno grilo.
Guiadas pela música, as formigas encontraram um tronco oco e seguro, onde puderam se abrigar até a tormenta passar. Perceberam que aquela música que tantas vezes elas haviam desprezado, agora lhes salvara a vida. Envergonhadas, pediram desculpas ao grilo, reconhecendo que cada ser da natureza tem o seu dom e sua importância.
O grilo voltou a cantar, mas dessa vez com o coração leve: finalmente havia sido respeitado.
Reflexão: Às
vezes, aquilo que parece inútil é justamente o que nos salva nos momentos
difíceis.
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quarta-feira, 17 de setembro de 2025
Assédio Moral
Por se tratar de assunto complexo e envolvente, as reflexões a seguir não tratarão os aspectos jurídicos do tema, mas se limitarão ao nível administrativo.
Assédio moral é violência psicológica exercida de forma continuada e deliberada por gestor sobre um subordinado em ambiente de trabalho.
Esse tipo de assédio sempre existiu. Mas, nos últimos anos tem tido maior divulgação, sendo que muitos casos vieram à tona, e continuam a aparecer, e com muita ênfase. É possível que nem tenha havido um aumento sensível de casos nos dias atuais. É provável que esse incremento na divulgação se ampara no fato dos funcionários, cientes de seu direito de ser respeitados, prezem por mantê-lo, além de terem adquirido a coragem necessária para denunciar os fatos. Além disso, as denúncias estão sendo tratadas cada vez mais sob o prisma dos direitos humanos e com trânsito mais livre nas esferas judiciais.
Essa violência psicológica pode ser concretizada por ações humilhantes continuadas, sistemáticas e prolongadas sobre determinado funcionário. Pode ser exercida através de xingamentos, ofensas, gritos, menosprezo, desrespeito, e qualquer outro ato que provoque humilhação ao assediado.
Independentemente dos motivos ou objetivos do gestor que prática o assédio (e da própria empresa), sejam eles velados ou escancarados, afetam sensível e negativamente o equilíbrio psicológico do funcionário.
Esse desequilíbrio desestabiliza o colaborador e o torna cada vez mais inseguro. Essa insegurança pode ser tão marcante que, em muitos casos, ele começa a acreditar que esse tratamento que lhe está sendo dispensado é decorrente da sua real personalidade. Se chegar a esse ponto, o funcionário começa a se tornar cada vez mais refém de seus medos e de suas dúvidas, e passa a se considerar um inútil.
O que acontece com um funcionário dominado pelo medo, pela dúvida, pela indecisão? A sua criatividade desaparece gradativamente, até abandoná-lo por completo, e ele se limitará a exercer as suas atividades exatamente da forma como lhe serão solicitadas.
Lesões
O assédio moral provoca vários tipos de lesões ao funcionário assediado. Jorge Dias Souza (no livro As chefias avassaladoras) destaca três principais tipos de lesão, segundo ele as mais graves e mais frequentes:
Lesão à intimidade
A empresa revista o funcionário no final do expediente, às vezes, com necessidade de despir-se completamente diante de seguranças. É considerado lesão à intimidade do funcionário que, claro, não o faria por sua própria iniciativa. Atualmente existem tecnologias suficientes para detectar eventuais subtrações de material de qualquer espécie por colaboradores, sem a necessidade de expor a pessoa à situação tão humilhante, detestável e desnecessária
Lesão à honra
Quando o funcionário é xingado e ridicularizado perante os demais, devendo assumir, às vezes, papéis inusitados como rastejar, vestir-se forma inadequada à sua condição natural perante a sua equipe, dentre outras situações desagradáveis e desrespeitosas. Muitas vezes acontece quando um funcionário não atinge as metas impostas pela empresa ou, mesmo atingindo, permaneça em um patamar inferior ao dos demais colegas.
Lesão à imagem
Nesse caso, o funcionário é repreendido frequente e inadequadamente perante os colegas, ou até subalternos, dentre outras situações. Essa situação tem o objetivo de diminuí-lo perante os seus colegas. Às vezes ocorrem situações ainda mais embaraçosas e graves em que o assediador vai além de atingir a própria pessoa e cita fatos desabonadores de familiares do empregado. Essa atitude se configura em total falta de respeito.
Principais tipos de assédio:
Assédio moral vertical descendente
Praticado pelo gestor do funcionário. É o mais frequente. O gestor se sente em patamar superior ao do funcionário e entende que tem o direito de tratá-lo do jeito que melhor lhe aprouver.
Assédio moral horizontal
Quando praticado entre funcionários do mesmo nível hierárquico. Esse tipo de assédio pode ter diversas origens, como ciúmes, inveja, rivalidade profissional, ausência de afinidade... Pode ocorrer, também, por funcionários que têm bom relacionamento com o gestor, de quem se sentem protegidos e, por isso, se atribuem o ‘direito’ de exercer assédio moral sobre seus colegas.
Infelizmente, muitas vezes esses casos são interpretados pelos gestores, de forma equivocada, como problemas de relacionamento pessoal. Por isso, o problema geralmente não é solucionado.
Assédio moral vertical ascendente
Esse tipo de assédio é inverso ao primeiro: é praticado por funcionários contra seu gestor. Essa modalidade acontece em várias circunstâncias, mas, principalmente quando percebem que o gestor é inseguro, inexperiente, ou por outros motivos que, de qualquer maneira, impedem que ele exerça um controle adequado sobre a equipe. Pode ocorrer, ainda, por funcionários admitidos por indicação política interna ou externa da empresa e que, por isso, se sentem intocáveis.
“Terceirização” do assédio
Como se observa, o assédio moral pode se apresentar de muitas maneiras, e através de diversos disfarces. Existem casos em que os assediadores diretos não possuem tais características, mas são de certa forma compelidos por seus superiores a fazê-lo sob pena de sofrerem punições de todo tipo, inclusive para preservar seus empregos.
Nesses casos, os gestores são obrigados a assumir atitudes de seus superiores perante os subordinados como sendo de sua iniciativa, e são proibidos de citar os verdadeiros responsáveis pela origem dos fatos.
Essa “terceirização” do assédio moral é praticada pelos superiores do gestor do funcionário assediado. Assim, o verdadeiro assediador é o superior, não o gestor. Mas o gestor é obrigado a assumir atitudes de seus superiores perante os funcionários, e assumi-las como se fossem suas.
Muito a contragosto, mas por necessidade de manter seus empregos ou para não sofrer outros tipos de ameaças e punições, assumem esse papel e, perante os assediados, são vistos como os verdadeiros assediadores.
Às vezes, o gestor, ou a própria empresa, utilizam a estratégia do assédio moral quando pretendem desligar o funcionário: para evitarem a arcar com os custos trabalhistas do desligamento, praticam assédio moral contra eles com o objetivo de forçá-los a pedir demissão. Pode parecer cruel, mas acontece. São atitudes desumanas.
Conforme se observa, existem várias formas de assédio moral a funcionários. E isso é uma grande falta de respeito. O assediador não avalia que pode estar promovendo um estrago enorme na vida do assediado. Estrago esse, muitas vezes irreversível.
É importante que todos os casos de assédio sejam denunciados, primeiro ao gestor do assediador e, caso não resulte em solução, devem ser levados às últimas esferas, inclusive à esfera judicial. Não é admissível que pessoas espezinhem seus semelhantes, independentemente do motivo, ou pelo simples fato de se julgarem superiores.
Sugere-se aos assediadores, ainda, que procurem ajuda profissional, pois psicologicamente se encontram em patamares muito inferiores àqueles dos assediados.
Poder de direção e de controle
Entretanto, é bom frisar que nem todas as atitudes do empregador são assédio. O empregador, até por força de contrato assinado entre a empresa e o empregado, possui determinados direitos, também chamados de poder de direção e de controle. E isso não deve ser confundido com assédio moral.
É o poder do empregador de definir as atividades atribuídas ao funcionário, o modo como devem ser desenvolvidas, a duração da jornada de trabalho, a remuneração a ser recebida, etc. Isso tudo, geralmente, consta no contrato de trabalho assinado por ambas as partes, no qual é definida a funcionalidade dessa relação trabalhista.
É sua prerrogativa, ainda, fiscalizar: se as atividades estão sendo desenvolvidas conforme definido, o desempenho do funcionário, o cumprimento da jornada de trabalho etc., enfim, assegurar-se de que as cláusulas contratuais estão sendo cumpridas na sua plenitude.
No exercício de sua função de empregador, ele não
pode limitar-se apenas a garantir o bom funcionamento da empresa, mas também
assegurar o bem-estar e os direitos trabalhistas e pessoais de seus empregados.
O limite desses poderes é a lei.
sábado, 13 de setembro de 2025
Não se esqueça
Durante os anos de nossa vida aprendemos, ensinamos e construímos muitas coisas.
Porém, precisamos nos lembrar que tudo é efêmero, ou seja, tem valor temporário apenas.
No final, o que vai valer mesmo é o que poderemos levar para o outro lado:
nossos valores,
o bem feito e dirigido aos outros,
nosso exemplo e, sobretudo,
o nome de cada pessoa que está gravado no nosso coração.
sexta-feira, 12 de setembro de 2025
Aniversário da esposa
Hoje o dia é especial porque
celebra a dádiva da sua vida. Quero agradecer por cada momento que
compartilhamos, por cada sorriso que me dá força e por cada gesto de amor que
me inspira a ser melhor.
No seu aniversário, desejo que
todos os seus sonhos floresçam, que a alegria seja sua companheira constante e
que a vida lhe retribua com tudo o que você espalha: amor, bondade e beleza.
Sou grato por caminhar ao seu
lado, por dividir a vida com você e por poder celebrar mais um ano da sua
existência maravilhosa. Que venham muitos outros aniversários, sempre cheios de
saúde, paz e felicidade.
quarta-feira, 10 de setembro de 2025
A disputa entre o sol e a nuvem (fábula)
Em outros tempos...
No alto dos céus, havia uma nuvem muito arrogante. Ela se autodenominou ‘a nuvem mais poderosa da terra’. Costumava encher o peito a todo momento e vociferar aos quatro ventos: “Eu sou a salvadora da terra. Se não fosse o meu trabalho constante os rios secariam, as plantas morreriam, e as pessoas não teriam a menor chance de viver.”
Todos se calavam, confusos. Ninguém queria ser atingido pela ira da nuvem. Mas, havia alguém que a observava em silêncio: era o sol. Um dia, ao perceber que todos estavam apavorados, ele falou com toda firmeza: “Sra. nuvem, você já falou muita mentira. Imagine se de repente eu deixasse de lançar meus raios sobre a terra; quem faria as plantas crescerem? Quem forneceria luz para os habitantes? Quem os aqueceria? Sem meu calor nada existiria, até tu desaparecerias.”
A nuvem se irritou ao ser desafiada pelo sol e esbravejou: “Então, vamos ver quem será o vencedor. Vou te esconder e todos verão que sou eu quem domina o céu!” Em seguida ela estendeu seu manto de fumaça encobrindo o firmamento até o último horizonte. Com isso a terra se tornou acinzentada e fria. As pessoas, pouco a pouco, se tornaram tristes. As plantas e as flores murcharam e começaram a perder suas folhas. Até os pássaros se calaram. Tudo parecia que estivesse prestes a sucumbir. Mas o Sol, sempre paciente, esperava em silêncio para ver quanto tempo a nuvem manteria a sua teimosia.
Depois de um tempo, a nuvem se cansou com tanto desgaste para se manter cobrindo o céu. Cansou-se também de ouvir xingamentos dos homens que sofriam com a situação. Então, percebeu que sozinha jamais conseguiria reinar, e se dissipou, permitindo que os raios do sol voltassem a ser distribuídos sobre a terra. Na sequência ela falou: “Vejo, meu caro sol, que um precisa do outro. A chuva refresca, mas é a tua luz que faz a vida florescer.”
O Sol respondeu: “Juntos, amiga, podemos transformar a terra deixando-a sempre melhor.”
Desde então, o sol e a nuvem aprenderam a se revezar no céu, entendendo que nenhum é maior que o outro: cada um tem seu tempo e sua importância.
quarta-feira, 3 de setembro de 2025
A grandeza de reconhecer os próprios erros (crônica)
Em outros tempos...
Era uma dessas tardes de verão iguais a tantas outras, com o céu meio encoberto por fumaça, corriqueiro em cidade industrializada, e que o sol aparece timidamente de quando em quando.
Havia uma praça grande, que abrigava jardins floridos, árvores frondosas que ofereciam sombras refrescantes, quadras de esportes e bancos de alvenaria para as pessoas se sentarem e descansarem.
Muitos passarinhos tagarelavam sem cessar ocultos entre as folhagens das árvores e pombos, também em abundância, circundavam os transeuntes na esperança de receber algum alimento.
Num desses bancos estava sentado o Sr. Raimundo. Sexagenário, aposentado, com poucos compromissos diários, passava longas horas em algum desses bancos, até o entardecer.
Contemplava o céu, ou as crianças brincando, ou ouvia o chilrear dos passarinhos ou, simplesmente, permanecia distraído e calado.
Gostava de fixar o olhar no horizonte, buscando velhas recordações, lembranças de amigos que já partiram, e às vezes apenas para lembrar e rir de suas manias vividas no passado.
Dentre as lembranças que mais lhe vinham à mente, destacavam-se o tanto que trabalhou, o quanto foi durão consigo mesmo e com os outros. Recordava-se das muitas vezes que, por mero orgulho, não dava o braço a torcer, fingindo-se de corajoso.
Parecia um filme instalado em sua mente exibindo o seu passado. Revia as inúmeras vezes que, por ausência total de humildade, decidia manter-se em silencio a pedir perdão quando errava. Mas isso era passado e não podia mais ser revertido.
Um dia, enquanto confabulava consigo mesmo, um rapaz se aproximou e se sentou ao seu lado, no mesmo banco, e permaneceu calado por algum tempo. Mesmo em silêncio, ele aparentava a necessidade de desabafar algo importante com alguém.
Lá pelas tantas, ele respirou profundamente, e dirigindo-se ao Sr. Raimundo falou:
- O meu pai é muito teimoso, não ouve ninguém e nunca admite seus erros. E eu tenho medo de me tornar como ele.
O Sr. Raimundo olhou para o rapaz e, com toda sabedoria, falou:
- Meu garoto, a vida ensina tudo o que se deve aprender. Mas, às vezes, a gente demora demais para entender que para reconhecer os próprios erros precisa ser de uma grandeza colossal, não em tamanho físico, mas em fortidão e sabedoria. É por isso que só os fortes conseguem pedir perdão. Os outros, se apegam ao orgulho e ao medo disfarçados de coragem.
O rapaz concordou acenando com a cabeça. Então, o velho continuou:
- Por longos anos eu me mantive distante
de um irmão apenas porque discutimos sobre algo irrelevante. Eu exigia, na
época, que ele se desculpasse e me pedisse perdão, o que não aconteceu. Então, rompi
o relacionamento com ele. Um dia, porém, eu percebi minha besteira e resolvi
procurá-lo e lhe pedir perdão.
Quando o encontrei, mencionei o assunto e ele sequer se lembrava do episódio. Então eu o abracei, chorei, lhe pedi perdão pelo longo silencio. Prometi a mim mesmo que nunca mais deixaria o orgulho falar mais alto do que o afeto. Desde então continuo errando, igual a todo mundo, mas aprendi a pedir desculpes e a relevar.
O rapaz permaneceu em silêncio por algum tempo, talvez para digerir o que acabara de ouvir. Depois, respirou fundo, como se tivesse se livrado de algo que o incomodava muito, levantou-se e com um aceno de mão me agradeceu e foi embora (quem sabe para conversar com o pai, ou para pedir desculpas a alguém ou, quiçá, para começar a ser grande de verdade!).