sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A VIDA É PARA SER VIVIDA

Todos sabem que a vida é o maior de todos os dons concedidos a um ser humano. Disso ninguém duvida.

A vida nasce conosco. Ou será que somos nós que nascemos com ela? Não sei. Será que alguém sabe? A resposta não é relevante. O que é fato é que a vida nos acompanha (ou nós a ela!) desde a nossa concepção até o derradeiro suspiro, quando a alma dá um “até logo” ao corpo que lhe deu guarida.

Nesses dias comemoramos o dia da criança, como acontece todos os anos. Apesar de que o dia da criança deveria ser cada um dos dias do ano. Partindo desse conceito, costumo comparar a vida a uma criança: inicia como bebê, indefesa, cresce um pouquinho por dia, passa pela puberdade, pela adolescência, juventude, idade adulta, a velhice – ou terceira idade (digo, a melhor idade! – que chique!). Por fim a separação. O fim material.

Então a vida nos acompanha a cada momento de nossa existência? Ou será que a existência é a própria vida? Ou somos nós que a acompanhamos? Ou somos parte dessa vida, ou dessa existência? Complicado...

Existem pessoas que afirmam que comandam a própria vida em todos os seus acontecimentos. Outros acham que somos guiados por um destino já traçado, definido, imutável. Quem está certo? Acho que é mais uma pergunta que jamais terá uma resposta unânime, uníssona, consensual, que agrade ou satisfaça a todos. E por um lado é bom que existam pontos de vista diferentes em diferentes pessoas, conceitos divergentes, pensamentos antagônicos, pois a diversidade é uma grande escola, e através dela todos podem crescer. Isso realmente é relevante.

Independentemente da resposta ao questionamento acima, se é que realmente existe uma resposta, confesso que continuo sem me preocupar com ela. Faço parte daquela parcela de pessoas que não se conformam em aceitar as coisas da forma como elas se apresentam, como se fosse fato predeterminado e consumado. A exemplo das crianças, que têm por hábito questionar a tudo desde os primeiros anos, instigadas pela curiosidade, ou pela vontade de ser e de fazer diferente, ou movidas pela rebeldia inerente a todo ser humano, prefiro questionar e verificar se as coisas, as circunstâncias, os acontecimentos não podem ser conduzidos de outra forma, de uma maneira diferente, para obter resultados melhores e com isso agregar mais valor a esses resultados e a seus efeitos.

A vida pode ser monótona ou dinâmica (muito ou pouco!). Se monótona, será pouco atraente. Se dinâmica, os efeitos serão completamente diferentes, devido à intervenção da nossa vontade de transformá-la em momentos bons, ou muito bons, quem sabe... maravilhosos. Isso é fato.

A gente pode ser apenas hospedeiros da vida, e deixar que ela evolua espontaneamente, aceitando passivamente tudo o que ela oferece. Mas podemos ser seus artífices, transformando-a a cada dia com nossa intervenção constante e corajosa, desbravando todos os seus segredos, trazendo-os à luz para serem entendidos e transformados em momentos de felicidade através do nosso trabalho, da nossa ação, da nossa vivência e perseverança. A vida é para nós o que permitimos que ela seja.

Não é verdade que para se ter uma vida feliz é preciso que ela se apresente maravilhosa a todo momento. O importante é aproveitar todos os bons momentos e transformá-los em ótimos momentos através da nossa ação. Os momentos ruins também têm sua função em nossa vida. Depende da forma como os encaramos: podem nos derrubar, desanimar, nos levar a “jogar a toalha”, ou podem se apresentar como desafios à nossa capacidade criativa de transformação. Tudo pode nos elevar: cada queda sofrida pode parecer uma derrota, ou uma nova possibilidade de se reerguer e recomeçar (já disseram que até um tropeção nos empurra para a frente!).

A felicidade não está na quantidade de momentos felizes que a vida nos oferece, mas na intensidade com que se vive esses momentos, sobretudo se formos responsáveis pelo seu surgimento. A beleza de uma vida não deve ser medida pela quantidade de momentos, de dias, meses, anos... bons, mas pela qualidade de todos os momentos, bons e ruins, geridos com coragem e com espírito de vencedor: de quem sabe tirar bom proveito de qualquer circunstância.

Por isso, viver a vida é muito mais do que esperar para ver o que ela nos oferece: é ser seu próprio artífice, que a burila no dia a dia, a transforma e a faz ficar bela e interessante em todos os seus momentos.

(Postado no JNB em outubro/2011)

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