Um cachorro mau caráter acusou uma pobre ovelhinha de lhe ter furtado um osso.
- Para que eu furtaria um osso, alegou ela, se sou herbívora. Um osso para mim vale tanto quanto um pedaço de pau.
- Não quero saber de nada. Você furtou o osso e vou levá-la aos
tribunais.
E assim fez. Registrou queixa ao gavião-de-penacho e pediu-lhe justiça.
O gavião reuniu o tribunal para julgar a causa, e sorteou doze urubus de papo
vazio.
A ovelha compareceu ao tribunal, e falou, defendeu-se de forma coerente,
com razões muito mais convincentes que aquelas do cordeirinho que o lobo em outros
tempos comeu.
Mas o júri, composto de carnívoros gulosos, não considerou as
argumentações da ovelha e proferiu a sentença:
- Ou entrega o osso imediatamente, ou a condenamos à morte!
A ré tremeu: não havia escapatória. Não furtara o osso, portanto não
tinha como restituir. Mas tinha a vida, e iria entregá-la em pagamento do que
não furtou.
Assim aconteceu. O cachorro a matou, partiu-a em pedaços, reservou uma parte para si e dividiu o restante com os juízes famintos, a título de custas.
Moral da estória: muitas vezes as pessoas colocam os seus interesses pessoais acima do que é correto.
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