sexta-feira, 10 de setembro de 2021

A coruja e a águia (fábula de Monteiro Lobato)

A Coruja e a águia, cansadas de brigarem, um dia resolveram fazer as pazes.

- Basta de guerra, disse a coruja. O mundo é tão grande, e devorar os filhotes uma da outra é a maior tolice.

- Perfeitamente, respondeu a águia. Também eu não quero outra coisa.

- Vamos combinar o seguinte: de agora em diante não comerás nunca os meus filhotes, falou a coruja.

- Muito bem, disse a águia. Mas como posso distinguir os teus filhotes?

- É muito fácil. Sempre que encontrarem uns filhotinhos lindos, bem-feitinhos, alegres, com uma graça especial que não existe em filhotes de qualquer outra ave, podes crer, são os meus.

- Acordo fechado, concluiu a águia.

Dias depois, enquanto caçava, a águia encontrou um ninho abrigando três monstrinhos famintos que piavam de bico muito aberto.

- Que bichinhos horríveis, pensou ela. Não devem ser os filhos da coruja. E comeu os três.

Mas eram os filhos da coruja. Ao voltar à toca, a triste mãe chorou desesperadamente a perda dos filhotes e foi tirar satisfação com a rainha das aves.

- O quê? Disse a águia admirada. Eram teus aqueles monstrinhos? Eles não se pareciam em nada com o que tu me havias descrito.

 

Moral da estória: Não acredite em pai pintor, para retrato de filho, pois reza o ditado: quem ama o feio, bonito lhe parece.

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