segunda-feira, 27 de julho de 2020

A lebre e a tartaruga


Tenho pena de você , disse uma vez a lebre à tartaruga, obrigada a andar com a tua casa às costas, não podes passear, correr, brincar, e livrar-te de teus inimigos.

Guarda para ti a tua compaixão, disse a tartaruga. Pesada como sou, e tu ligeira como te gabas de ser, apostemos que eu chego primeiro do que tu a qualquer meta que nos proponhamos a alcançar.

Tá feito, disse a lebre: só pela graça aceito a aposta.

Ajustada a meta, pôs-se a tartaruga a caminho; a lebre que a via, pesada, ir remando em seco, ria-se como uma perdida; e pôs-se a saltar, a divertir-se; e a tartaruga ia se adiantando.

Olá! camarada, disse-lhe a lebre, não te canses assim! Que galope é esse? Olha que eu vou dormir um pouquinho.

E se bem o disse, melhor o fez; para escarnecer da tartaruga, deitou-se, e fingiu dormir, dizendo: sempre hei de chegar a tempo. Porém, acabou dormindo e quando acordou percebeu que já era tarde. A tartaruga havia cruzado a meta, e vencedora lhe retribuía os seus deboches:

Que vergonha! Uma tartaruga venceu em ligeireza a uma lebre!

(Fábula de Esopo)

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