O cérebro registra e arquiva todos os atos, os movimentos, os
pensamentos. Enfim, tudo o que acontece ou passa pela vida.
Enquanto alguns desses registros permanecem visíveis por muito tempo,
outros se ocultam para sempre. Eles se referem tanto aos próprios atos, quanto
aos atos de outras pessoas, os quais nos afetam de alguma forma.
Alguns se ocultam para a própria pessoa e ficam evidentes nas memórias
de outras que foram influenciadas ou tocadas de alguma forma por eles. Essas
influências permanecem vivas na cabeça e na vida da pessoa. São registros
indeléveis, que não se apagam jamais. É como se nossa assinatura passasse a
fazer parte do livro da vida daquela pessoa. Seria um autógrafo particular,
pessoal, singular e irrestrito entregue, mesmo que involuntariamente, e sem
nossa ciência, dado a alguém que o guardará para sempre em sua memória. Um
autógrafo escrito a fogo.
É comum as pessoas buscarem em outras pessoas modelos de vida, de
comportamentos, de atitudes. É de certa forma um jeito de tentar se espelhar em
atitudes boas ou ruins de outras pessoas. Isso ocorre na maioria das vezes sem
que as pessoas que “transferem” esses modelos percebam. São líderes, muitas
vezes, sem saber. E muitas vezes a quantidade de liderados, nesse sentido, é
imensa.
Essas atitudes boas são “copiadas” e se transformam em tentativa de
mudanças de caráter e de vida para esses “liderados”. E tudo isso fica na
memória de tal maneira que essas pessoas “copiadas” se tornam modelos de vida a
ser seguido (mesmo sem perceber). E aí começa a responsabilidade. As pessoas tidas
como “modelos” de comportamento ou de vida se tornam de certa forma
responsáveis pelos seus “liderados” (mesmo que ocultos). Tornam-se referência
de vida para elas. E ser referência para alguém é uma empreitada de muita responsabilidade.
Antonine de Saint-Exupéry, em O Pequeno Príncipe, afirmou que “Você se
torna eternamente responsável por aquilo que você cativa”.
Cativar uma pessoa é ser referência, mesmo sem querer, sem perceber,
sem saber. E quando nossas palavras, gestos e atitudes são copiados e
assimilados, passam a fazer parte da vida dessas pessoas. Daí a imensa
responsabilidade.
A influência pode ser benéfica ou negativa. Quando benéfica, ajuda as
pessoas a buscarem e alcançarem seus objetivos, ou a sua felicidade. A
influência negativa pode destruir essas pessoas. E toda destruição traz
infelicidade, dor, tristeza, perda, tribulação, senso de incapacidade, decepção.
Basta uma pequena decepção, às vezes, para jogar por terra todo um castelo
construído sobre boas atitudes vistas em você por alguém.
Considerando que nem sempre sabemos se estamos sendo referência a
alguém, é melhor não fraquejar, e conduzir nossos passos, nossas ações, nossas
atitudes com sensatez e dentro dos parâmetros aceitos pela cultura da sociedade
onde se vive.
Ser referência de alguém é muita responsabilidade. Decepcioná-lo
muitas vezes é o mesmo que obstruir-lhe o caminho, tirar-lhe a luz, ocultar-lhe
o Norte, impedi-lo de andar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário