quarta-feira, 14 de julho de 2021

Momentos

A vida atual de grande parte das pessoas é marcada todos os dias por um turbilhão de ações simultâneas e apressadas, mas tão apressadas que, muitas vezes, o término de uma e o começo de outra sequer são notados. E, não raro, acaba-se achando que isso é normal, tornando-se hábito.

As consequências desse fato, por outro lado, não são as esperadas. A expectativa dessa correria é atingir o máximo de realizações em tempo recorde sem se perceber, porém, os malefícios que essas atitudes proporcionarão.

As pessoas inclusas no rol das descritas nos itens precedentes, lamentam-se que não têm tempo para nada, que o tempo é curto, que é insuficiente para a realização das atividades a que se propõem. O tempo, para elas, se torna algo que deveria ser produzido a qualquer momento e na quantidade imaginada. Como isso não é possível, iludem-se tentando otimizá-lo além do extremo, abraçando mais e mais atividades.

Essa é a realidade de inúmeras pessoas na nossa sociedade. Por um determinado tempo parece que tudo anda bem, que o progresso é evidente, que o sucesso já se vislumbra. Entretanto, precisa ter presente que a natureza nos brinda com todas as suas benesses, mas nos cobra o retorno. Por ser matéria, a nossa natureza é limitada. Toda matéria tem limites. Pertencemos à natureza: dela viemos, dela e nela vivemos e a ela retornaremos. Por isso ela nos impõe limites e eles devem ser respeitados. Ultrapassá-los não é uma atitude recomendável, não é uma boa resposta à nossa natureza. Forçar a todo custo nossos limites é uma péssima resposta e poderá ser um prenúncio de consequências ruins. O acúmulo exagerado de atividades obriga as pessoas a reduzirem seu tempo de descanso, de lazer e para a alimentação.

Essa correria atual, além de trazer consequências ruins no médio e no longo prazos, manifesta-se também no dia a dia, através do stress, da ansiedade, dos medos de não cumprir o acordado, dentre outros. E isso, claro, começa a afetar a saúde que, pouco a pouco, se torna mais frágil até tornar-se tênue demais. Por mais saudável que alguém possa ser, sua saúde será minada gradativamente se não lhe for dada a atenção necessária. Se as máquinas apresentam desgaste com o uso, e diminuem sua vida útil quando forçadas a funcionar além dos próprios limites, imaginem as pessoas, que são infinitamente mais sensíveis que as máquinas!

Todo exagero é nocivo. É importante que as pessoas se conscientizem desde cedo da necessidade de manter-se saudáveis. Manter a vida equilibrada entre ações e descanso. O tempo é único. Temos somente um tempo, o primeiro tempo, formado por momentos. Nenhum desses momentos vividos retornará. Daí a importância de celebrar a vida vivendo cada um desses momentos em equilíbrio entre atividades, descanso, lazer, alimentação...

A vida é composta de pequenos momentos e eles se apresentam das mais diversas maneiras: bons, ruins, ótimos, péssimos, alegres, tristes, construtivos, traumatizantes... São os momentos disponibilizados pela vida, através dos quais se vive, se trabalha, se luta, se ri, se chora...

A vida proporciona momentos para cada situação em que se vive. E esses momentos devem ser vividos obedecendo-se as prioridades e as circunstâncias de cada um. Exageros são sempre ruins, o ideal é o equilíbrio.

É muito importante viver intensamente o momento atual, sem se preocupar com os momentos seguintes. Só é possível atuar no momento presente. Então, atue-se apenas nele, sem se preocupar com os próximos.

Viver o momento presente como se fosse o primeiro da vida é uma atitude inteligente. Por que como se fosse o primeiro e não o último, como comumente é apregoado? Simples: para fazer tudo bem feito precisa começar a fazê-lo desde o começo. Se tudo é bem feito desde o começo, haverá uma sequência bem feita, sem interrupções. Quando se tem a certeza de estar agindo de forma correta e com a intensidade requerida, não há necessidade de se preocupar com o último momento. O último momento será tão intenso quanto intensos foram os momentos que o antecederam. Daí, não há motivos para preocupar-se com o último momento, pois ele também será um momento atual.

Os otimistas, aqueles que veem oportunidades em tudo, estão sempre focados em viver o momento presente na sua plenitude, conscientes que todos os demais também serão construtivos e tão bons, senão melhores, que o atual. O contrário pertence aos pessimistas, àqueles que preferem permanecer focados nos problemas, ou aos fatalistas, que estão mais preocupados em se preparar para a morte do que viver a vida.

Momento é o que existe de verdade. Incontáveis momentos sucedendo-se mutuamente. Cada um que passa jamais retornará. Todos os que passam despercebidos serão desperdícios irrecuperáveis.

Então, que tal dizer: viver o momento presente com tanta intensidade como se fosse o melhor de todos já vividos, na esperança de que muitos outros virão e serão ainda melhores!

A vida pode ser comparada a um grande palco. Nele se atua todos os dias, em todos os momentos: pode-se brilhar ou decepcionar, alcançar glórias ou decepções, conquistar ou perder, rir ou chorar, amar ou odiar, crescer ou permanecer pequenos, ser ator ou plateia. Depende de como se encara cada momento da vida e como se decide atuar, sendo artífice dos próprios atos, ou dependente deles.


Não se pode mudar o fluxo dos momentos da vida, mas através da atitude positiva e construtiva é possível alterar o seu funcionamento e o seu desfecho.

-----------------

Para seguir este blog: desça com o cursor até o final do texto, clique em "Visualizar versão para web" e à direita clique em SEGUIR.

Nenhum comentário:

Postar um comentário