Em outros tempos...
Era um local muito bonito, onde as
pessoas viviam tranquilas e felizes. Como em todo lugar havia dias de sol
radiante e outros em que as tempestades muito fortes apareciam como que para
amedrontar a todos.
Numa dessas tardes de sol escaldante
iguais a tantas outras, as nuvens lentamente começaram a encobrir o céu. Mais e
mais nuvens se acumulavam. Um vento, antes tímido, mas depois enfurecido,
trouxe outras nuvens pesadas, escuras, ameaçadoras. De repente elas começaram
despejar água em tal abundância que tosos os recantos começaram a ser invadidos
por ela. Relâmpagos riscavam o céu iluminando as montanhas e os fortes trovões
faziam a terra estremecer assustada.
As árvores, pegas de surpresa, ora se
encolhiam, ora se dobravam até o chão para resistir à fúria dos ventos. Os
passarinhos, desesperados, voavam rápido para encontrar abrigo seguro. O rio, geralmente
calmo e silencioso, via suas águas sendo empurradas de um lado para outro como
simples joguetes, tamanha era a fúria da tempestade.
O vento, talvez cansado de tanto assoprar,
aos poucos foi enfraquecendo até parar por completo. A chuva, de torrencial e
ameaçadora, se transformou em pequenos pingos, até cessar. Na sequência o sol
começou a espiar entre as nuvens, como que para criar coragem e ressurgir na
sua plenitude.
Antes do sol se animar a aparecer, porém, um
fenômeno feliz apareceu no céu: as cores da natureza, que estavam escondidas
para se proteger da tempestade, decidiram se manifestar para alegrar o
ambiente. Foi assim que as cores vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil
e violeta, saíram da morada da luz, deram as mãos e, juntas e sorridentes,
formaram um lindo arco-íris ligando os dois polos do firmamento.
A sua beleza não passou despercebida por
ninguém, nem mesmo pela tempestade, que já havia se acalmado, e que indagou:
- Senhoras cores, como vocês conseguem
sorrir e permanecer tão lindas logo após sobreviverem à minha fúria:
As cores, em uníssono, responderam:
- A nossa grandeza e a nossa beleza não se
apequenam diante de forças ameaçadoras. As chuvas, além de não nos assustar, nos
dão força para nos organizar e aproveitar o ar limpo, e mostrar a nossa beleza.
São vocês, tempestades, talvez sem saberem, que preparam nosso caminho e nos
permitem a nos organizar e nos manifestar brilhantemente.
A tempestade, que até então só se conhecia
como destruidora, entendeu que também tinha um propósito: limpar o ar, regar a
terra e, de certo modo, abrir espaço para a beleza.
E desde aquele dia, sempre que uma
tempestade termina, o arco-íris surge como promessa de que a calma pode nascer
até das grandes contrariedades.
Moral da história: é comum, nas
dificuldades, surgirem as mais belas oportunidades de recomeço.