quarta-feira, 3 de setembro de 2025

A grandeza de reconhecer os próprios erros (crônica)

Em outros tempos...

Era uma dessas tardes de verão iguais a tantas outras, com o céu meio encoberto por fumaça, corriqueiro em cidade industrializada, e que o sol aparece timidamente de quando em quando.

Havia uma praça grande, que abrigava jardins floridos, árvores frondosas que ofereciam sombras refrescantes, quadras de esportes e bancos de alvenaria para as pessoas se sentarem e descansarem.

Muitos passarinhos tagarelavam sem cessar ocultos entre as folhagens das árvores e pombos, também em abundância, circundavam os transeuntes na esperança de receber algum alimento.

Num desses bancos estava sentado o Sr. Raimundo.  Sexagenário, aposentado, com poucos compromissos diários, passava longas horas em algum desses bancos, até o entardecer.

Contemplava o céu, ou as crianças brincando, ou ouvia o chilrear dos passarinhos ou, simplesmente, permanecia distraído e calado.

Gostava de fixar o olhar no horizonte, buscando velhas recordações, lembranças de amigos que já partiram, e às vezes apenas para lembrar e rir de suas manias vividas no passado.

Dentre as lembranças que mais lhe vinham à mente, destacavam-se o tanto que trabalhou, o quanto foi durão consigo mesmo e com os outros. Recordava-se das muitas vezes que, por mero orgulho, não dava o braço a torcer, fingindo-se de corajoso.

Parecia um filme instalado em sua mente exibindo o seu passado. Revia as inúmeras vezes que, por ausência total de humildade, decidia manter-se em silencio a pedir perdão quando errava. Mas isso era passado e não podia mais ser revertido.

Um dia, enquanto confabulava consigo mesmo, um rapaz se aproximou e se sentou ao seu lado, no mesmo banco, e permaneceu calado por algum tempo. Mesmo em silêncio, ele aparentava a necessidade de desabafar algo importante com alguém.

Lá pelas tantas, ele respirou profundamente, e dirigindo-se ao Sr. Raimundo falou:

- O meu pai é muito teimoso, não ouve ninguém e nunca admite seus erros. E eu tenho medo de me tornar como ele.

O Sr. Raimundo olhou para o rapaz e, com toda sabedoria, falou:

- Meu garoto, a vida ensina tudo o que se deve aprender. Mas, às vezes, a gente demora demais para entender que para reconhecer os próprios erros precisa ser de uma grandeza colossal, não em tamanho físico, mas em fortidão e sabedoria. É por isso que só os fortes conseguem pedir perdão. Os outros, se apegam ao orgulho e ao medo disfarçados de coragem.

O rapaz concordou acenando com a cabeça. Então, o velho continuou:

- Por longos anos eu me mantive distante de um irmão apenas porque discutimos sobre algo irrelevante. Eu exigia, na época, que ele se desculpasse e me pedisse perdão, o que não aconteceu. Então, rompi o relacionamento com ele. Um dia, porém, eu percebi minha besteira e resolvi procurá-lo e lhe pedir perdão.

Quando o encontrei, mencionei o assunto e ele sequer se lembrava do episódio. Então eu o abracei, chorei, lhe pedi perdão pelo longo silencio. Prometi a mim mesmo que nunca mais deixaria o orgulho falar mais alto do que o afeto. Desde então continuo errando, igual a todo mundo, mas aprendi a pedir desculpes e a relevar.

O rapaz permaneceu em silêncio por algum tempo, talvez para digerir o que acabara de ouvir. Depois, respirou fundo, como se tivesse se livrado de algo que o incomodava muito, levantou-se e com um aceno de mão me agradeceu e foi embora (quem sabe para conversar com o pai, ou para pedir desculpas a alguém ou, quiçá, para começar a ser grande de verdade!).


Reflexão: O mundo fica mais claro quando a gente deixa o orgulho e o substitui pelo afeto.


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terça-feira, 26 de agosto de 2025

O rei arrogante (fábula)

Em outros tempos...

A floresta do Vale Verde abrigava um reino com uma grande quantidade de animais e de aves. O rei era um leão ignorante, ganancioso e arrogante que reinava como um absolutista. Não aceitava ser contrariado e tampouco permitia que lhe apresentassem sugestões de melhorias. Além disso detinha o hábito de humilhar seus súditos sobretudo os pequenos e mais fracos, exercendo um verdadeiro assédio moral sobre eles.

Um dia, para demonstrar seu autoritarismo, começou a humilhar vários bichos, chamando-os de inúteis, incompetentes, incapazes de qualquer coisa e vociferando que era ele quem os sustentava e que sem ele, todos morreriam de fome.

Eram tantas as ameaças e humilhações sofridas pelos pequenos animais, que ninguém ousava revoltar-se, reclamar, ou mesmo comentar sobre a situação, apesar da insatisfação de todos. Os animais maiores e os passarinhos também não ousavam se manifestar por temerem que a ira do rei os alcançasse.

Mas, um dia, um velho, sábio e respeitado corvo retornou de uma viagem que fizera a outro reino vizinho. Sobrevoando os povoados, inteirou-se da situação precária dos animais. Contrariado, no dia seguinte ele reuniu a todos numa clareira e disse, alto e em bom som, para que todos ouvissem:

- Todo rei deve ser um líder, não um tirano. E todo líder governa junto com seus liderados, anda com eles lado a lado, ajuda, anima e acolhe. Quando o rei se afasta de seus liderados e tenta impor-se através de ameaças acabará ficando sozinho.

Em seguida, convidou todos os animais a segui-lo em busca de outras paragens para implantar um novo reino. Os bichos aceitaram o convite e decidiram abandonar o lugar. Deixaram o leão sozinho, sem um único súdito para servi-lo.

A partir de então o rei leão ficou sozinho sem qualquer amigo, vagando pelas pradarias, revoltado por ter sido abandonado por aqueles cujas vidas, segundo ele, lhe pertenciam.

Outro reino se formou em outra floresta, onde os animais viveram em paz, liderados por um verdadeiro líder cuja palavra de ordem mais eloquente era o respeito.


Reflexão: O verdadeiro respeito não nasce do medo, mas da justiça e da dignidade.


sexta-feira, 22 de agosto de 2025

O rei justo (fábula)

 Em outros tempos...

Havia um Reino distante num imenso vale ladeado por altas montanhas. Rios de águas cristalinas abasteciam os cidadãos de água, em abundância, inclusive para irrigar os campos tornando-os ainda mais férteis. Esse Reino era governado por um rei magnânimo chamado Arquimedes. Ele era diferente da maioria dos reis: ao invés de buscar ouro e honrarias para si próprio, era conhecido por sua imensa bondade. Com ele no comando o povo vivia em paz e seguro.

Muitas vezes o rei se vestia como um simples cidadão e saía às ruas e aos povoados mais distantes para ver como o seu povo vivia e quais eram suas principais necessidades. Era seu modo de governar.

Houve um tempo e que fortes tempestades seguidas de ventos destruidores arrasou as plantações e muitas casas. Ele decidiu oferecer o próprio palácio para acolher os desabrigados e fornecer comida e outros itens para minorar o sofrimento do seu povo. Compartilhou suas reservas de comida com a população necessitada. Por último, convocou seus ministros e ordenou que utilizassem as reservas do reino para reconstruir as casas avariadas e repor sementes e máquinas para os agricultores retomarem suas atividades.

Alguns nobres, mais preocupados com seu próprio umbigo do que com a população, recriminavam o rei, sugerindo que ele estava se enfraquecendo enquanto ajudava a população. Mas ele se mantinha firme e respondia:

- Um rei justo deve ser um líder, e o líder caminha ao lado dos liderados para alcançar os objetivos.

O tempo foi passando, e o resultado das atitudes do Rei em prol da população começou a se manifestar: o reino voltou a florescer, os campos produziram alimentos, o povo estava feliz e a miséria desapareceu. A forma de governar do rei Arquimedes, devido aos resultados positivos que gerava, atravessou as fronteiras do reino. Missões oficiais de outros reinos compareciam para aprender com o ele o verdadeiro jeito de governar para o povo.

Reflexão: A verdadeira grandeza de um governante está em sua bondade e justiça. Quem governa com o coração conquista o povo e se consagra na história.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

A vida é curta

Todos sabemos que a vida é breve (“passa voando”). 

Alguns parentes e amigos já nos precederam. 

Então, bora viver intensamente cada momento, deixando “nossa marca” por onde passamos, semeando amor nos corações de quem passa por nós, sendo referência para quem caminha conosco. ,

Referência de valores maravilhosos como afeto, bondade, empatia e respeito. 

Deixar para cada um, um pedaço do melhor de nós.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

O julgador e o espelho da justiça (fábula)

Era uma vez, uma colossal floresta, de dimensões continentais, totalmente tomada por árvores frondosas e verdejantes. O verde marcante se misturava com o dourado forte semeado pelos raios do sol tornando-a ainda mais imponente. Chamava-se Floresta Alviverde. Nela existia um reino poderoso e muito organizado.

Os bichos desse reino formavam uma sociedade bem definida, com todas as estruturas político-sociais e econômicas necessárias para o seu perfeito funcionamento. A Autoridade Jurídica Soberana da Floresta Alviverde era uma jararaca chamada Dandra.

Ela foi nomeada para a função porque, além de muito eloquente, era tida pelos animais como sábia e inteligente. Além disso em seus longos tratados defendia a justiça e sempre se manifestava em prol da igualdade de oportunidades para todos.

Mas, por trás dessa fachada ela escondia um coração cheio de maldade e de ódio.

Pouco tempo após a sua nomeação ela começou a revelar sua verdadeira personalidade. Não suportava, sob qualquer hipótese, ser contrariada por quem quer que seja. Não aceitava que lhe apontassem as agressões que ela cometia contra as leis daquele reino. Interpretava a lei a seu gosto, criava regras e as impunha, não para garantir a justiça, mas para punir os seus desafetos. O beija-flor Ludovico, por exemplo, foi condenado porque construiu seu ninho numa árvore próxima à toca da Jararaca, mesmo que não houvesse qualquer lei que proibisse, e nem havia regra inventada por Dandra. Uma raposa chamada Filomena foi multada só porque “exagerou num sorriso que esboçou no tribunal”, e o coelho Rabicó foi preso por “desrespeito à toca da cobra”, porque havia construído a sua há poucos metros daquela da Juíza, apesar de tê-la feito antes da sua nomeação. Essas são algumas das muitas atrocidades que praticava diariamente.

Tais atitudes, da Autoridade Jurídica Soberana, espalhavam medo entre os animais, transformando o local num reino de terror. Todos evitavam contestar, ou mesmo comentar, as decisões dela, pois ela sempre encontrava uma forma de distorcer a lei e mandar prender o suposto infrator.

Mas todos sabem que o mundo gira, que a terra tem movimentos de rotação e de translação. Assim, um certo dia, uma velha tartaruga chamada dona Judite, de andar lento e tranquilo, retornou à floresta de uma visita que fizera a outro reino distante e muito poderoso. Ela trazia em sua bagagem um velho espelho mágico, encravado em uma pesada moldura de madeira, conhecido como Espelho da Justiça. Qual era a magia desse espelho? Ao invés de repercutir o reflexo de quem olhasse para ele, mostrava, como em um filme, os atos maldosos praticados por ele.

Dona Judite, que estava ciente de todas as maldades praticadas por Dandra, um dia lhe pediu para que a recebesse em audiência, pois desejava mostrar-lhe o espelho. Por curiosidade, a jararaca Dandra consentiu.

- Meritíssima, eu lhe trouxe um presente, falou-lhe a tartaruga, colocando o espelho diante dela.

- Um espelho? Você acha que preciso de um espelho? respondeu Dandra, em tom de deboche.

Mas, extremamente curiosa, ela olhou para o espelho e levou um grande susto: ao invés de ver refletida a sua imagem, viu a dor que havia causado ao beija-flor, a humilhação imposta a Filomena, as lágrimas brotadas dos olhos do coelho Rabicó, e tantas outras maldades praticadas contra outros bichos. Viu também a própria imagem sendo deformada, transformando-se num vulto sombrio, com seus olhos atolados em sangue.

Ao seu redor, os bichos assistiam a tudo em silêncio. Ninguém falava nada, somente observavam. E aquele silêncio a torturava. Dandra tentou negar tudo, mas todos sabiam, e ela também sabia, que o Espelho da Justiça não mente.

Conhecedores das injustiças praticadas pela jararaca Dandra, o Conselho dos Anciãos da floresta se reuniu e decidiu destituí-la de sua função e nomear um velho e justo lobo chamado Matil como o novo guardião da justiça.

Dandra passou seus últimos dias torturada pelas revelações constantes de sua consciência que lhe mostrava as barbaridades que havia cometido.

Desde então, na Floresta Alviverde a justiça voltou a ser cega, porém nunca surda e nem muda, mas verdadeiramente justa.

Reflexão: Quem manipula a justiça para destruir desafetos um dia será julgado por ela mesma, e com o mesmo rigor.

 


quinta-feira, 7 de agosto de 2025

O veredicto do juiz imparcial (fábula)

Em um reino distante havia um juiz muito correto chamado Baltazar. Ele era conhecido e estimado por todos devido a sua imparcialidade nos julgamentos. No tribunal, ele se atentava a cada detalhe, e avaliava todas as evidências antes de proferir o seu veredito.

Certa feita, dois fazendeiros disputavam a posse de um cavalo de raça muito valioso. Um afirmava que o havia adquirido há alguns meses de um transeunte, já o outro dizia que lhe pertencia e que lhe fora furtado de sua propriedade. O juiz Baltazar ouviu pacientemente os argumentos dos dois litigantes, ouviu e avaliou os testemunhos apresentados e, no final, com toda segurança decidiu a favor daquele que apresentou as provas mais fundamentadas.

A cada julgamento, sua fama de juiz justo se espalhava pelo reino e pelos reinos vizinhos. Todos acatavam suas decisões, pois sabiam que eram corretas.

Um dia, o rei lhe pediu, pessoalmente, um favor: que no seu próximo julgamento, onde estavam envolvidos um nobre, amigo dele, e um homem desconhecido do povo, que desse ganho de causa ao nobre, mesmo na hipótese de ele estar errado, pois era um amigo seu. O julgador, mantendo sua postura de juiz justo, respondeu calmamente ao rei:

- Majestade, meus julgamentos se fundamentam na justiça, pautados na igualdade e na avaliação das provas apresentadas, sem considerar a classe socioeconômica dos envolvidos e tampouco as influências que eventualmente possuam na sociedade.

Envergonhado, o rei reconheceu que pedira algo injusto e que jamais lhe seria concedido pelo juiz. Além disso, reconheceu a sabedoria do magistrado e nunca mais tentou interferir em suas decisões.

Moral da história: A verdadeira justiça é aquela que sempre se apoia na verdade.

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quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Você se conhece

Ninguém deve dar-se ao luxo de perder seu precioso tempo tentando justificar aos outros atitudes de sua própria vida. 

Melhor é agir de acordo com a consciência e seguir em frente fazendo o bem e, se preciso for, dando as costas aos que o desaprovam ou criticam. 

“Quem sabe de mim sou eu mesmo!”

quarta-feira, 30 de julho de 2025

A tartaruga e o riacho (fábula)

Era uma vez uma tartaruga chamada Vagarosa, que morava em uma linda floresta repleta de riachos e campos verdes.

Vagarosa era conhecida por sua sabedoria e paciência. Ela caminhava devagar, porém sempre chegava ao seu destino. Mas, havia um riacho no caminho dela que se tornou seu grande obstáculo. Quando o nível da água subia, o riacho transbordava e formava uma correnteza forte, que bloqueava a passagem.

Um dia, a tartaruga tentou atravessá-lo, mas a água estava tão alta que ela não conseguiu e quase foi levada pela correnteza. Alguns animais da floresta, como os alces e os lobos, atravessavam o riacho com facilidade pulando distante. Eles zombavam da Tartaruga Vagarosa, dizendo: “Você nunca conseguirá atravessar. Desista de vez. Você é muito lerda.”

Mas a tartaruga, calma e serena, respondia: “Eu não sou rápida, admito, mas não vou desistir. Um dia vocês me verão aí do outro lado.”

No dia seguinte, a tartaruga retornou ao riacho. Mas em vez de tentar atravessá-lo, ela começou a analisar cuidadosamente a correnteza e as pedras que formavam o leito do riacho, e fez diversos cálculos matemáticos. Aproveitando as pedras que aí estavam em abundância, começou a criar um caminho em uma das margens. Cada dia trabalhava um pouquinho e juntava algumas pedras. Os animais da floresta riam dos esforços da Vagarosa, afirmando que ela estava perdendo seu tempo. Mas ela sabia que não podia desistir. Estava ciente que o trabalho e a persistência a levariam à vitória. Depois de muitos dias de trabalho ela concluiu a sua parte da obra. Só faltava as águas baixarem.

Após algumas semanas, as chuvas diminuíram e o riacho começou a baixar o seu nível. Então foi possível ver que ela construíra uma pequena ponte de pedras de uma margem à outra, permitindo que atravessasse o riacho com segurança.

Os animais viram a tartaruga atravessar o riacho lentamente, mas com segurança, e envergonhados perguntaram: “Vagarosa, como você conseguiu? Nós zombávamos de você, mas agora vemos que fez algo que não imaginávamos.”

A tartaruga sorriu e respondeu: “Eu sabia que o riacho era um entrave para mim, mas em vez de me desesperar ou desistir, escolhi perseverar. Não importa quanto se tenha que lutar para atingir o objetivo, nem quantas vezes os outros sugiram que se desista, o segredo é seguir em frente, passo a passo, com paciência, perseverança, e confiança de que um dia se chega lá”. Todos entenderam que com trabalho e persistência é possível superar os obstáculos que bloqueiam nosso caminho, como a tartaruga que nunca desistiu e foi recompensada.

 

Moral da estória: O trabalho a perseverança e a paciência são as chaves para superar qualquer adversidade.

 

terça-feira, 22 de julho de 2025

Ande sozinho mesmo!

Existem momentos em que precisamos nos transformar em nossos próprios heróis e seguir nosso caminho sozinhos. 

Sem desistir!

domingo, 20 de julho de 2025

O carvalho e o vento do juízo

Em uma clareira de uma exuberante floreta que cobria uma grande colina, existia um velho carvalho que se destacava pela sua imponência. Ele era muito forte e parecia ser muito firme também.

Os viajantes, os caçadores que por lá passavam, costumavam se abrigar sob sua densa sombra. Servia, ainda, como abrigo para centenas de pássaros e pequenos animais que repousavam sobre seus galhos. Enfim, era a árvore mais conhecida e mais admirada daquela floresta.

Certa manhã, bem cedinho, surgiu um vento suspeito, muito forte, chamado Sopro Destruidor. Esse vento chegou dizendo que era o juízo supremo descido dos céus. Era vaidoso, arrogante e impiedoso. Afirmava que com seu poder aniquilaria quem quisesse, e julgaria a todos segundo seu desejo, sem ouvir, sem ponderar, e sem perdoar. Olhou direto para o majestoso carvalho e falou: "Este carvalho se acha mais forte do que eu, mas vou lhe mostrar que o juiz sou eu, e que eu decido quem permanece e quem cai".

De imediato, o vento se lançou com toda fúria contra o carvalho. Praguejava contra ele dizendo: "Cresceste muito, te destacaste demais, atraíste muita atenção para ti, por isso eu te destruirei".

Todos os dias, e a cada dia por mais tempo, o Sopro Destruidor investia contra o carvalho. Os galhos se dobravam tanto a ponto de alguns alcançarem o chão. Arrancava-lhe inúmeras folhas, tentando forçá-lo a ceder e a reconhecer uma culpa que não possuía (a culpa de ser tão majestoso!).

Mas o carvalho, enraizado na terra fértil da verdade, da paciência e da persistência, apesar de tudo resistia soberano. Vergava, mas não quebrava. Perdia folhas, mas mantinha sua essência.

Os bichos da floresta no começo se afastaram com medo de ser atingidos pelo Sopro Destruidor, mas logo perceberam que aquele que pregava a justiça não a praticava, enquanto em silencio, o carvalho sustentava a vida e a dignidade.

Depois de vários dias, Sopro Destruidor começou a perder força, e a se sentir mais e mais enfraquecido. Perdeu sua valentia, sua arrogância arrefeceu, seus rugidos desapareceram e sua presença deixou de ser notada. Percebeu que perdera o espaço que tentou tomar para torná-lo seu, e decidiu partir silenciosamente para outras paragens.

Assim, a tempestade cessou e o velho carvalho continuava lá, um pouco arranhado sim, com menos folhas, mas imponente, vitorioso.

Moral da estória: Quem está amparado pela verdade e pela retidão, pode até ser assolado pelos ventos da injustiça, mas não será derrubado.

 


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quinta-feira, 17 de julho de 2025

Não se preocupe

Aprendamos com a lição que o sol nos oferece todos os dias: 

Não se preocupe se as pessoas deixam de mencionar quando que  você faz o bem. 

O sol nasce lindo e majestoso todas as manhãs e a maioria das pessoas sequer o percebem.

terça-feira, 15 de julho de 2025

O pequeno grão de trigo (fábula)

Era uma vez um pequeno grão de trigo misturado a milhares de outros grãos estocados em uma fazenda muito distante. Ele não se sentia confortável vivendo naquela mesmice, onde nada de novo acontecia. Almejava seguir seu próprio caminho, ser diferente e ser reconhecido pela própria ousadia e trabalho.

Certo dia, um vento forte soprou naquela fazenda e arrebatou o pequeno grão do depósito lançando-o para longe. Os outros grãos viram tudo acontecer com seu colega e cochicharam: “Coitado, nunca mais dará frutos...”

Foi empurrado impiedosamente pelo vento até cair em um solo distante e desconhecido, seco e pedregoso. Ele tentava fincar raízes, mas a cada dia a luta se intensificava. As chuvas eram muito raras e o sol castigava sem piedade. Mas, o pequeno grão se recusava a desistir.

Passadas algumas semanas o grão começou a germinar. Com suas raízes firmes e sua vontade inabalável, enfrentou tempestades e o sol escaldante. E cresceu mais forte do que qualquer outro pé de trigo do campo de origem. Produziu um grande e dourado cacho recheado de novos grãos. Pássaros vinham comer suas sementes e levavam as sobras para outras terras, gerando novas plantações.

Um dia, um vento familiar voltou a soprar sobre o seu antigo campo. Observou que os outros grãos, que nunca tinham saído de lá, continuavam os mesmos. Olhando para o céu, esses velhos grãos puderam ver os pássaros carregando as sementes do grão vitorioso para espalhar sua força e resiliência pelo mundo afora.

Moral da estória: Para crescer e alcançar grandes triunfos é necessário sair da zona de conforto e ir à luta.

 

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sábado, 5 de julho de 2025

O sabiá e o papagaio (fábula)

Há muitos anos, numa floresta vibrante e cheia de vida, habitava um belo sabiá. Ele costumava acordar ainda de madrugada para começar a cantar. Ele queria, com o seu canto, semear alegria e bem-estar. 

Ao ouvirem o gorjeio apaixonado do sabiá, os outros animais e as aves sabiam que era hora de acordar para recomeçar o dia. Despertar todas as manhãs com uma música tão linda era muito gratificante. Por isso todos o admiravam e o amavam.

Em uma dessas manhãs surgiu um papagaio muito tagarela, habituado a imitar os outros. Acomodado sobre um galho de árvore bem em frente à plateia, ele se encheu de autoconfiança, pois se julgava superior a todos, estufou o peito e começou a implicar com o sabiá. Falava em voz alta para todos ouvirem que o sabiá era um fraco, um incompetente, que não sabia se adaptar a mudanças exigidas pela modernidade e que lhe faltava coragem para ser ousado.

"Você precisa cantar como eu", falava o papagaio, enquanto repetia o que ouvia de outros animais.

O sabiá, tranquila e sabiamente, retrucou:

"Mas eu canto melodias que eu mesmo componho, pertencem ao meu repertório pessoal. E minha música traz paz e bem-estar para a floresta".

Os animais presentes estavam divididos. Alguns preferiam o canto melodioso do sabiá, outros preferiam as imitações malucas do papagaio. Então, a discórdia tomou conta da floresta e a harmonia que havia começou a se desintegrar.

Certa noite, já um pouco tarde, surgiu no horizonte uma nuvem pesada, indício da chegada de uma tremenda tempestade, ameaçando os habitantes da floresta. 

Os animais ficaram muito apreensivos e começaram a se reunir ao redor de uma grande árvore para se proteger. 

O sabiá, percebeu a preocupação e o pavor dos animais e, sempre generoso e proativo, começou a cantar uma melodia suave para acalmar a todos. O papagaio entendeu a gravidade do momento, e viu que era hora de colaborar. 

Ele se aproximou do sabiá e os dois começaram a cantar juntos. Com essa atitude mantiveram os animais reunidos sob a grande árvore, esquecendo-se do medo da tempestade. Quando a tempestade passou todos perceberam que a diversidade de vozes é a chave para a união e para o sucesso.


Moral da estória: Em tempos de discórdia, a verdadeira força está na capacidade de unir diferentes opiniões e perspectivas para se chegar a melhor solução. 

quarta-feira, 25 de junho de 2025

O Leão e a sombra da vingança

Era uma vez, uma vasta savana. Nela vivia um leão enorme chamado Gluto. Um dia ele se tornou rei. Ele usou de muitas artimanhas para ser o escolhido: prometeu que lutaria por justiça, pela liberdade de todos, pela prosperidade do seu povo e pela paz duradoura em seu reino. Como ele era persuasivo e convincente em suas palavras e afirmações, todos acreditaram em suas promessas. Após eleito, porém, não demorou muito para revelar quem ele realmente era. Esqueceu-se de suas promessas e priorizou alimentar a sua vaidade e se vingar daqueles que ousaram contrariá-lo um dia.

Gluto criava decretos e impunha leis para beneficiar os seus amigos, desviava sutilmente parte da colheita dos campos, retinha parcelas dos recursos destinados às pessoas menos favorecidas, cobrava dos animais tributos cada vez mais elevados, enquanto ele descansava à sombra de baobás, coberto de ouro, e se deleitava com fartos banquetes.

Um porco-espinho chamado Secuide, que um dia concorreu com Gluto pelo trono, precisou se esconder por longo tempo em outra floresta, porque o leão estava determinado a destruir a sua toca, a da sua família e as dos seus amigos. Houve outros moradores desse reino, como a coruja Atenta e o javali Virgílio, que viram suas vidas desmoronarem, não porque tenham cometido erros, mas porque ousaram discordar do rei.

Mas, sem que percebesse, Gluto estava se tornando refém de sua própria sede de vingança. Enquanto ficava planejando novos castigo aos seus desafetos, ele se esquecia de atividades essenciais, como proteger os animais dos inimigos, armazenar água para os períodos de estiagem, melhorar os acessos às trilhas das migrações sazonais, dentre muitas outras. Um dia, uma seca terrível atingiu a savana. Os animais estavam cansados e famintos. Então, foram até o rei Gluto para pedir ajuda. Mas o rei leão além de não atendê-los ordenou que se retirassem de imediato se não quisessem ser presos.

Então, numa certa manhã bem cedinho, antes do nascer do sol e em total silêncio, os animais partiram sem deixar qualquer dica ou vestígio de seu próximo destino. Um a um, abandonaram o reino de Gluto, deixando a savana vazia para ele.

Gluto percebeu que estava só, sem ninguém para perseguir ou para explorar. Cego de raiva, começou a vagar pela savana seca e vazia, uivando com todas suas forças tentando vingar-se de tudo e de todos, mas já não tinha nenhum alvo para atingir.


Moral da estória: Quem governa com rancor e vingança cava sua própria derrota e solidão.

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terça-feira, 17 de junho de 2025

A raposa e o falcão (fábula)

Em uma vasta e distante floresta, havia uma raposa muito astuta que vivia enganando os animais para conseguir o que ela queria: roubava a comida deles, mentia e fazia promessas que nunca cumpria.

Certo dia, essa raposa observou um falcão que caçava bem acima das copas das arvores. Viu nele uma possível oportunidade de se dar bem, e gritou:

- Olá, amigão, você que consegue enxergar bem longe, que acha de fazer uma parceria comigo, que sou a melhor caçadora: você descobre as presas e eu as capturo, e dividimos tudo. Que acha?

O falcão, que de bobo não tinha nada, e conhecia as artimanhas dela, respondeu:

- Não, raposa, eu não confio em quem usa a astúcia para prejudicar os outros.

A raposa se sentiu humilhada, mas disfarçou com uma risadinha amarela, e continuou a enganar os outros sempre que podia.

Numa manhã de sol muito brilhante, a raposa viu um cabritinho dormindo tranquilo bem numa sombra perto de um penhasco. Não deu outra: ela decidiu atacá-lo e devorá-lo. Saltou com toda velocidade em direção ao cabritinho, mas viu que a terra ao redor era muito fofa e escorregadia. Suas patas deslizaram na terra fofa e ela desabou com tudo penhasco abaixo, se esfacelando sobre as pedras. Do alto de uma árvore próxima, uma sábia coruja viu tudo e deu o seu recado:

- Os maus podem até se dar bem por algum tempo, mas cedo ou tarde serão aprisionados em sua própria arapuca.


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terça-feira, 10 de junho de 2025

A raposa e a lança (fábula)

Em uma antiga floresta muito distante vivia uma raposa astuta chamada Sabidu. Ela era conhecida não só por sua esperteza, mas principalmente por sua crueldade. Sempre que desejasse alguma coisa, não hesitava em usar artimanhas para enganar os outros animais.

Certo dia, encontrou uma lança abandonada por caçadores, e teve uma ideia maldosa. “Com isso serei o bicho mais temido da floresta! Ninguém terá qualquer chance contra mim”, pensou. Assim, começou a usar a lança para ameaçar e ferir qualquer animal que cruzasse seu caminho, tomando-lhe a comida e o abrigo para si.

Isso começou a amedrontar os animais, que decidiram pedir ajuda e conselhos a um velho corvo, que além de muito sábio conhecia bem as leis da floresta. O corvo apenas disse:

- Aquele que com ferro fere, com ferro será ferido.

Sabidu zombou ao ouvir isso. “Quem poderia me ferir? Eu sou a mais forte!”

Mas o destino tem suas maneiras de ensinar lições. Certo dia, enquanto perseguia um coelho, ela tropeçou em uma raiz e caiu sobre a lança, ferindo gravemente uma das patas, o que a impediu de correr, além de ficar vulnerável. Os mesmos animais que antes eram perseguidos e maltratados por ela, agora a observavam com cautela, sem oferecer ajuda.

Sabidu aprendeu da pior maneira que quem usa a maldade e a violência contra os outros um dia será vítima dele próprio. E a floresta voltou a viver em paz.

Moral da estória: O poder, quando usado para subjugar os outros, um dia se voltará com toda intensidade contra quem o detém.


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segunda-feira, 9 de junho de 2025

quinta-feira, 5 de junho de 2025

O sussurro da floresta (fábula)

Havia uma floresta encantada onde todos os animais viviam em paz. Cada podia expressar suas ideias livremente, desde o rugido do tigre até o canto do beija-flor. Porém, um dia, a raposa, esperta e astuta, que dizia governar a floresta, resolveu impor uma nova regra:

- A partir de agora, apenas os mais fortes e mais privilegiados poderão falar! Os demais devem ouvir calados e obedecer.

No início, temerosos, muitos animais ficaram em silêncio. Assim, o lobo uivava suas ordens, a águia decretava novas regras do alto do pico das montanhas, e o urso rugia para intimidar os descontentes. Os mais fracos, coelhos, tatus, pássaros e outros, subjugados, comunicavam-se só com olhares e gestos. Mas, com o tempo, a floresta começou a mudar: a ausência do canto dos pássaros, deixava os dias muito silenciosos e tristes. Sem o alerta dos esquilos, muitos animais caíam em armadilhas. Sem o conselho das corujas, decisões precipitadas levaram a escassez de comida.

Foi então que, certa manhã, um pequeno grilo, com sua voz frágil, começou a cantar sozinho. Pouco a pouco, os pássaros se juntaram, seguidos pelos esquilos, as corujas e até os animais mais medrosos criaram coragem.

- Se só alguns podem falar, todos perdem!  disse a coruja.

Com isso, os animais concordaram em restaurar a liberdade de se expressar livremente, e os poucos privilegiados não conseguiram calá-los. A alegria voltou à floresta, e todos voltarem a ser livres e respeitados.

 

Moral da estória: Uma sociedade só cresce quando todos podem se expressar livremente. O silêncio imposto é uma sombra que sufoca o progresso.


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segunda-feira, 2 de junho de 2025

Criticar

Ninguém pode se considerar imune a erros. 

Todos nós os cometemos em algum momento, seja voluntária ou involuntariamente. 

E muitas vezes esses erros nos machucam, atrasa nosso caminho, atravanca sonhos. 

Por isso, é muito importante que, qualquer tipo de julgamento sobre atitudes de outras pessoas, seja primeiro precedido de profunda reflexão. 

É possível que o errado seja eu. Ou nem eu e nem a outra pessoa. 

Precisa ter sempre presente que toda vez que se aponta um dedo a alguém, no mínimo três outros dedos da mesma mão estão apontando para nós.


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sábado, 31 de maio de 2025

Mudanças

As mudanças devem ser uma constante na vida das pessoas. 

Isso não significa, necessariamente, que devem criar coisas diferentes, inéditas. 

Mudança é entendida, também (e de um modo muito peculiar), no sentido de realizar as atividades cotidianas, habituais, de um modo diferente, cada dia com mais qualidade, imprimindo-lhes nossa marca. 

Além de ser uma mudança possível, é muito eficaz.


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quinta-feira, 29 de maio de 2025

Busca, objetivos, decisões...

Nunca foi fácil alcançar os próprios objetivos. 

E nunca será. 

Sempre haverá necessidade de garra, de luta, de concentração, de reflexão e de busca. 

Às vezes a gente se preocupa demais em buscar essas forças fora de nós, e se esquece que muitas soluções podem ser extraídas de nosso íntimo, local esse que abriga enorme estoque de caminhos e de dicas que, se resgatadas, ajudarão grandemente a se chegar aonde se almeja. 

Daí a importância de saber valorizar a própria experiencia e a própria capacidade de sacramentar decisões e de construir caminhos inéditos que conduzam a realizações também inéditas.


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quarta-feira, 28 de maio de 2025

Fábula da árvore e os animais

Em uma floresta distante, havia uma grande árvore, que se erguia imponente, cheia de vida. Seus ramos ofereciam sombra e abrigo para todos os animais que habitavam o local. Certa manhã, uma tempestade se aproximou ameaçando destruir tudo no caminho, incluindo a árvore que era o coração da floresta.

Preocupados, os animais demonstraram grande nervosismo O astuto coelho sugeriu que cada um fugisse para o seu esconderijo. O cervo, que possuía grandes pernas para correr, propôs que se espalhassem e que cada um se salvasse sozinho. Mas a coruja, sábia e paciente, pediu que todos se reunissem, pois, juntos, poderiam enfrentar qualquer desafio: "Se unirmos as nossas forças seremos mais fortes que a tempestade", disse.

Os animais, mesmo relutantes, seguiram o conselho da coruja e se organizaram em volta da árvore. O elefante usou a força da sua tromba para amarrar as raízes da árvore à terra. O castor usou seus dentes afiados para reforçar os troncos. Os pássaros e as borboletas voaram para cima, alertando os demais sobre a aproximação e a direção dos ventos.

Quando a tempestade chegou, os ventos eram tão fortes que arrancaram folhas e galhos. Mas, graças ao esforço conjunto dos animais, a árvore permaneceu firme e os danos foram mínimos. O grupo sabia que, se cada um tivesse tentado agir sozinho, nada teria sido possível. Mas, unidos, tinham a força de enfrentar qualquer adversidade.

Passada a tempestade, a coruja olhou para todos e disse: "A verdadeira força está na união de nossos esforços."

E assim, a floresta prosperou, graças à união de seus habitantes, que sempre se lembravam de que juntos poderiam vencer qualquer tempestade.

Moral da estória: A certeza de vitória vem da vontade e da força de todos trabalhando em perfeita união.

 

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terça-feira, 27 de maio de 2025

Travessias

 

Toda travessia pressupõe enfrentamento de dificuldades, representadas por lutas, 
renúncias, 
dor, 
choro, 
superação. 
Se permanecer parado, do lado de cá, 
viverá sua decepção, seu medo, sua frustração. 
Se enfrentar as contrariedades, do outro lado encontrará a vitória, 
a felicidade, 
a glória.

sexta-feira, 23 de maio de 2025

O juiz e o espelho da verdade (fábula)

Há muitos anos, num reino distante havia um juiz chamado Epaminondas, egocêntrico, postura imponente. Proferia longos discursos, apesar de vazios de conteúdo. Gostava de ser lisonjeado e de se sentir temido. Arrogante, não se importava com a verdade: preferia os aplausos, ser citado pela mídia, ser adulado, reverenciado. A justiça era sempre relegada a planos secundários.

Diante de casos complexos, que demandariam investigação mais acurada, escolhia um culpado, mesmo que sabia ser inocente. Seu objetivo único era mostrar e impor o seu poder. Pessoas simples e desafetos habitualmente eram usados como bodes expiatórios para externar a sua vaidade. Quando ele chegava ao tribunal o povo tremia, aguardado para conhecer qual seria o veredito e quem seria a vítima.

Um dia, uma senhora de idade avançada, foi apresentada ao Juiz Epaminondas, acusada de ter furtado um pão para alimentar o seu neto. Incontinenti, de forma ditatorial e sem deixar a defesa se manifestar, ele proferiu a seguinte sentença:

- A justiça deve ser severa para quem infringe a lei. Declaro essa senhora culpada.

A senhora não chorou, encarou o juiz com olhar sereno e disse pausadamente:

- Muito em breve serás visitado pelo espelho da verdade, caro Juiz. E nele passarás a ver não todas as falcatruas que cometes às escondidas.

Todos riram muito. Epaminondas até se irritou com a ousadia da mulher, mas ignorou a suposta profecia. Porém, no dia seguinte, apareceu um estranho espelho em sua sala. Estava envolto em moldura sólida e refletia algo perturbador. Curioso, o Juiz olhou para ele e ao invés de sua própria imagem, viu um pobre homem, curvado, acabrunhado, olhar vazio. Nesse momento essa imagem falou:

- Este és tu, Juiz. Tu que julgas apenas para alimentar o teu ego ao invés de fazer justiça. Doravante, o sofrimento dos inocentes que condenaste te atormentará para sempre.

Assustado, Epaminondas tentou quebrar o espelho, mas ele permanecia intacto. Tentou escondê-lo, mas ele surgia em todo lugar. Sem poder fugir da própria imagem, enlouquecido, ele começou a se esconder. Recusava julgamentos, com medo de ser visto seguido pelo espelho. Pouco tempo depois abandonou o tribunal e começou a se esconder de tudo e de todos, vagando sem rumo e sem destino. Dizem que ele ainda vagueia por aí, buscando um reflexo que não o acuse. Mas o espelho da verdade, uma vez mostrado, jamais se desfaz.

E, então, foi eleito um novo juiz, justo, discreto e atento. E o povo voltou a acreditar na justiça.

Moral da estória: A justiça, quando usada para alimentar o ego, transforma o juiz em prisioneiro do próprio reflexo.

 

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quarta-feira, 21 de maio de 2025

Dificuldades?

Todos enfrentamos dificuldades no decorrer a vida. 

Alguns mais, outros menos.

A quantidade nem sempre importa: o que assusta é a sua complexidade. 

Mas, independentemente da quantidade ou da complexidade delas, nenhuma deve ser motivo de desânimo.

Mesmo quando tudo parece estar acabado, sempre haverá um caminho, mesmo que às vezes pareça oculto, para descobrir e seguir adiante. 

Espelhemo-nos no exemplo de muitas espécies de árvores que, durante o inverno, perdem todas as suas folhas, mas com a chegada da primavera voltas a recuperá-las e, ainda, são agraciadas com flores e frutos.


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sábado, 17 de maio de 2025

A fábula da Mentira e da Verdade

Em um tempo muito antigo, a Verdade estava habituada a andar livre pelos campos, abençoando o coração das pessoas que encontrava. Mas havia também a Mentira, como sempre muito invejosa; ela não suportava ver a Verdade ser tão respeitada, tão aplaudida, tão querida. Então, um belo dia, decidiu desafiá-la.

- Verdade, por que as pessoas gostam tanto de você, e a maioria me evita?  perguntou a Mentira.

- Porque eu sou sempre do bem e levo paz às almas, respondeu a Verdade.

Então a Mentira bolou um plano para mudar as coisas e favor dela. Vestiu sua melhor roupa, escolheu o melhor perfume e começou a espalhar estórias encantadoras que agradavam os ouvidos das pessoas. Logo, essas pessoas começaram a segui-la, e abandonar a Verdade.

A Verdade percebeu o embuste da Mentira e tentou alertar as pessoas. Mas todos riam dela:

- Você é dura demais, Verdade! A Mentira é muito mais light.

Passado algum tempo, porém, as promessas da Mentira a desmoronar. O ouro prometido não apareceu, as palavras antes se doces tornaram amargas, e a decepção tomou conta de todos. Arrependidos, voltaram-se para a Verdade que, mesmo rejeitada, nunca os abandonara.

A Mentira ainda tenta vencer a Verdade, mas seu triunfo é sempre passageiro, pois, mesmo quando esquecida, a Verdade ressurge cada vez mais forte, lembrando a todos que, por mais longa que seja a noite do engano, o amanhecer da verdade sempre chega.

Moral da estória: A mentira pode encantar por um tempo, mas é a verdade que permanece para sempre.


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quarta-feira, 14 de maio de 2025

Nosso legado

Nossa passagem por esta vida pode deixar um legado robusto para as próximas gerações, ou pode simplesmente ser despercebida. 

Esse legado não será construído sobre honrarias, bens materiais, riquezas que eventualmente juntamos, mas sobre nosso caráter, nossas atitudes em relação aos outros, nossa bondade, nosso comportamento, sobre o bom exemplo que semeamos. 

Enquanto as riquezas fenecem rapidamente, o exemplo permanece com solidez.

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Às mães

Mãe significa amor sem fim, cuidado, acolhimento, abrigo, força, inspiração.

Seu abraço transmite paz, sua palavra direção.

Hoje e sempre celebremos a beleza de cada gesto, a nobreza de cada renúncia, o presente de cada sorriso que distribui, a dedicação que cativa o mundo inteiro.


Um afetuoso abraço a todas as mães presentes e às que já partiram.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

A balança do destino (fábula)

Era uma vez, num país distante, um juiz chamado Dr. Demóstenes. Ele era conhecido por sua fala firme, convincente, e olhar agressivo quando se tratava de defender suas atitudes. E sua justiça era uma piada. Para se vingar de adversários, ou por força de favores diversos e obscuros, ele movia a balança da lei a seu bel prazer, condenando inocentes e absolvendo culpados.

Um dia, um humilde camponês, já sexagenário, chamado Seo Zé, foi acusado injustamente de roubo por um comerciante muito influente. Mesmo sem qualquer prova que justificasse a acusação, Dr. Demóstenes, provavelmente em troca de um saco de moedas declarou o pobre homem culpado. Seo Zé viu-se injustiçado, porém, limitou-se a erguer os olhos até encontrá-los com os do Juiz e murmurou:

- A justiça dos homens pode falhar, mas a justiça do tempo nunca erra.

O juiz zombou da suposta profecia do velhinho e seguiu sua vida, acumulando riquezas e condenando os desafortunados.

No entanto, com o passar dos anos, tudo começou a mudar. Um novo rei subiu ao trono e enviou seus auditores para analisar os processos julgados pelos juízes do seu reino. Ao revisarem os casos do Dr. Demóstenes, encontraram as injustiças que havia praticado e descobriram também os casos de corrupção. Ele foi preso e levado ao tribunal para ser julgado. Dr. Demóstenes tentou se defender, mas as mesmas leis que ele usara para destruir inocentes agora o condenavam. Sentenciado ao exílio, foi deixado sozinho em lugar longínquo, sem dinheiro, sem influência, sem ninguém que acreditasse em suas palavras. Enquanto caminhava sozinho pelo deserto, ouvia o eco das palavras do velho camponês:

- A justiça do tempo nunca erra.

E assim, a balança do destino encontrou seu equilíbrio.

 

Moral da estória: Quem manipula a justiça para condenar inocentes não escapa do julgamento do tempo.

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quarta-feira, 7 de maio de 2025

A árvore e os pequenos animais (fábula)

Em uma vasta e distante floresta tropical, havia uma árvore majestosa e imponente. Ela proporcionava sombra e refúgio para todos os animais, além da segurança de que necessitavam. Mas, um dia surgiu um grande perigo: um lobo grande e feroz. Era o maior tirano da região. Seu olhar impiedoso e ameaçador deixava todos em pânico.

O lobo estava ciente da sua força e tinha certeza de que podia dominar a floresta e tornar vassalos os seus habitantes. Um dia ele reuniu os animais e determinou que a partir de então todos eram obrigados a lhe pagar um tributo diário em forma de alimento. Enfatizou que os rebeldes seriam expulsos da floresta.

O pânico se instalou entre todos, e ninguém, mesmo revoltado, ousava questionar as ordens do lobo. Numa manhã de primavera, porém, um pequeno esquilo, desesperado, mas cheio de confiança, subiu até o topo da grande árvore e falou:

- Querida Árvore, o poder do lobo cresce a cada dia e a sua tirania aprisionou nossa liberdade e suas regras nos sufocam, vivemos apavorados. O que devemos fazer para recuperar nossa liberdade e nos livrar das garras do lobo?

A Árvore, em sua sabedoria profunda, construída através dos séculos, respondeu:

- Sabemos que o lobo é muito mais forte do que qualquer um de vocês, mas ele não conhece o tanto de força que teremos se somarmos a pequena força de cada um. Todos têm sua própria força. Se juntarmos todas essas forças, poderemos resistir às investidas do lobo.

Então, o esquilo, a coruja, o cervo e a raposa começaram a organizar reuniões secretas com os outros animais para definir estratégias capazes de enfrentar e vencer a tirania do lobo. Todos concordaram que, individualmente, eram pequenos e fracos, mas que juntos fariam a diferença.

Assim, quando o lobo apareceu para reclamar seus tributos, ele viu que os animais estavam juntos, firmes, com o apoio da grande árvore.

O lobo ficou confuso, e como derradeira tentativa, ordenou que eles se dispersassem. Os animais, porém, permaneciam unidos, firmes como fossem um só, dispostos a se defender de qualquer ataque. O lobo percebeu que sua tirania havia terminado. Sentiu que havia perdido o controle e seus pretensões de continuar a ditar regras. Conheceu o tamanho da solidariedade dos animais entre si. Entendeu que o medo que espalhava se dissipou, e sua força foi rompida pela união dos pequenos animais. Vendo que não podia vencer, fugiu, deixando a floresta em paz. Os animais, gratos pela sabedoria da árvore, entenderam que a verdadeira força reside na união de todos.

 

Moral da estória: A união é uma força poderosa que pode enfrentar e destruir qualquer tirania.


 

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quarta-feira, 30 de abril de 2025

Não aponte o dedo

Sempre que apontamos o dedo para alguém, pelo menos outros três dedos da mesma mão estão apontando para nós. 

Por isso, a compreensão deve sempre preceder qualquer crítica, pois ninguém pode garantir que não errará um dia, e o julgamento que emitimos hoje pode nos alcançar amanhã.


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quinta-feira, 24 de abril de 2025

O rouxinol e a floresta silenciosa (fábula)

Era uma vez uma floresta vibrante muito distante onde todos os animais podiam se manifestar livremente. O Rouxinol, com seu canto melodioso, contava estórias, alertava sobre perigos que se aproximavam e animava os dias carrancudos. O vento levava suas canções a todos os lugares, para deleite dos animais.

Certo dia a Coruja, que governava a floresta e se sentia dona de tudo e de todos, começou a se incomodar com a influência exercida pelo canto do Rouxinol sobre os outros animais. "Se todos falarem o que quiserem, esta floresta se tornará um caos", disse ela. Então, reuniu os conselheiros e decretou: "A partir de agora somente quem for autorizado poderá se manifestar ou cantar. Quem desobedecer será processado e silenciado."

No começo alguns animais concordaram, interpretando que isso beneficiaria a todos. Mas, como a floresta ficou silenciosa, não demorou para perceberem que sem o canto livre do Rouxinol os perigos não eram anunciados a tempo, as notícias demoravam a chegar, ou chegavam distorcidas, podendo a verdade ser manipulada, ou até ocultada. O medo se tornou geral, porque não se sabia mais o que poderia ser dito ou não.

Entretanto, o Rouxinol, de maneira sutil, continuou a cantar mesmo que com plateia reduzida. Seu canto era ouvido por alguns que o acompanhavam fielmente, se bem que meio simulado, como sussurros de folhas ou murmúrio de riachos. Pouco a pouco, outros animais criaram coragem e começaram a seguir seu exemplo, até que um dia a floresta inteira amanheceu transmitindo o ressoar de múltiplas vozes, livres novamente.

A Coruja ficou nervosa e num gesto ditatorial tentou silenciá-los, mas já era tarde. Os animais tinham descoberto que a verdade não pode ser manipulada ou aprisionada, e que uma floresta sem vozes não é uma floresta, mas uma grande e silenciosa prisão.

Moral da estória: A tentativa de controlar a livre manifestação transforma uma sociedade vibrante num deserto sombrio, mas a verdade sempre encontra um caminho para ressurgir vitoriosa.

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