domingo, 20 de julho de 2025

O carvalho e o vento do juízo

Em uma clareira de uma exuberante floreta que cobria uma grande colina, existia um velho carvalho que se destacava pela sua imponência. Ele era muito forte e parecia ser muito firme também.

Os viajantes, os caçadores que por lá passavam, costumavam se abrigar sob sua densa sombra. Servia, ainda, como abrigo para centenas de pássaros e pequenos animais que repousavam sobre seus galhos. Enfim, era a árvore mais conhecida e mais admirada daquela floresta.

Certa manhã, bem cedinho, surgiu um vento suspeito, muito forte, chamado Sopro Destruidor. Esse vento chegou dizendo que era o juízo supremo descido dos céus. Era vaidoso, arrogante e impiedoso. Afirmava que com seu poder aniquilaria quem quisesse, e julgaria a todos segundo seu desejo, sem ouvir, sem ponderar, e sem perdoar. Olhou direto para o majestoso carvalho e falou: "Este carvalho se acha mais forte do que eu, mas vou lhe mostrar que o juiz sou eu, e que eu decido quem permanece e quem cai".

De imediato, o vento se lançou com toda fúria contra o carvalho. Praguejava contra ele dizendo: "Cresceste muito, te destacaste demais, atraíste muita atenção para ti, por isso eu te destruirei".

Todos os dias, e a cada dia por mais tempo, o Sopro Destruidor investia contra o carvalho. Os galhos se dobravam tanto a ponto de alguns alcançarem o chão. Arrancava-lhe inúmeras folhas, tentando forçá-lo a ceder e a reconhecer uma culpa que não possuía (a culpa de ser tão majestoso!).

Mas o carvalho, enraizado na terra fértil da verdade, da paciência e da persistência, apesar de tudo resistia soberano. Vergava, mas não quebrava. Perdia folhas, mas mantinha sua essência.

Os bichos da floresta no começo se afastaram com medo de ser atingidos pelo Sopro Destruidor, mas logo perceberam que aquele que pregava a justiça não a praticava, enquanto em silencio, o carvalho sustentava a vida e a dignidade.

Depois de vários dias, Sopro Destruidor começou a perder força, e a se sentir mais e mais enfraquecido. Perdeu sua valentia, sua arrogância arrefeceu, seus rugidos desapareceram e sua presença deixou de ser notada. Percebeu que perdera o espaço que tentou tomar para torná-lo seu, e decidiu partir silenciosamente para outras paragens.

Assim, a tempestade cessou e o velho carvalho continuava lá, um pouco arranhado sim, com menos folhas, mas imponente, vitorioso.

Moral da estória: Quem está amparado pela verdade e pela retidão, pode até ser assolado pelos ventos da injustiça, mas não será derrubado.

 


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