Era uma vez uma floresta vibrante muito distante onde todos os animais podiam se manifestar livremente. O Rouxinol, com seu canto melodioso, contava estórias, alertava sobre perigos que se aproximavam e animava os dias carrancudos. O vento levava suas canções a todos os lugares, para deleite dos animais.
Certo dia a Coruja, que governava a
floresta e se sentia dona de tudo e de todos, começou a se incomodar com a
influência exercida pelo canto do Rouxinol sobre os outros animais. "Se
todos falarem o que quiserem, esta floresta se tornará um caos", disse
ela. Então, reuniu os conselheiros e decretou: "A partir de agora somente
quem for autorizado poderá se manifestar ou cantar. Quem desobedecer será
processado e silenciado."
No começo alguns animais concordaram, interpretando
que isso beneficiaria a todos. Mas, como a floresta ficou silenciosa, não
demorou para perceberem que sem o canto livre do Rouxinol os perigos não eram
anunciados a tempo, as notícias demoravam a chegar, ou chegavam distorcidas,
podendo a verdade ser manipulada, ou até ocultada. O medo se tornou geral, porque
não se sabia mais o que poderia ser dito ou não.
Entretanto, o Rouxinol, de maneira sutil, continuou
a cantar mesmo que com plateia reduzida. Seu canto era ouvido por alguns que o
acompanhavam fielmente, se bem que meio simulado, como sussurros de folhas ou
murmúrio de riachos. Pouco a pouco, outros animais criaram coragem e começaram
a seguir seu exemplo, até que um dia a floresta inteira amanheceu transmitindo
o ressoar de múltiplas vozes, livres novamente.
A Coruja ficou nervosa e num gesto ditatorial tentou silenciá-los, mas já era tarde. Os animais tinham descoberto que a verdade não pode ser manipulada ou aprisionada, e que uma floresta sem vozes não é uma floresta, mas uma grande e silenciosa prisão.
Moral da estória: A tentativa de controlar
a livre manifestação transforma uma sociedade vibrante num deserto sombrio, mas
a verdade sempre encontra um caminho para ressurgir vitoriosa.
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