Em uma clareira de uma exuberante floreta
que cobria uma grande colina, existia um velho carvalho que se destacava pela
sua imponência. Ele era muito forte e parecia ser muito firme também.
Os viajantes, os caçadores que por lá
passavam, costumavam se abrigar sob sua densa sombra. Servia, ainda, como abrigo
para centenas de pássaros e pequenos animais que repousavam sobre seus galhos. Enfim,
era a árvore mais conhecida e mais admirada daquela floresta.
Certa manhã, bem cedinho, surgiu um vento suspeito,
muito forte, chamado Sopro Destruidor. Esse vento chegou dizendo que era o juízo supremo descido dos céus. Era vaidoso, arrogante e impiedoso. Afirmava que com
seu poder aniquilaria quem quisesse, e julgaria a todos segundo seu desejo, sem
ouvir, sem ponderar, e sem perdoar. Olhou direto para o majestoso carvalho e
falou: "Este carvalho se acha mais forte do
que eu, mas vou lhe mostrar que o juiz sou eu, e que eu decido quem permanece e
quem cai".
De imediato, o vento se lançou com toda
fúria contra o carvalho. Praguejava contra ele dizendo: "Cresceste muito,
te destacaste demais, atraíste muita atenção para ti, por isso eu te destruirei".
Todos os dias, e a cada dia por mais tempo,
o Sopro Destruidor investia contra o carvalho. Os galhos se dobravam tanto a
ponto de alguns alcançarem o chão. Arrancava-lhe inúmeras folhas, tentando
forçá-lo a ceder e a reconhecer uma culpa que não possuía (a culpa de ser tão
majestoso!).
Mas o carvalho, enraizado na terra fértil
da verdade, da paciência e da persistência, apesar de tudo resistia soberano. Vergava,
mas não quebrava. Perdia folhas, mas mantinha sua essência.
Os bichos da floresta no começo se
afastaram com medo de ser atingidos pelo Sopro Destruidor, mas logo perceberam
que aquele que pregava a justiça não a praticava, enquanto em silencio, o
carvalho sustentava a vida e a dignidade.
Depois de vários dias, Sopro Destruidor começou
a perder força, e a se sentir mais e mais enfraquecido. Perdeu sua valentia, sua
arrogância arrefeceu, seus rugidos desapareceram e sua presença deixou de ser notada. Percebeu que perdera o espaço que tentou tomar para torná-lo seu, e
decidiu partir silenciosamente para outras paragens.
Assim, a tempestade cessou e o velho
carvalho continuava lá, um pouco arranhado sim, com menos folhas, mas
imponente, vitorioso.
Moral da estória: Quem está amparado
pela verdade e pela retidão, pode até ser assolado pelos ventos da injustiça,
mas não será derrubado.
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