quinta-feira, 2 de abril de 2020

Foco na solução



Os problemas costumam chamar a nossa atenção de uma forma muito incisiva. Uma dor de dente pode nos incomodar de tal maneira a ponto de esquecermos que temos outros 31 dentes sadios. Uma unha encravada pode provocar o caos em nossa jornada. Enfim, tudo o que contradiz nosso desejo, ou nossos hábitos, se transforma em problema e, muitas vezes, nos desvia do foco, levando-nos a permanecer estáticos, detidos a contemplar o problema.

Tudo o que contradiz o que planejamos é tido como problema, empecilho, entrave, e pode se transformar em desvio ou abandono de nossos objetivos. Às vezes os problemas nos assustam, outras vezes nos deixam apavorados. Para muitos, porém, eles são transformados em pistas que podem levar à vitória, ao sucesso.

Sabemos que é muito mais fácil lidar com a vitória do que com o fracasso, com a bonança do que com as contrariedades. Mas, nem tudo o que se antepõe à nossa vontade deve ser considerado um entrave. Apesar de nem sempre ser possível nos livrar dos problemas na intensidade que planejamos, sabemos que sempre haverá alguma solução. Precisa procurá-la, identificá-la, estudá-la, defini-la. Precisamos ser como a água, que não aceita ser aprisionada: ela contorna os obstáculos até encontrar uma saída.

A descida geralmente é mais fácil e mais atraente do que a subida. Mas quanto mais se desce mais próximo se chega do chão, e a nossa vista fica cada vez mais limitada, e o alcance do horizonte diminui mesmo que paulatinamente. Por outro lado, quando se enfrenta uma subida, apesar das dificuldades serem maiores, se fica mais afastados do chão, aumenta consideravelmente o alcance de vista: o horizonte se estende e a visão se torna muito mais completa e atrativa.

Quanto mais nos detemos fixados aos problemas, mais tempo estaremos perdendo e mais distantes permaneceremos dos nossos objetivos. Focar nos problemas mais do que o necessário atrasa a vida, nos faz esquecer daquilo a que nos propusemos e ficamos para traz. Se focarmos mais nos objetivos, e nas estratégias destinadas a solucionar os problemas, alcançaremos mais rapidamente e com mais segurança ao destino. Não existem problemas sem solução. O que existe é desvio de direção provocado pelo excesso de foco nas contrariedades. Às vezes usa-se o problema para abandonar o objetivo. É o mesmo que conformar-se com a derrota.

Os problemas não devem ser ignorados. Mas também não devem ser o leme de nosso barco. Devem ser administrados, sem perdê-los de vista, mas fora de nós. O foco deve ser a busca da solução. O lado da balança da busca da solução deve ser sempre mais pesado.

Muitas vezes somos tentados a jogar a solução nas mãos da sorte, ou de Deus, ou dos outros, conformando-nos com expressões derrotistas, apesar de habituais e culturais, como: “tinha que ser assim”, “não era prá ser”, “Deus não quis”, dentre outras. Quem se conforma desse jeito está aceitando a derrota sem lutar. Está declarando que é incompetente, ou preguiçoso. Em determinados casos nossos objetivos podem ser revistos. Mas isso não significa que os problemas são obra do destino, ou da vontade divina e que, por isso, devem ser aceitos passivamente.

O destino somos nós que traçamos. Nosso caminho somos nós que o construímos. A vontade divina é que sejamos felizes e atuemos dentro da ética, da moral e do amor. Por isso, foco no objetivo, no resultado. Administrar, contornar, derrubar os problemas transformando-os em soluções. Os problemas podem ser muito positivos, pois além de aguçar e alimentar a nossa criatividade, estão aí para dizer que não somos todo-poderosos e que temos limitações, mas os enfrentamos com a determinação necessária, sabedores que não são imensuráveis, nem inexpugnáveis. Estão aí para transformar-se em degraus para atingir altitudes maiores, em trampolim para nos impulsionar com mais força e mais rapidamente na direção do objetivo.

Quando não nos deixamos esmorecer os problemas nos transformam, reforçam nossa determinação, nos tornam mais fortes, nos tornam aguerridos. Tonificam nossa personalidade, fortalecem nosso caráter e nos tornam mais destemidos e mais decididos. Por isso, precisa focar mais nas soluções e menos nos problemas.

(02.04.2020

segunda-feira, 9 de março de 2020

Depende de cada um



É muito fácil (e habitual até) esperar que tudo ocorra exatamente da forma como se acha que deva acontecer. E, não raro, despeja-se a própria ira sobre os outros ou sobre as circunstâncias quando não acontece conforme desejado.

As pessoas estão muito habituadas a buscar fora delas as causas de suas derrotas, seus fracassos, enfim, de tudo o que não deu certo. Muitas vezes situações são atribuídas ao destino, com expressões vulgares como “não era para ser”, “não era para mim”, dentre tantas.

Muitas pessoas não sabem organizar o seu dia, decidir sobre suas atividades, limitando-se a aguardar o que vier a acontecer. Charles Chaplin, em um de seus muitos textos eloquentes escreveu: Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite; é minha função escolher o tipo de dia que vou ter hoje.

Existe um ditado taoísta que diz: Meu destino depende de mim e não de Deus. Os estrategistas não acreditavam em destino e não pediam às pessoas que consultassem livros que preveem a sorte, nem a esperar o que fosse acontecer. Ensinavam a analisar suas situações e seus atos, e a assumir conscientemente a responsabilidade por eles, bem como as consequências decorrentes.

Está em nas mãos de cada pessoa a decisão sobre que tipo de dia terá hoje, amanhã, depois de amanhã... E essa decisão se inicia já no momento do despertar. Se desperdiçar o seu tempo e suas forças para lamentar a respeito daquilo que não lhe agrada, sem buscar o lado positivo que essas situações podem gerar, estará perdendo seu precioso tempo e as oportunidades de ver que nem tudo o que se deseja é o melhor para si. Se usar grande parte de seu tempo e de suas forças apenas para criticar atitudes e comportamentos de pessoas, ou situações adversas, perderá a capacidade de ser criativa, de aproveitar essas circunstâncias para descobrir opções mais importantes e proposições que possam levar outras pessoas a terem uma vida melhor.

Limitar-se a lamentar, a criticar, a ver só o lado negativo das coisas é de certa forma, renunciar à criatividade, negar-se a enfrentar a realidade e ocultar-se de si próprio. É uma tentativa de jogar a toalha sem nenhuma luta. É não acreditar que as grandes descobertas surgiram sempre de grandes adversidades.

Não adianta buscar fora de si as forças necessárias para mudar essas situações. Elas estão dentro de cada um. Fora se pode buscar sugestões, estímulos, exemplos. Mas a decisão final sobre o que se quer depende de cada um. Todas as forças necessárias estão dentro da própria pessoa. Isso é fato. As suas atitudes é que orientarão as decisões e o alcance das vitórias. A busca de resultados dentro de si deve ser uma constante e cada vez com mais profundidade.

O poder de decidir o tipo de dia que se terá está dentro de cada um. Precisa resgatá-lo a cada dia. A cada momento. Faz parte desse processo parar de culpar tudo e todos e começar a agir, a ter atitude positiva e guerreira. Quem não caminha não corre risco de cair, mas também nunca sairá do seu lugar. Cair faz parte da caminhada, mas, levantar-se também. A gente pode aceitar a queda, conformar-se com ela e permanecer caído. Mas pode, também, não aceitá-la como definitiva e reerguer-se para começar tudo de novo se for preciso. Essa é a diferença entre ser e não ser, de perder e vencer. Vai depender da atitude: aceitar passivamente a derrota ou decidir vencer, sabendo que será preciso enfrentar lutas insanas, principalmente contra si próprio, até o dia da colheita dos frutos.

Tudo depende de cada um: pode-se, e muitas vezes é preciso buscar ajuda em muitas ocasiões. Essa ajuda pode ser material, financeira, espiritual, etc., mas a atitude é de cada um. Precisa agir com a disposição de quem está disposto a prosseguir, sem se importar com espinhos que encontrará no caminho.

É importante estar ciente que todas as situações, as circunstância, as contrariedades, as derrotas trazem em seu rastro aspectos positivos capazes de transformar vidas, desde que se saiba identificá-los e transformá-los em realidade.

Sair da zona de conforto é o mínimo que cada um deve exigir de si para alcançar seus sonhos. Quanto maior o esforço, o trabalho, a luta, mais doces serão os resultados. O mais importante de tudo é estar ciente que os resultados da vida de cada um dependem da própria atitude, das próprias tomadas de decisão.

 (09 de março de 2020)



segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Eu e o tempo




O que é o tempo? Quem sou eu no tempo? Qual a interferência do tempo em mim e em minha vida?

A palavra tempo possui muitos significados e inúmeras expressões com sentidos diferentes. Mas, neste caso será tratado apenas o sentido de duração dos fatos, ou seja, os segundos, os minutos, as horas, os dias, as semanas, os meses, os anos...

Sempre que se fala de tempo, no contexto proposto, prevê-se ou pelo menos se subentende a relação dele com as pessoas, e vice versa. É comum enxergar o tempo intimamente ligado à própria pessoa e, em consequência, à própria vida: o tempo decorrido em relação à sua existência ou a determinado momento dela, o tempo disponível para as ações a serem realizadas e o que ainda resta para cada ação e para a vida.

Sempre que as pessoas se referem ao tempo tomam por base a si próprias, sua existência, suas necessidades. Não é errado afirmar que o tratam como propriedade particular, como algo que lhes pertence.

Mas, se de um lado a pessoa se apodera do tempo como sendo seu, de outro, com frequência se considera escrava desse mesmo tempo. É habitual ouvir pessoas se queixarem de que não têm tempo para nada, que o tempo é curto demais, que o dia deveria ser mais longo, ter mais horas...

Esse é um fenômeno difícil de ser entendido ou mesmo elucidado, pois se no conceito das pessoas o tempo lhes pertence e está relacionado a elas, por que ele falta tanto para muitas? Existe algo errado (ou nas pessoas ou no tempo).

Quando se tem a propriedade de algo, o normal é que se tenha também o seu domínio. Com o tempo não pode ser diferente. A falta de tempo, com exceção de fatos isolados e pontuais, é consequência da incapacidade da pessoa de administrá-lo. Se o tempo é seu e não consegue retê-lo, então o problema está na pessoa: ou não sabe usá-lo, ou é incapaz de administrar suas ações, pensando que deve realizar sempre mais, sem estabelecer o tempo devido para cada ação.

A preocupação, a falta de autoconfiança e a ausência de coragem de dominar o tempo da forma como deveria, contribui para que se perca o seu controle. Então surgem as preocupações e o stress. As preocupações somadas ao stress interferem negativamente na visão do todo e limitam a capacidade de interagir de forma eficaz com as situações e de administrar as circunstancias adversas.

Muitas vezes as pessoas perdem muito tempo preocupando-se em demasia com o passado e com o futuro e se esquecem da importância do presente. Precisa estar cientes que o passado já se foi e dele só resta administrar o legado eventualmente deixado por ele. E o futuro ainda não chegou e é uma incógnita. E quando ele chegar não será mais futuro, mas presente. Passado e futuro são intangíveis (não se tem qualquer ação sobre eles). Tangível é o presente, onde tudo acontece e onde se faz acontecer.

O domínio do tempo é uma questão de atitude da pessoa: ter claro o que deseja realizar em determinado período, estabelecer metas e estratégias para alcançar, estimar prazos para cada tarefa, ser persistente, buscar o conhecimento necessário, e ajuda se preciso, ter autoconfiança e trabalhar incansavelmente afugentando e diluindo preocupações desnecessárias. E nunca se esquecer da necessidade vital de dar-se um tempo para si próprio, para o descanso devido.

É importante fazer de cada momento presente um perene aperfeiçoamento do próprio presente, amadurecido com o passar dos anos. Isso supõe desenvolver a criatividade e negar-se a aceitar que tudo já foi pensado, criado, realizado, e que serámos meros plagiadores daqueles que nos antecederam.

Não existe uma única alternativa para a solução de qualquer problema ou enigma. Através da criatividade é possível alcançar resultados incríveis e inéditos. Esta capacidade criadora infinita, inerente ao homem, deve ser cultivada no dia a dia, independentemente do tempo disponível.

Viver intensamente o presente é a melhor maneira de perceber que se vive de acordo com o que se estabeleceu. Esconder-se nos arquivos do passado ou na expectativa do futuro é perder tempo, é deixar de construir, é fugir da realidade.
É uma questão de atitude da pessoa, que deve escolher para si e vivenciar a cada dia apenas uma dessas duas opções:

Ø Assumir a condição de “eu e o tempo”, com pleno domínio das situações e das circunstâncias, estabelecendo prazos e colhendo os frutos esperados.
Ø Assumir a condição de “o tempo e eu”, transformando-se num joguete, subordinado às situações e circunstancias, perseguindo inglória e constantemente o tempo, e obtendo resultados pífios ou nulos.
(02.02.2020) 

terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Um brinde



Um brinde!

Um brinde,
Pelo ano que se despede. Pelos dias ensolarados, pelos dias carrancudos. Pelas noites iluminadas pelos raios prateados da lua e pelo brilho cintilante e intermitente das estrelas. Pelas noites escuras, sem lua e sem estrelas. Pelas noites frias e chuvosas, tenebrosas.

Um brinde,
Pelo céu azul. Pelo sol que aqueceu nossas vidas. Pelas nuvens que nos concederam alento nos dias de calor sufocante. Pela brisa suave. Pela chuva que banhou a terra, lavou os telhados, regou as planícies, escorreu das montanhas e alegrou os vales, reabasteceu os rios, os lagos, os córregos, as nascentes e forneceu água em abundância.

Um brinde,
Pelo alimento generoso que nutriu nossos corpos, que refez nossas forças, alegrou nossas almas. Pelo repouso que acalentou nosso sono e fez brotar lindos sonhos.

Um brinde,
Pela saúde, pela força. Por todas as vezes que se venceu a doença, se espantou a tristeza, a preocupação, se buscou a saúde do corpo e da alma.

Um brinde,
Pelos passos dados. Pelos momentos vividos. Pelas horas de sacrifício, de dúvidas, de medo. Cada momento foi importante, agregou valor à nossa vida.

Um brinde,
Pelos resultados alcançados. Também pelos fracassos. Pelo que foi começado e concluído. Pelo que não foi concluído. Pelo que deveria mas que sequer foi iniciado. Pelo que foi alterado, substituído. Pelo que ganhamos. Pelo que perdemos.

Um brinde,
Pelos amigos conquistados. Pelos preservados. Pelos que se distanciaram. Pela alegria que nos trouxeram. Pelo incentivo recebido. Pela motivação obtida. Pelo tempo compartilhado.

Um brinde,
À família, que esteve conosco nas horas alegres, nas difíceis, nas de amargura e de angústia. À família que é parte de nós. À família que é o que existe de mais sagrado nesta terra.

Um brinde,
Ao amor. Às pessoas que amamos. Às pessoas que nos amam.  A todos que amam. A tudo o que leva ao amor. A tudo o que leva a amar. Pelos que acreditam no amor.

Um brinde,
Pela fé que professamos e que nos deixa sempre mais próximos daquele que nos criou e nos quer de volta um dia.

Um brinde,
À vida. A essa vida que nos acompanha há tantos anos sem se cansar de nos seguir, a cada passo, nesta longa jornada. Com perseverança. Com segurança. Sem desistir.

Um brinde,
Ao ano que começa. Pelas expectativas, pelas incertezas e pela confiança que ele sugere. Por tudo que será realizado. Pelos novos dias que se descortinarão. Pelas novas escolhas. Pelas próximas vitórias. Pelos possíveis tropeços. Pela vontade insaciável de crescer, de lutar, de ser vitorioso. Pela felicidade que acompanhará nossa caminhada.

Um brinde a tudo isso. Tintin.
(Reveilon de 2019)

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Conflito



É a falta de entendimento entre duas ou mais pessoas. Todo indivíduo é uma fonte potencial de conflito. Duas pessoas são duas fontes. Três pessoas..., e assim por diante.

Quando duas ou mais pessoas compartilham de um mesmo ambiente podem entrar em conflito a qualquer momento e por qualquer motivo.

Conflito é o que impede, ou pode impedir o desenvolvimento harmonioso de uma convivência, de um processo, de um trabalho, de um objetivo, etc. Enfim, é tudo aquilo que tenta ou pode impor-se à vontade de alguém.

O conflito, pelo menos em potencial, sempre estará presente quando pessoas se relacionam. São diferenças de comportamento, de atitudes, de interesses, de personalidades, de percepções, de opiniões, de expectativas próprias de cada pessoa.

A possibilidade da atitude de uma pessoa impedir outra de alcançar um objetivo pode gerar um conflito, por pequeno que seja, entre elas. Discordar de uma opinião, de uma atitude, de um procedimento, pode gerar um conflito.

Até que ponto o conflito é prejudicial? Para alguns o conflito é sempre ruim e precisa ser evitado a todo custo. Para outros é inevitável e é mera consequência do convívio entre pessoas, pois é natural ao ser humano. Há, ainda, aqueles que acham o conflito necessário, para evitar que o ambiente se torne estático, apático sem chances de mudanças e inovação.

Independentemente de como as pessoas o encarem ou o conceituem, a verdade é que os conflitos existem e sempre existirão por mais coeso que seja o grupo. É necessário definir o que fazer com o conflito: deixar que flua normalmente, estancá-lo no seu surgimento, punir os envolvidos...

Muito importante é descobrir as causas do conflito e encontrar soluções. Para tanto é preciso que todas as partes concordem em buscar a solução mais apropriada. Aproveitar para extrair benefícios deles. Muitas vezes grandes ideias nascem de conflitos (pequenos ou grandes conflitos).

Identificar o conflito no seu nascedouro ajuda a solucioná-lo mais rapidamente. Muitas vezes sua origem é simples: uma palavra ou frase mal colocada, ou mal interpretada pode originar grandes conflitos se não for solucionado a tempo. Mas para que  a solução seja possível é necessário que todas as parte envolvidas estejam dispostas a colaborar.


(publicado em 27.11.2019)

Dignidade


Dignidade originalmente significa decência, honradez, virtude. Significa, também, consciência de si mesmo, amor próprio, brio.

Para Kant, a dignidade é o valor de que se reveste de tudo aquilo que não tem preço, ou seja, que não pode ser substituído por um equivalente. É uma qualidade existente apenas nos seres humanos.

Muitas vezes dignidade é confundida com posição social, com grau de instrução, com formação acadêmica, com o local de nascimento ou de residência, com etnia, e outros atributos buscados por muitas pessoas em nossos dias.

A dignidade tem a ver primeiramente com o caráter da pessoa. Com a integridade moral de uma pessoa. Com o conceito e vivência da ética.

Dignidade não se adquire no comércio, não se fabrica, não comercializa, não é objeto de escambo, não se furta, não se rouba. Mas, pode-se perder.

A dignidade nasce, cresce, e é forjada dentro da própria pessoa. Suas raízes estão na pessoa, nunca fora dela. E seus efeitos se manifestam através das atitudes, do comportamento da mesma pessoa.

A dignidade se desenvolve no dia a dia da pessoa através da forma como essa pessoa vive, como se relaciona com as demais. A dignidade não pode ser forjada: ou existe ou não existe.

A dignidade de uma pessoa estará sempre presente, em todas as suas atitudes, independentemente de estar sendo vista, observada, avaliada, julgada. Atua com dignidade em todos os seus momentos, pois ela é intrínseca a ela, faz parte de sua vida, ou melhor, é sua vida.

(publicada em 27.11.2019)

terça-feira, 12 de novembro de 2019

O seu momento


Nos dias atuais as pessoas se queixam de um grave problema coletivo: o stress. Algumas andam estressadas todos os dias, durante todos os momentos. O stress está para certas pessoas mais que a própria sombra, pois as acompanha diuturnamente, como se fosse onipresente.

E hábito buscar culpados externos, como a correria, as responsabilidades, o acúmulo de problemas, as deficiências do transporte coletivo, o trânsito, as condições sociais... O certo é que sempre se encontra pelo menos uma culpa originada fora da própria pessoa. Pelo menos é o que se fala. Muitos são mestres em identificar culpados para os próprios problemas. Culpados extremos, é claro.

Todos sabem que o stress prejudica o dia da pessoa, contamina a saúde, envenena a vida podendo reduzi-la significativamente, além de sacrificar a sua qualidade.

O stress pode ser provocado por motivos externos, mas é mais constante a sua origem interna, do íntimo de cada um. A presença constante do stress geralmente tem origem interna. É originada pela incapacidade de administrar o próprio dia. Basta analisar brevemente a maneira como se conduz o dia a dia para se chegar a essa conclusão.

Todas as pessoas têm mais de uma atividade para realizar durante o dia. Algumas estão soberbamente carregadas. Outras as têm em menor quantidade. Essas atividades possuem graus diferentes de complexidade, e algumas demandam de um tempo ínfimo para serem realizadas. E isso pode levar as pessoas a se preocuparem acima do necessário, a ponto de, às vezes, levá-las a pensar que devem realizar muitas coisas, senão todas, ao mesmo tempo. Daí ocorrem os atropelos: querer fazer tudo ao mesmo tempo, mesmo sabendo-se que não é possível.

Precisa administrar o próprio dia, estabelecer prioridades, definir prazos para cada uma, considerando também o tempo que cada uma precisa para si próprio como pessoa humana.

Administrar o próprio tempo é uma forma de atenuar o stress, e obter o equilíbrio. Acaba-se entendendo que a melhor maneira para se realizar as atividades num padrão de qualidade desejável é quantificá-las, entender a sua complexidade e realizar uma de cada vez. A cada ação em andamento, deve-se dedicar o tempo e a atenção necessários, sem se preocupar com a atividade seguinte. Uma atividade a cada vez, com toda a qualidade possível.

No estágio da vida em que se obtém esse equilíbrio, o nível de stress diminui consideravelmente, podendo até desaparecer.

O melhor remédio para alguém afastar o stress está nele mesmo: na sua atitude. Viver um momento de cada vez. Focar unicamente na atividade que está sendo realizada. Isso inclui as necessidades de pessoais de descanso, da alimentação, do cuidado com a saúde etc. Precisa ter presente que somente é possível dar daquilo que se tem. O nosso corpo é o maior provedor, por isso deve ser tratado com a prioridade necessária. Para realizar atividades com qualidade é necessário que a vida de quem realiza seja uma vida com qualidade. Exemplo de necessidades pessoais:

Alimentação: após uma manhã de trabalho duro, chega a hora do almoço. Que fazer? Muitos dizem que vão comer alguma coisa rapidamente para voltar correndo ao trabalho? É certo? Como vai responder o corpo após determinado tempo sendo tratado dessa maneira?

Hora da refeição é sagrada. É hora de relaxar, de esquecer todos os problemas de trabalho, de chefia, de trânsito..., e se dedicar exclusivamente à ela. É hora de reabastecer para enfrentar a segunda parte da jornada. Abster-se de comentários sobre os problemas de qualquer natureza. Nem imaginar de utilizar esse tempo para solucionar problemas. Evitar tomar as refeições na companhia de pessoas que não respeitam esse momento e que insistem em levar seus problemas profissionais à mesa. Melhor tomar refeições sozinhos do que acompanhados de pessoas com essa índole. E assim com os demais momentos que devem ser destinados ao bem estar da própria pessoa, incluindo, com todas as letras, o próprio horário de descanso. Foco na ação atual.

É imperativo viver um momento de cada vez. Administrar as atividades, os problemas, o tempo, a vida. Numa vida vivida nesse equilíbrio não há lugar para o stress. As suas preocupações devem se resumir ao momento da realização daquela determinada tarefa, na solução daquele problema, sem espaço para outros. Preocupações e problemas devem ser confinados aos respectivos momentos. Não podem ser uma constante na vida de ninguém sob o risco de ver-se cercado e engolido por eles.

Não se pode assimilar problemas que não nos cabe resolver, cuja solução está fora de nossa alçada. Esse é o pior dos casos: preocupar-se por algo de que não se pode dar solução, ou cuja solução nos é inalcançável.

Respeitar o próprio momento é viver um momento por vez. Faz para nós, para nossa saúde, para nossa vida. É qualidade de vida. Enfim, é vida de verdade.
(12.11.2019)