Se queres um ano de prosperidade, cultive trigo.
Se queres dez anos de prosperidade, cultive árvores.
Se queres cem anos de prosperidade, cultive pessoas.
(provérbio chinês).
quinta-feira, 26 de outubro de 2017
HORA DE PARAR?
Quando
a gente chega a este mundo, através do nascimento, inicia-se uma caminhada cuja
distância não é previamente revelada. Assim, a pessoa começa a caminhar,
conhecer novas coisas, novos caminhos, novas pessoas... e segue caminhando. Até
onde caminhará? Na verdade, ninguém sabe. É a maior das incógnitas.
Existem pessoas que sofrem por não saber até onde poderão chegar e até quando poderão tentar chegar. Para alguns, isso se torna um verdadeiro martírio. Um espinho no pé, que incomoda durante toda a sua caminhada.
Muitos
abandonam o barco (todos os barcos) a partir de determinada idade por que
entendem que o fim está próximo. Outros relutam a começar por que entendem que
são muito jovens para tal. Outros aproveitam todos os dias e seguem adiante até
que a vida lhes permita fazê-lo.
Difícil
saber quem está certo. Ou mesmo se alguém está certo. Ou se determinadas
perguntas ou decisões são decorrentes do medo de enfrentar uma realidade
patente (o fim de tudo!), mesmo sabendo que o desfecho não depende de cada um.
No
final das contas surgem outras perguntas ainda mais pertinentes?
-
Quando começa a velhice?
-
Quando começa a vida adulta?- Quando começa ou termina a juventude?
- Qual o limite entre cada um desses degraus, ou seja, onde termina uma idade e começa outra? A idade cronológica é suficiente para essa decisão?
E
outra questão intrigante: será que as respostas estão mesmo relacionadas com a
idade cronológica da pessoa? E ainda: quem define a idade, a cronologia ou a
escolha da própria pessoa? Em síntese: Até que ponto a idade cronológica
influencia, ou determina, ou define as decisões de uma pessoa?
Diz-se que o ideal é que as pessoas atuem de acordo com sua idade cronológica. É o que as sociedades atuais esperam. É uma espécie de padrão mundial vigente. Entretanto, surge uma dúvida: até que ponto uma sociedade tem poderes para estabelecer parâmetros de competência para seus cidadãos? Não seria uma forma de “bitolamento” das pessoas, mantendo-as aprisionadas a cabrestos virtuais (mas reais) para evitar que se sobressaiam das demais e, com isso, cheguem a comprometer os padrões sociais estabelecidos não se sabe quando e por quem, mesmo sabendo que esse “cabestreamento” subjuga inclusive aqueles que se julgam seus idealizadores?
Com
base nos parâmetros da sociedade atual, é comum ouvir-se expressões que,
consciente ou inconscientemente, determinam posicionamentos de pessoas em
redutos que podem segregá-las do convívio que deveria ser natural para todos,
tais como: jovens com cabeça de criança, ou de velhos, em contraposição a
“jovens adequados à sua idade”. Adultos com cabeça de criança, ou de jovens,
quando não de velhos. Velhos com cabeça infantil, inadequados à sua idade. E
assim por diante.
Ora,
o que define a adequação à idade? Ou, o que é adequação à idade? A idade
cronológica deve mesmo determinar a idade real da pessoa (a cabeça da pessoa!)?
Rotular
pessoas é aprisioná-las, negando-lhes o direito de conduzir a própria vida e de
ser artífice de seus feitos.
Essa forma de amordaçar as pessoas equivale a extorquir-lhes o direito de decidirem sobre seu próprio presente (já que o futuro é incerto). E, com isso, é comum que a sociedade defina, mesmo que de forma informal (mas real), quando o cidadão deve começar a trabalhar e quando dever parar (é claro que deve ser salvaguardado o direito da criança e do jovem à educação e de se desenvolver fisicamente antes de exigir-lhes compromisso profissional). Existem exemplos em todos os países de cidadãos que empreenderam e produziram grandes realizações a partir de idade cronológica que, segundo padrões da sociedade em que se insere, deveriam parar e se entregar ao tédio, ao nada, mediante a hipócrita insinuação de que é chegada a hora de descansar (como se para descansar é necessariamente preciso dedicar-se ao nada).
Essa forma de amordaçar as pessoas equivale a extorquir-lhes o direito de decidirem sobre seu próprio presente (já que o futuro é incerto). E, com isso, é comum que a sociedade defina, mesmo que de forma informal (mas real), quando o cidadão deve começar a trabalhar e quando dever parar (é claro que deve ser salvaguardado o direito da criança e do jovem à educação e de se desenvolver fisicamente antes de exigir-lhes compromisso profissional). Existem exemplos em todos os países de cidadãos que empreenderam e produziram grandes realizações a partir de idade cronológica que, segundo padrões da sociedade em que se insere, deveriam parar e se entregar ao tédio, ao nada, mediante a hipócrita insinuação de que é chegada a hora de descansar (como se para descansar é necessariamente preciso dedicar-se ao nada).
Por
isso, entende-se que a hora de parar deva ser prerrogativa exclusiva de cada
pessoa, independentemente de padrões formais ou informais correntes em qualquer
sociedade. Portanto, mãos à obra!
(Publicado no JNB em setembro de 2014)
sábado, 19 de agosto de 2017
VERDADE
Ao falar sobre a verdade, o filósofo Arthur Schopenhauer assim se expressou:
Toda verdade passa por três estágios: no
primeiro, é ridicularizada. No segundo, é rejeitada com violência. No terceiro,
é aceita como óbvia e evidente.
Ninguém é detentor exclusivo da verdade. Não
é marca exclusiva de alguém. Não faz parte do DNA de uma única pessoa. Ela pode
se se apresentar diferente para cada pessoa. Alguma coisa se torna verdade a
partir do momento que é aceita pela pessoa. Por isso, não são bem vindas verdades
impostas. Verdade tem a ver com a crença, com a convicção e com a consciência de
cada um.
Mas, se analisado com cuidado o conceito de
verdade expresso pelo filósofo Schopenhauer, pode-se observar que muitas vezes
é isso mesmo que acontece. Num primeiro momento uma verdade pode ser
ridicularizada por que a maior parte das pessoas não teve a oportunidade ou a
disposição de analisá-la em todo seu contexto. E a insistência (mesmo que não
proposital) de não se aprofundar no assunto pode levá-la a ser rejeitada com
veemência, ou mesmo com violência, principalmente quando ela pode se apresentar
como uma ameaça às nossas crenças, ao nosso modo de ser, de nos comportar na
sociedade, ou quando ela pode implicar na perda de poder de qualquer espécie.
Quando, finalmente, todos a entenderem de fato, ela passa a ser aceita como óbvia,
inequívoca, evidente a ponto de se exclamar: como não pensei nisso antes! Essa
conclusão, porém, não é pontual para todos: ela atinge e conquista as pessoas
gradativamente. Enquanto alguns alcançam o terceiro estágio, outros ainda se
encontram no segundo ou no primeiro.
Muitas vezes a verdade é patente, evidente,
transparente, inconteste, e mesmo assim muitos não a aceitam (pelo menos
publicamente). Será que não a veem ou apenas não querem reconhecê-la? Será que
ainda não chegaram ao terceiro estágio ou apenas não querem dar o braço a
torcer?
Existem pessoas que não mudam de opinião
mesmo sabendo que estão erradas, e mesmo que direta ou indiretamente tenham
sido prejudicadas. Insistem no erro por medo, talvez, de ser desacreditadas, ou
de perder seu status. Criam subterfúgios para justificar sua forma de pensar,
de se manifestar, e tentar descaracterizar tudo o que viria a contradizê-las,
como se isso as rebaixasse diante dos outros. São mentes obtusas que não
aceitam que é possível aprender de outras pessoas, crescer e voar bem mais alto
do quanto estão habituadas.
Da mesma forma que o pior cego é aquele que não quer ver, pior do que estar errado é
persistir conscientemente no erro.
segunda-feira, 12 de junho de 2017
É T I C A
Muitas pessoas confundem
ética com moral, julgando tratar-se de sinônimos. Mas não são. Cada uma contém
seu próprio sentido.
Moral significa costumes (do latim:
mores). Trata dos costumes de uma sociedade, de suas regras, leis, convenções.
Regras e leis são pautadas nos costumes de determinada sociedade. Assim,
pode-se sintetizar que a moral é a totalidade de regras e costumes que se
aplicam no dia a dia para os cidadãos de uma sociedade.
Ética (do grego: ethos) significa modo
de ser, de se comportar. Ela busca a melhor maneira de se comportar e de viver,
o melhor estilo de vida com base nos hábitos (leis) de uma sociedade. Tem a ver
com o caráter da pessoa.
Em
síntese, enquanto a moral se ocupa das leis, a ética se ocupa do caráter, do
comportamento do cidadão.
O objetivo da ética é estabelecer bases para guiar o
comportamento das pessoas, possibilitando-lhes que forjem um caráter capaz de
definir os seus passos. Portanto, cumprir as leis, as regras, é moral.
Cumpri-las da melhor maneira possível, mesmo sem ser visto ou observado, é
ético, é do caráter.
A ética é fundamental para forjar a cultura de uma
sociedade, pois uma sociedade não se mede apenas pela capacidade dos seus
cidadãos de cumprir as leis, mas, sobretudo pelo seu caráter, pelo seu
comportamento.
Uma sociedade que pauta suas atitudes na ética é uma
sociedade justa, com direitos e deveres iguais para todos, sem privilégios
decorrentes de funções exercidas por cidadãos.
Se na sociedade todos adotam a ética como princípio de vida
não apresentará injustiças de qualquer espécie. Por se tratar de comportamento,
de caráter da pessoa, a ética é acima de tudo uma atitude, uma escolha
espontânea de vida, sem necessidade de imposição.
Por ter essa prerrogativa, a ética é difundida entre os
cidadãos sobretudo através do exemplo. E esse exemplo é muito mais forte quando
advindo daqueles com maior visibilidade e com responsabilidades de liderança.
Sempre que houver mau exemplo por parte dessa parcela de cidadãos, existe o
risco da ética ser sepultada por grande parte da população, e substituída pelo
egoísmo, pelo “quem pode mais chora menos” ou pelo “salve-se quem puder”. A
consciência de retidão é facilmente apagada perante maus exemplos emanados de
pessoas influentes.
A impunidade cria o conceito de que a ética é para os
fracos, enquanto a esperteza faz parte da vida dos fortes e daqueles que sabem
viver bem.
O P Ç Õ E S
É comum as pessoas buscarem
atalhos para superar dificuldades e encontrar um caminho mais fácil diante de
circunstancias diversas, principalmente quando precisam ou julgam precisar de
algo. Inúmeras vezes a busca desse caminho “mais curto” se traduz na palavra pedir. De um modo geral pedir é
mais fácil do que fazer, ou de construir, ou de conquistar com o próprio
esforço, pois exige mais trabalho, mais dedicação, mais tempo, além de mais
conhecimento.
Pedir um favor, pedir uma graça,
pedir dinheiro, pedir uma ajudinha..., enfim, pedir.
Esta realidade é muito presente na
vida das pessoas. Um exemplo típico, pessoas que praticam alguma religião,
frequentam alguma igreja ou seita, habitualmente canalizam suas preces à base
de pedidos de graças de toda natureza, ao invés de serem voltadas a agradecer,
a louvar, a bendizer. Até não seria anormal, dada a fé e a confiança que se tem
na divindade. O problema é que de modo geral se pede para conseguir
(gratuitamente) algo que se deseja ou que se julga necessário. Pede-se para
receber o produto pronto, como se o seu Deus
fosse um operário que estivesse ao seu exclusivo dispor durante todo o tempo,
para receber exclusivamente as suas demandas, como se ele tivesse obrigação de
atender prioritariamente os seus pedidos.
As pessoas às vezes esquecem que
já receberam o maior de todos os dons: a vida. E esse dom veio acompanhado de
muitos outros, como saúde, inteligência, vontade... Isso significa que a maior
parte dos pedidos é dispensável, pois a própria pessoa tem a capacidade de
alcançar os seus objetivos.
No caso da prece, por exemplo, ao
invés de pedir saúde, deve-se pedir a opção de ter saúde. Ao invés de pedir um
emprego, pedir a opção de estar empregado. Ao invés de pedir felicidade, pedir
a opção de ser feliz. E assim por diante. Por que nossa vida está
constantemente girando em torno de opções que, no final, são as próprias pessoas
que escolhem. Por isso, pedir a opção de ter saúde significa iluminar a mente
para que se consiga seguir caminhos corretos que proporcionem uma vida
saudável. Ter a opção de estar empregado é garantir a capacidade de usar a
inteligência, a experiência e a persistência para buscar e manter o emprego de
nossos sonhos. Ter a opção de ser feliz no momento em que se vive, utilizando-se
dos meios disponibilizados.
O mesmo acontece ao pedir às
pessoas. Ao invés de pedir o “produto acabado”, melhor pedir orientação para
conquistar o que se deseja.
Cada um carregará em suas costas a
responsabilidade de suas escolhas e das opções selecionadas. Mas, o sabor da
vitória conquistada com próprio trabalho é infinitamente superior à alegria de
obter qualquer coisa gratuitamente. Tudo o que é construído e conquistado com
trabalho e dedicação é muito melhor, proporciona maior prazer, realiza, afofa o
ego.
Por isso, antes de pedir uma
solução, em qualquer situação ou circunstância, ou necessidade, melhor pensar
primeiro se não é mais criativo e viável descobrir possíveis opções. As opções proporcionam
liberdade de escolha.
Pedir que solucionem nossos
problemas é uma atitude passiva, cômoda, preguiçosa. Buscar opções para
solucioná-los, inclusive com sugestões de outras pessoas, é uma atitude ativa,
criativa, de quem não teme sair de sua zona de conforto para buscar ainda mais
conforto através da escolha de novos caminhos. É transformar o habitual em
novo, o comum em inédito, o temeroso em vitorioso.
REFERENCIA
O cérebro registra e arquiva todos os atos, os movimentos, os
pensamentos. Enfim, tudo o que acontece ou passa pela vida.
Enquanto alguns desses registros permanecem visíveis por muito tempo,
outros se ocultam para sempre. Eles se referem tanto aos próprios atos, quanto
aos atos de outras pessoas, os quais nos afetam de alguma forma.
Alguns se ocultam para a própria pessoa e ficam evidentes nas memórias
de outras que foram influenciadas ou tocadas de alguma forma por eles. Essas
influências permanecem vivas na cabeça e na vida da pessoa. São registros
indeléveis, que não se apagam jamais. É como se nossa assinatura passasse a
fazer parte do livro da vida daquela pessoa. Seria um autógrafo particular,
pessoal, singular e irrestrito entregue, mesmo que involuntariamente, e sem
nossa ciência, dado a alguém que o guardará para sempre em sua memória. Um
autógrafo escrito a fogo.
É comum as pessoas buscarem em outras pessoas modelos de vida, de
comportamentos, de atitudes. É de certa forma um jeito de tentar se espelhar em
atitudes boas ou ruins de outras pessoas. Isso ocorre na maioria das vezes sem
que as pessoas que “transferem” esses modelos percebam. São líderes, muitas
vezes, sem saber. E muitas vezes a quantidade de liderados, nesse sentido, é
imensa.
Essas atitudes boas são “copiadas” e se transformam em tentativa de
mudanças de caráter e de vida para esses “liderados”. E tudo isso fica na
memória de tal maneira que essas pessoas “copiadas” se tornam modelos de vida a
ser seguido (mesmo sem perceber). E aí começa a responsabilidade. As pessoas tidas
como “modelos” de comportamento ou de vida se tornam de certa forma
responsáveis pelos seus “liderados” (mesmo que ocultos). Tornam-se referência
de vida para elas. E ser referência para alguém é uma empreitada de muita responsabilidade.
Antonine de Saint-Exupéry, em O Pequeno Príncipe, afirmou que “Você se
torna eternamente responsável por aquilo que você cativa”.
Cativar uma pessoa é ser referência, mesmo sem querer, sem perceber,
sem saber. E quando nossas palavras, gestos e atitudes são copiados e
assimilados, passam a fazer parte da vida dessas pessoas. Daí a imensa
responsabilidade.
A influência pode ser benéfica ou negativa. Quando benéfica, ajuda as
pessoas a buscarem e alcançarem seus objetivos, ou a sua felicidade. A
influência negativa pode destruir essas pessoas. E toda destruição traz
infelicidade, dor, tristeza, perda, tribulação, senso de incapacidade, decepção.
Basta uma pequena decepção, às vezes, para jogar por terra todo um castelo
construído sobre boas atitudes vistas em você por alguém.
Considerando que nem sempre sabemos se estamos sendo referência a
alguém, é melhor não fraquejar, e conduzir nossos passos, nossas ações, nossas
atitudes com sensatez e dentro dos parâmetros aceitos pela cultura da sociedade
onde se vive.
Ser referência de alguém é muita responsabilidade. Decepcioná-lo
muitas vezes é o mesmo que obstruir-lhe o caminho, tirar-lhe a luz, ocultar-lhe
o Norte, impedi-lo de andar.
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
HOMENAGEM AO DIA DA CRIANÇA (ADULTA)
Quem tem coragem de olhar atentamente para uma criança, interpretar os seus gestos e entender o seu olhar, percebe que ela tem muito a nos ensinar, não importa a quantidade de anos que já deixou para trás.
Em todos os momentos uma criança pode nos ensinar algo diferente e útil. Dentre esses ensinamentos destacam-se três, que no meu entender são muito especiais:
Buscar a alegria em todos os momentos e circunstâncias, manter-se sempre em atividade, e chorar com toda força por aquilo que deseja.
Significa enfrentar todas as circunstâncias com força e persistência e sem nunca esmorecer, ser criativos constantemente elutar sempre e com todas as forças para alcançar os objetivos que se traçou.
São três dicas que deveriam estar sempre presentes em nossa vida. São o legado da criança que fomos (e que somos) e que nunca devemos deixar de ser, por que é possível viver simultaneamente a condição de adulto e a de criança. É viver a realidade da vida adulta, regada pela felicidade pura da vida simples da criança ainda instalada em nós.
Feliz dia da criança que está incorporada em nós!
(12.10.2016)
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