quarta-feira, 13 de abril de 2016

SOFRIMENTO?

Sofrimento é uma palavra que ninguém gosta de ouvir, nem de pronunciar e, principalmente, de incorporá-la à sua vida.

Mas, afinal, o que é o sofrimento?

Difícil de se conceituar na prática do dia a dia. Cada pessoa possui suas próprias definições, seus próprios parâmetros, seus pesos e suas medidas. Para alguns, tudo o que contraria a sua vontade pontual é classificado como sofrimento. Para essas pessoas o sofrimento não as abandona nunca. É uma presença constante. Sentem-se eternas vítimas. Para outros porém, as contrariedades são apenas lapsos momentâneos que podem e devem ser superados na mesma sequência e proporção em que se apresentam.

Ninguém nasceu para sofrer. O Criador nos fez para a felicidade. Seria o cúmulo da ignorância imaginar que ele escolhesse as pessoas que teriam a incumbência de ser felizes e aquelas que viriam ao mundo para sofrer. Seria a maior das injustiças.

O sofrimento existe, sim. Porém, é certo também que ele é gerado sobretudo pelas circunstancias e pelas próprias pessoas. Se toda a sociedade (que é composta por pessoas, individualmente) aceitasse a aplicar todos os recursos para o bem estar das pessoas, na saúde, na educação, moradia, transporte, laser, no bom relacionamento com todos, etc., tudo seria mais fácil, as pessoas seriam mais felizes, menos egoístas, menos egocêntricas, e o sofrimento seria minimizado sensivelmente.

Por isso, a ausência do sofrimento, físico ou espiritual, pode ocorrer. Senão na totalidade, pelo menos na maioria absoluta dos momentos da vida.

Para alcançar esse nível, é preciso que as pessoas se convençam que é possível e que tudo seria facilitado a todos. Precisa que todos acreditem que é possível e se emprenhem para tanto. Acreditar em si, na sua capacidade de ser feliz, de espantar o sofrimento independentemente do seu grau é o primeiro passo para alcançar essa blindagem.

É uma escolha que se faz. Quem se deixa abater por coisas insignificantes terá muitos momentos de sofrimento na sua vida. Ao contrário, aqueles que descobriram que as contrariedades existem para nos tornar mais fortes são mais felizes e não têm medo de capitular perante os grandes embates. Os pequenos momentos de contrariedade, de sofrimento são como um treino para enfrentar os grandes problemas. E a gente nunca deve esquecer que é melhor viver de escolhas do que de opções.

É importante que se acredite fortemente naquilo que leva à felicidade. Focar constantemente o que faz bem. Tudo aquilo que surge para tentar nos desnortear ou nos tirar do caminho feliz não deve tomar o nosso tempo precioso. Deve ser administrado, permanecer fora de nós, embora sob nosso olhar constante. Os problemas não podem ser integrados ao nosso ser, à nossa vida.

Precisa reforçar o que é bom. Viver o maior tempo disponível naquilo que nos faz bem. Gastar apenas o tempo estritamente necessário com o que nos desvia da felicidade. Vibrar muito com as coisas boas e apenas administrar as ruins.


Isso significa viver felizes, sem ou com pouquíssimo sofrimento, mesmo que nem sempre os fatos se sucedem da forma que planejamos.

(Publicado no JNB em abril de 2016)

sexta-feira, 11 de março de 2016

E SE FICAR COM MEDO?

São frequentes os momentos da vida em que as pessoas se deparam com situações que, por serem diferentes, lhes causam dúvidas, incertezas, medo de errar, de prosseguir e de decidir.

É impossível que alguém nunca tenha passado por momentos iguais a esses. É próprio do ser humano. A disposição, a performance e a segurança correspondem ao momento presente de cada pessoa. O estado de espírito da pessoa naquele momento marcam a atitude de cada um.

Momentos de dúvidas sempre existirão. E em muitos casos é preciso tomar decisões pontuais em prazos inferiores àqueles julgados ideais. Aí entra a insegurança. Que decisão tomar? A decisão a ser escolhida é a certa, ou apenas a menos errada?

A parte ruim é se deixar envolver pelo medo de decidir. Se decidiu errado..., paciência: assume e corrige. Se decidiu certo..., parabéns, foi um aprendizado. Ambos os casos se transformam em lição.

Muitas vezes, apesar do medo, precisa tomar uma atitude de coragem: fingir que se tem coragem e seguir em diante (mesmo com medo!).

Precisa ser ousado. A ousadia é uma virtude inerente aos fortes. Não é sinônimo de irresponsabilidade. Todos os atos de ousadia devem estar amparados pela atitude consciente da pessoa, ou seja, ousa sabendo que pode errar, mas faz por julgar ser a melhor decisão para aquela circunstância. Ousar com planejamento e segurança. Quem erra numa decisão dessas não deve se arrepender e nem se envergonhar dos resultados, pois foi a atitude mais correta para aquele momento.

Nem sempre os resultados das ações são imediatos. Muitas vezes eles se encontram mais adiante dos nossos passos. Sempre haverá resultados. Mas, precisa ter vontade de atuar, de agir, de fazer acontecer. Por mais obscuro que seja o momento, sempre há um caminho para quem tem vontade de caminhar.

Todos têm medo em determinados momentos. Algumas pessoas com mais ou com menos frequência que as outras. O medo é consequência da limitação da matéria que compõe o nosso ser. Nós somos matéria, por isso, somos limitados. Às vezes o medo surge em forma de alerta para chamar a atenção frente à escolha da decisão mais correta a ser adotada naquele momento. O medo não deve se transformar em algo inibidor, castrador de sonhos e realizações. O medo é apenas o medo. E as pessoas são infinitamente superiores a ele, pois, além da matéria que compõe nosso corpo, têm espírito e inteligência capazes de guiar essa matéria.

Superar o medo é uma constância dos vencedores, dos empreendedores, daqueles que não se importam com as barreiras que as circunstancias lhes impõem. E para vencer o medo, não importa o seu tamanho, precisa ser mais forte do que ele.

Precisa estar consciente de que o medo existe e que ele pode nos surpreender a qualquer momento. Para conseguir administrá-lo é muito importante não ter medo de ter medo. E subjugá-lo sempre que aparecer.


Quando ele parece mais forte do que nós, é preciso prosseguir a caminhada arrastando junto o medo, sem deixar que ele nos arraste. E se o medo persistir em nos acompanhar, é importante dar sequencia aos nossos passos com medo mesmo, mesmo se tiver que fingir ter coragem. Assim, o medo não atrapalha. Incomoda um pouco, mas não interrompe o caminho.

(publicado no JNB em fevereiro de 2016).

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

VAMOS BRINDAR!


Um brinde,
Pelo ano que se despede. Pelos dias ensolarados, pelos dias carrancudos. Pelas noites iluminadas pelos raios prateados da lua e pelo brilho cintilante e intermitente das estrelas. Pelas noites escuras, sem lua e sem estrelas. Pelas noites frias e chuvosas, tenebrosas.

Um brinde,
Pelo céu azul. Pelo sol que aqueceu nossas vidas. Pelas nuvens que nos concedeu alento nos dias de calor sufocante. Pela brisa suave. Pela chuva que banhou a terra, lavou os telhados, regou as planícies, escorreu das montanhas e alegrou os vales, reabasteceu os rios, os lagos, os córregos, as nascentes e forneceu água em abundância, vital à nossa existência.

Um brinde,
Pelo alimento generoso que nutriu nossos corpos, que refez nossas forças, alegrou nossas almas. Pelo repouso que acalentou nosso sono e fez brotar lindos sonhos.

Um brinde,
Pela saúde, pela força. Por todas as vezes que se venceu a doença, se espantou a tristeza, a preocupação, se buscou a saúde do corpo e da alma.

Um brinde,
Pelos passos dados. Pelos momentos vividos. Pelas horas de sacrifício, de dúvidas, de medo. Cada momento foi importante, agregou valor à nossa vida.

Um brinde,
Pelos resultados alcançados. Também pelos fracassos. Pelo que foi começado e concluído. Pelo que não foi concluído. Pelo que deveria mas que sequer foi iniciado. Pelo que foi alterado, substituído. Pelo que ganhamos. Pelo que perdemos.

Um brinde,
Pelos amigos conquistados. Pelos preservados. Pelos que se distanciaram. Pela alegria que nos trouxeram. Pelo incentivo recebido. Pela motivação obtida. Pelo tempo compartilhado.

Um brinde,
À família, que esteve conosco nas horas alegres, nas difíceis, nas de amargura e de angústia. À família que é parte de nós. À família que é o que existe de mais sagrado nesta terra.

Um brinde,
Ao amor. Às pessoas que amamos. Às pessoas que nos amam.  A todos que amam. Ar tudo o que leva ao amor. A tudo o que leva a amar. Pelos que acreditam no amor.
Um brinde,
Pela fé que professamos e que nos deixa sempre mais próximos daquele que nos criou e nos quer de volta um dia.

Um brinde,
À vida. A essa vida que nos acompanha há tantos anos sem se cansar de nos seguir, a cada passo, nesta longa jornada. Com perseverança. Com segurança. Sem desistir.

Um brinde,
Ao ano que começa. Pelas expectativas, pelas incertezas e pela confiança que ele sugere. Por tudo que será realizado. Pelos novos dias que se descortinarão. Pelas novas escolhas. Pelas próximas vitórias. Pelos possíveis tropeços. Pela vontade insaciável de crescer, de lutar, de ser vitorioso. Pela felicidade que acompanhará nossa caminhada.


Um brinde A tudo isso. Tintin.

(Publicado em 22.12.2015)

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

O PRÓXIMO HORIZONTE


Todas as pessoas nascem com limites. Alguns desses limites permanecem por toda a vida. Outros são derrubados. Outros ampliados. Outros surgirão com o passar dos dias. Limites de toda espécie.

A própria condição humana leva as pessoas a viverem dentro de determinados limites, sejam materiais, físicos, espirituais, psíquicos... Toda matéria é finita e limitada. E as pessoas são matéria (e espírito!). Portanto, possuem limites.

Os limites físicos acompanham as pessoas desde a sua concepção até enquanto existir uma única migalha de pó de seu corpo. A sua estatura, o espaço que ocupa, a distância que pode alcançar, as obras que realiza, tudo isso e muito mais compõe o rol dos seus limites. Céticos, muitos se atêm exclusivamente à realidade que se lhes apresenta, e pautam a sua existência sobre essa realidade finita, limitada aos seus contornos.

É comum observar pessoas completamente tomadas pelo pessimismo e ouvi-las pronunciar constantemente expressões como: “não vai dar certo, nunca deu”. “Comigo não funciona”. ”Seja o que Deus quiser”... Pautar-se nessas condicionantes significa renunciar à vocação, inerente a todos, de se superar a cada dia. São pessoas que não querem enxergar um pouco mais à frente. Negam-se a considerar que alguma coisa pode ser mudada e dar certo. Não se dão ao trabalho de compartilhar a ideia que aquilo que deu errado pode passar a ser feito de forma diferente e obter resultados positivos.

Muitas pessoas teimam em se manter enclausuradas em pequenos círculos que elas mesmas criaram. Condicionam o seu intelecto e o seu espírito às mesmas limitações impostas à sua matéria. Têm preguiça de pensar e esquecem que a inteligência e o espírito podem transpor os limites materiais e andar muito além deles. A inteligência e o espírito podem ir muito além de onde essas pessoas imaginam. Podem abrir os seus olhos e traçar novos rumos, caminhos diferentes, mais abrangentes, mais realizadores. Os piores limites são aqueles escolhidos pelas próprias pessoas. Esses realmente as aprisionam.

As pessoas foram criadas com a capacidade de se movimentar. São diferentes das árvores que, apesar de frondosas e floridas, não conseguem sair de seu lugar. As pessoas podem andar e possuem a inteligência que lhes possibilita buscar alternativas tanto de direção quanto de distâncias a atingir. A inteligência e o espírito, em sintonia com o corpo, formam uma parceria indescritível. São capazes de se superar e alcançar distâncias não imaginadas, e em velocidades inéditas.

O alcance do olhar normalmente é mais limitado do que se possa perceber. Por isso, não é prudente buscar apenas àquilo que se enxerga. O que está além, mesmo que pareça oculto, pode ser mais interessante. O horizonte estendido diante dos olhos é apenas uma amostra minúscula da imensidão de milhares de outros horizontes que o sucedem. É como se fosse o precursor de infinitos outros horizontes que se enfileiram um após o outro, sem intervalos, numa sequência harmoniosa e indivisível.

Contentar-se com o horizonte que se apresenta diante dos olhos é o mesmo que aceitar passivamente os limites que as circunstâncias insistem em impor. Ir além desse horizonte é buscar outros rumos, outras sendas, outras vitórias, a realização pessoal. Não é bom viver como um lago que, apesar de belo, permanece sempre contido dentro de seus limites, sem chance de ultrapassá-los. Precisa ser como o mar, que além de belo e majestoso, se estende infinitamente até além dos horizontes, muito distante do olhar.

Precisa estender o olhar para além daquilo que os olhos oferecem.

(Publicado no JNB em outubro de 2015)

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

CONSTRUINDO A FELICIDADE

O milagre da vida é o maior estímulo para a felicidade. Nada se compara a ele. O fato de existir já é motivo suficiente para ser feliz. A vida é o caminho para a felicidade. Todos merecem ser felizes.

O difícil, às vezes, é descobrir qual caminho seguir para encontrar a felicidade. É comum procurá-la e não encontra-la, buscá-la onde ela não está. Mas, ela está mais próxima do que se imagina. Ocorre que na busca a gente se utiliza dos olhos errados, demasiadamente materiais. Daí, a busca se limita às grandes coisas, grandes acontecimentos, como se estivesse preparada para pronta entrega, pronta para uso.


A felicidade tem que ser buscada com olhos diferentes: os olhos do interior, da alma, da simplicidade.

Existem caminhos formados por atitudes que estimulam a busca e facilitam o encontro da felicidade: ser otimismo, perseverança, conviver educadamente com as pessoas, respeito, altruísmo. Conviver com pessoas de bem, que também buscam a felicidade. Contabilizar todos os fatos positivos e administrar (apenas), os momentos de angústia, de desespero, de derrota. A derrota só é permanente, ou definitiva, quando as pessoas decidem e permitem que ela seja.


Aprender a observar os campos, os vales, as montanhas, os céus, o infinito, o cintilar das estrelas, a simpatia do luar com o olhar cândido daqueles que contemplam apenas para usufruir essas dádivas que a natureza e o seu Criador oferecem.


Aprender a ouvir os múltiplos acordes musicais da natureza: o cantar dos pássaros, o som da brisa, o rugir dos ventos, a orquestra das águas dos rios que serpenteiam em direção ao mar, o barulho do trovão, a voz dos vivos, a saudade dos que se foram.


Aprender a ouvir a maviosa orquestra do silêncio, identificando cada um dos instrumentos, cada acorde, cada solfejo, cada nota musical. A voz do silencio é a mais sábia, a mais doce, a mais suave. A voz que encanta.


A felicidade está em cada uma dessas coisas, visíveis e invisíveis, que nos cercam, incluindo pensamentos e desejos. É composta de minúsculos momentos, de atitudes, de acontecimentos, de pensamentos, de desejos. Juntos transformam-se na grandeza da felicidade.


A felicidade está à nossa disposição em cada lugar, em cada ato, em cada circunstância, em cada olhar, em cada sorriso, em cada pessoa que cruza a nossa vida. Está em nossos pensamentos, em nossos gestos. Está dentro de nós. Oculta, às vezes, mas sempre dentro de nós.


Para obtê-la é preciso buscá-la. Apanhá-la. Descobri-la e trazê-la para si. Fácil. O problema é que a gente insiste em querer encontrá-la completa, como um todo, pronta para ser levada, assumida, consumida. Mas não é assim. Ela se compõe de pequenos detalhes, como se fossem minúsculas sementes lançadas uma a uma à terra para só depois usufruir dos frutos. Precisa que seja montada peça por peça. Somente assim se torna duradoura. Não pode ser confundida com um objetivo, com data de ser alcançada: ela é um caminho, uma continuação, uma constante. Sem fim. A cada dia um pouco mais.


A chave da felicidade está guardada dentro de cada um. Isso significa que para ser feliz precisa, primeiro, que cada um entre e a busque dentro de si, pois, fora de nós encontramos apenas estímulos. Mas a decisão de ser feliz ou infeliz é de cada um, independentemente dos estímulos externos. Cada um tem a chave da sua felicidade. Cada um é a própria chave da sua felicidade. E essa chave não tem cópia: é única.

(Publicado no JNB em agosto de 2015)

segunda-feira, 20 de julho de 2015

BUSQUE O TODO

Não busque a metade
Dos pensamentos, dos sentimentos,
Das pessoas,
A metade do amor.

Não busque a metade
Da beleza,
Do perdão,
Da amizade.

Não busque a metade
Do dia,
Do sol,
Da liberdade.

Busque sempre o todo,
O completo, o inteiro,
A qualidade,
A satisfação.

Busque o que é bom, o bem total.
A felicidade completa.
Busque o amor.
Seja feliz, sempre.

domingo, 14 de junho de 2015

A VIDA

É difícil definir o que é a vida. Existem tantos aspectos a considerar, pontos de vista a destacar, prioridades a estabelecer, que uma definição simples será sempre insuficiente. E mesmo que seja mais elaborada, mais complexa sempre ficará aquém do alcance do verdadeiro sentido da vida. Por isso, melhor não tentar defini-la. É preferível vivê-la.

Sabe-se que a vida é o caminho único para a eternidade. Cada um dos momentos vividos, cada passo dado, cada pensamento, cada gesto, cada ato... tudo contribui para consolidar a vida e torná-la plena, e mais burilada para a eternidade.

Ninguém saberá, jamais, quantos passos já foram dados ou quantos ainda lhe restarão. Nem quantos pensamentos, quantos atos... Mas é possível saber quanto de boa vontade e de boas intenções se tem para alinhar e concluir esses propósitos.

Quantos serão os objetivos traçados e alcançados, quantos horizontes vislumbrados, quantos olhares dirigidos ao infinito... A quantidade será sempre um mistério, mas a intensidade pode ser medida e definida por cada pessoa.

A vida não pode ser confundida com um objetivo. A vida é o caminho. E cada um traça e se transforma no próprio caminho. Ninguém deve abrir mão da prerrogativa de ser o próprio caminho por onde a sua vida transita e o conduz no dia a dia. E esse caminho vai se recolhendo automaticamente à medida que por ele se transita, como se fosse um grande (ou pequeno) tapete que se enrola gradativa e definitivamente na sequência de cada passo dado.

Cada um é seu próprio caminho. Cada um constrói o seu caminho: ele pode ser fácil ou difícil, plano, montanhoso ou íngreme. Depende de cada um. Na margem desse caminho podem ser semeadas flores ou espinhos. Alguns, distraídos ou não, deixam as sementes dos espinhos caírem e germinar em seu sulco, o que dificultará a sua caminhada.

Nenhum caminho nasce pronto. Também não é construído num único dia. É composto por todos os momentos vividos. A cada momento se constrói um pedacinho dele. Pequenas distâncias obtidas da vivência de cada um dos minúsculos momentos.

Alguns têm medo de construir o seu caminho. Esperam que outros lhe indiquem sendas alternativas sem perceber que podem ser desconhecidas, sombrias, perdidas, às vezes equivocadas. Não sei se têm coragem de construí-lo ou se não têm vontade. Contentam-se em seguir por veredas já transitadas por outros, sem atrativos, sem luz, sem expectativas. Quem não constrói o próprio caminho corre o risco de embrenhar-se nessas direções alternativas, sem nenhuma segurança.

Fica evidente a importância de se construir o próprio caminho. Se a vida é pessoal e inédita para cada um, o seu caminho deve seguir o mesmo conceito: ser inédito, pessoal, intransferível. Assim é possível caminhar com passos firmes, seguros, decisivos, com a certeza de que se chegará exatamente onde se projetou chegar.

O mais importante da vida é que ela seja vivida por inteiro: desde o primeiro dia até o último. Mas vivê-la de verdade, com toda a intensidade em todos os momentos!

(Publicada no JNB em junho de 2015)