domingo, 3 de maio de 2015

O QUE É CORRUPÇÃO?


O Brasil tem fama de ser um país corrupto. E não é por menos... É vergonhoso como em pleno Século XXI, onde a tecnologia e a transparência se destacam (ou deveriam se destacar), ainda existir casos tão escandalosos de corrupção envolvendo inclusive altos escalões da vida pública.
E mesmo com os casos escancarados para a população ainda existem os “caras de pau” envolvidos que se declaram inocentes. E pior: gente da plebe, como nós, prejudicada pela corrupção havida (ou quem sabe, ainda em andamento), defendendo esses envolvidos, sob a argumentação de que no passado, em outros governos, também havia corrupção.
Desde quando um crime justifica outro? Desde quando alguém pode atribuir-se inocência perante um crime praticado sob o pretexto de que outros já praticaram o mesmo crime?
Os danos causados pela corrupção são devastadores. Estão muito acima da vergonha que deveriam sentir os envolvidos. Poucos se detêm a avaliar os verdadeiros estragos. O dinheiro desviado pela corrupção origina um vazio bem maior daquele que se está habituado a considerar. Inibe a realização de projetos voltados à população. Prejudica a educação e a saúde, por que impede a construção e manutenção de escolas e hospitais. Nega-lhe a moradia. Arranca-lhe o alimento da sua boca, dentre outros malefícios.
No Brasil os escândalos de casos de corrupção se sucedem num ritmo alucinado: não dá tempo para esquecer um escândalo que já surge outro, e outro, e outro...
Será que a causa é cultural? Creio que sim. Grande parte da população pensa em levar vantagem sempre e em tudo. Nas pequenas e nas grandes coisas. Isso é uma forma de corrupção.
Mas, por que existem corruptos? A resposta é única: por que existem corruptores. E corruptores são tão criminosos quanto os corruptos. Corromper alguém para levar vantagem sobre outras pessoas também é crime. E o corruptor está na mesma linha de maldade do corrupto.
Por isso, vejo duas possibilidades de terminar de vez com a corrupção: ou conscientizar a todos que não sejam corruptores, ou criar leis severas envolvendo tanto o corrupto quanto o corruptor, considerando criminosos os dois, no mesmo nível.
No dia em que houver leis severas nesse sentido e, é claro, quando forem realmente cumpridas independentemente de quem estiver envolvido, com certeza a palavra corrupção se tornará algo do passado. E não precisarei mais escrever sobre o assunto (que bom!).
(Publicado no JNB em abril de 2015)

 

sábado, 7 de março de 2015

COM VOCÊ



Com você,
O amanhecer é encantado,
Os dias ensolarados, mais claros,
À noite as estrelas brilham sem cessar.

Com você,
A escuridão das noites cede espaço
Para os raios prateados da lua
E para o brilho envolvente das estrelas.

Com você,
As flores são mais coloridas,
Exalando perfumes irresistíveis
Pelos jardins e pradarias sem fim.

Com você,
As águas dos riachos são mais puras,
Os bosques mais verdes,
Os caminhos mais acessíveis.

Com você
Aqui comigo, ao meu lado,
É muito mais prazeroso
Viver a vida, viver o amor.

(Homenagem ao dia da mulher. 08.03.2015)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

MELHOR NÃO PERDER TEMPO

Muitas vezes a gente chega ao final do dia e tem a sensação de não ter feito nada. Sensação de ter perdido o dia. E o pior é que essa sensação, às vezes, pode representar uma verdade. A impressão de que o dia não rendeu o que se esperava é muito ruim, deixa-nos “prá baixo”, sem vontade de recomeçar. Sem reação.

Momentos de baixa produtividade todos têm. É uma realidade na vida de todas as pessoas. Nem sempre estamos em nossa melhor fase. Mas, o que não se pode é deixar que esses momentos sejam muito constantes, frequentes demais. Repetidos. Se isso começar a se vislumbrar, é preciso reagir de imediato. Voltar à realidade. Embarcar no trem da realidade produtiva.

Perde-se muito tempo, às vezes em elaborar projetos, estabelecer objetivos, sem marcar um momento para começar a buscá-los, a produzi-los, trazê-los ao presente. Sonhar é bom, mas não basta: precisa parar e transformar esses sonhos em realidade. Quem se limita a sonhar é apenas um sonhador. Nunca será um realizador. Nunca concretizará nada. Daí a sensação de incapacidade, de incompetência e frustração, pois nada consegue concretizar daquilo que sonha.

Alguém já falou que é preciso deixar para sonhar à noite, e reservar o dia para realizar. Tem sentido, respeitadas as proporções. Significa que se deve intercalar os momentos de sonhos com momentos de muito trabalho para colocar em prática esses sonhos.


Por outro lado, perder tempo lamentando-se do que não deu certo também é prejudicial. Não agrega nada. Não soma. Não levanta ninguém. Todo o tempo perdido é um tempo que não retorna nunca mais. E também não pode ser recuperado, pois é passado, e no passado ninguém consegue atuar. E pior do que isso é tentar correr atrás do tempo perdido. Se está perdido já passo e, portanto, é inalcançável. Precisa aproveitar ao máximo o presente. É no presente que se ganha tempo. Por isso, “melhor não perder tempo”.

(Publicado no JNB em fevereiro de 2015)

sábado, 20 de dezembro de 2014

GOSTAR DO QUE FAZ


Desde criança a gente aprende a ser humilde. E isso é bom. A humildade é uma das melhores virtudes. E não precisa ser religioso, crer em algum Deus para ser humilde. A humildade é própria da raça humana, pelo menos daqueles humanos que assumem a sua verdadeira humanidade.

Ser humilde significa conhecer as próprias limitações e as próprias competências e potencialidades. É saber reconhecer nas pessoas tudo o que elas têm de bom. Humildade não significa baixar a cabeça. Isso é subserviência.

Partindo desse conceito, precisa aprender uma coisa muitas vezes esquecida: saber reconhecer e valorizar o que se faz. Tudo. Não apenas as realizações grandes. Também as pequenas que, aliás, são sempre em maior quantidade.

Muitas pessoas desanimam por que acham que não fazem nada certo, ou nada de importante, que chame a atenção. Mas se esquecem da quantidade sem fim de pequenas realizações do dia a dia. Esquecem-se que são essas pequenas realizações que, somadas, constroem as nossas vidas.

Nada nasce grande. Tudo é composto por coisas ou atos pequenos. Às vezes minúsculos. Como se satisfaz a fome? Ingerindo pequenos e constantes bocados de alimento. As casas são construídas com a sobreposição de pequenos tijolos. E os tijolos, sabemos, são feitos do minúsculo pó da terra.

Assim, antes de aceitar o desânimo, ou mesmo um único momento de vontade de desistir por qualquer ato falho, é importante saber que a correção dos erros também ajuda a aprender e a construir.

Para manter o otimismo, e uma melhor qualidade de vida, é importante que se tenha em mente que tudo o que se faz com a intenção de acertar tem seus méritos e é construtivo. Por isso, antes de atender a qualquer ímpeto de desânimo, de desistência por algo que parece perdido, precisa se reportar ao conceito de humildade: fazer bem feito tudo o que se faz, sabendo que tudo tem sentido e que agregará valor a alguém. E gostar do que se faz. Quando se erra existe a certeza que se pode acertar. E o caminho mais rápido é corrigir o erro, e refazer.

(Publicado em dezembro de 2014)

sexta-feira, 20 de junho de 2014

O PAPEL DO LÍDER


Dos temas em que mais se escreveu, com certeza está o da liderança. E se continua a escrever, pois o assunto nunca se esgota. Por isso, atrevo-me a publicar algumas reflexões sobre o tema, destacando o papel do líder na sociedade atual.

Charles Chapplin escreveu sobre temas diversos, e foi brilhante em todos os seus escritos. Uma de suas frases sobre liderança: “Às vezes precisamos de alguém que nos ouça, que não nos julgue, que não nos subestime, que não nos analise. Apenas que nos ouça”...

O líder não se limita a dizer o que deve ser feito: ensina como fazer. Faz junto. Muitas vezes faz primeiro. Ensina que para ultrapassar as barreiras não se deve ficar contemplando as dificuldades, nem ouvir os pessimistas que insistem em dizer que não dará certo, mas enfrentá-las, contorná-las se for preciso, mas jamais desistir. Recuar sim, desistir nunca. Recuos estratégicos, para retomar o fôlego, refazer as forças, reconstituir as estratégias, para tornar a seguir em frente.

O desafio de viver impõe muitos começos. Às vez sugere a modificação do normal pelo diferente, pelo inédito. Este é o papel do líder.

No conceito atual, liderar é acima de tudo colocar-se à disposição dos liderados, estar a seu serviço. Ser um igual sem esquecer de seu papel de líder, pois liderar é ouvir, acompanhar, andar junto, no mesmo nível, sem buscar privilégios pessoais que poderiam parecer ser decorrentes de seu status de líder.

Liderar é ser o primeiro a enfrentar as dificuldades. Isso não significa que não possa deixar transparecer suas dúvidas, seus medos, suas limitações. Afinal, ser líder não significa ter atingido a perfeição. Continua sendo humano, com todas as características inerentes aos seres humanos, inclusive deficiências (e muitas). Precisa saber pedir ajuda e ajudar.

Liderar é influenciar pessoas, tornar-se referência para elas. Daí a grande responsabilidade: não decepcionar quem o escolheu como referência, quem o autorizou a liderá-lo.

Liderar é conduzir pessoas rumo aos melhores caminhos. Rumo aos objetivos coletivos e pessoais. Liderar é mostrar o caminho e seguir junto. Liderar é, muitas vezes, fazer o caminho. Partir do nada, do duvidoso, da escuridão, para chegar à luz, à certeza, ao tudo

(Publicado no JNB em junho de 2014).

sábado, 10 de maio de 2014

DIA DAS MÃES

O dia das mães, como os demais eventos importantes do ano, é marcado por uma correria desenfreada na busca de presentes. Mas hoje, dia das mães, não vou falar de presentes, nem de festa, nem de nada daquilo que é despejado na mídia para buscar clientes.

Vou falar da minha mãe. Ela gostava de ler tudo o que eu escrevia. Sei que está lendo também estas linhas que dedico a ela neste dia. Ela foi muito importante para mim e meus irmãos. Mulher firme, forte, trabalhadora, religiosa, a melhor professora. Caráter de lutadora, marcou nossas vidas, e se tornou presente em nós. Aprendemos com ela. Seu modo de ser, de ver as coisas, o mundo, interpretar os acontecimentos, moldaram o meu caráter, o meu jeito de encarar a vida, de enfrentar os imprevistos, de buscar solução para os problemas. Sua simplicidade e autenticidade, seu espírito cristão ensinou-me a amar e a seguir o Salvador.

Mas Deus quis levá-la, e os anjos vieram buscá-la para sempre. A ela, que me vê, me ouve e me acompanha do lugar onde estiver, a minha gratidão pelo que me passou, me ensinou, pelo exemplo que me deu. Mãe, sinto muito orgulho de ser seu filho.

Uma homenagem, enfim, a todas as mães: às jovens, às idosas, às que amam. Às mães que são mães por acaso e às que são mães de verdade. Àquelas que assumem seu papel até as últimas consequências. Ser mãe é ter uma grande missão, e toda missão, para que tenha êxito, deve ser vivida até o final. Uma homenagem especial à mãe de meus filhos.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

AMIZADE


Muito se escreveu, e muito se escreverá ainda sobre o tema “amizade”. Isso porque o assunto nunca se esgotará. Mais que uma palavra, “amizade” é uma forma de vida, um jeito de ser e de viver.

Não importa a distância. Ou como se diz habitualmente, a distância é o que menos conta. Ou também: a presença física não é relevante.

São expressões que, de alguma forma, servem para avaliar a solidez de uma amizade. E existe coerência, pois a amizade, quando verdadeira, sólida, não resultado de momentos de impulsos, dispensa a obrigatoriedade do contato físico (ou da presença como muitos preferem) para se manter acesa. A chama da amizade se alimenta da realidade dos amigos, que supõe honestidade, transparência e muito altruísmo. Anos de distância física não exterminam uma amizade. Nem diminuem a sua intensidade. Também não a colocam em dúvida. A amizade é para sempre.

Ora, se a amizade é para sempre, é óbvio que os amigos também são para sempre. Quando os amigos se vão, desaparecem da nossa vida, estão declarando formalmente que não eram amigos, mas apenas colegas, companheiros de jornada, etc., que se uniram a nós por interesses pessoais (conscientes ou inconscientes). Às vezes apenas sentiram necessidade de amparo e viram em nós um ponto de apoio seguro, uma bengala, algo que lhes desse alento pontual, mas que no primeiro momento de dificuldade, ou quando imaginaram que não teriam mais necessidade, desapareceram. Outras vezes buscam amigos para auferir privilégios, ou para obter vantagens pessoais. São os pseudo-amigos. Não diria sequer que são falsos amigos, mas apenas supostos amigos. Essas pessoas provavelmente nunca terão amigos, por que a todos tratarão dessa mesma maneira. E quando perceberão, estarão sozinhos. E será tarde.

Os amigos são para sempre. Talvez seja por isso que são poucos. A vida os seleciona e permanecem conosco apenas os amigos de verdade. Os outros se vão. E apesar desse fato às vezes nos surpreender, ou de nos deixar entristecidos, logo percebemos que não eram amigos e que foi bom que tenham ido.

A amizade verdadeira nos dá a certeza de que não andamos sozinhos, mesmo que pareça estarmos completamente desacompanhados. A lembrança de nossos amigos atenua a nossa angústia, dando-nos a certeza que estão sempre conosco em espírito e sempre torcendo muito por nós. E a recíproca é verdadeira. Do contrário a amizade não subsistiria.

A lembrança da convivência passada, das palavras trocadas, da certeza que tudo é recíproco ajuda a trilhar pela senda segura. A amizade permite, mesmo na distância, viver momentos iguais com os amigos, mesmo que de forma diferente. Permite renovar o normal a cada dia, tornando-o diferente, inédito, mais aprazível. Essas atitudes modificam a nossa vida no dia a dia. É o crescimento originado pela certeza de estar sempre acompanhado, mesmo que a milhares de quilômetros de separação física, permitindo o crescimento mútuo, homogêneo.

Quando se tem amigos, as contingências da vida não passam de rotinas, podendo ser transpostas uma a uma, dia após dia, com a coragem daqueles que sabem que a melhor de todas as vitórias é aquela em que participam as pessoas mais queridas.

A amizade, no silencio dos momentos intensos ou morosos de nossa vida, nos transforma lentamente tornando-nos diferentes, e mais felizes.

(Publicado no JNB em abril de 2014)