sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O VALOR DA VIDA

A vida é o maior dom que qualquer ser vivo recebe de Deus. A gente nem pensa tanto nisso, pois é tão normal viver o dia a dia, sem esforço para começar ou para terminar cada minuto que passa.

As pessoas vivem tão acostumadas a viver que sequer se dão conta do tempo que se esvai a cada instante.

As pessoas só se dão conta do valor das coisas boas quando elas faltam, ou quando as perdem.

Com a saúde acontece o mesmo: as pessoas só se lembram de valorizá-la quando a perdem.

E a vida? Bem, a vida é o que existe de mais precioso. É através dela que tudo acontece nesta terra. Através dela a gente realiza e se realiza. A gente se emociona. Tem momentos felizes= e tristes.

É importante viver a vida intensamente. Cada um dos minutos, sem perder nenhum. Viver a vida intensamente e conviver com as pessoas queridas o maior tempo possível. Cada momento bem vivido será sempre um momento prazeroso. Não importa se há sofrimento, se há dificuldades, se a vida nos parece dura. Mesmo sendo dura vale a pena vivê-la intensamente.

Quem vive intensamente cada momento soma, agrega valor a sua própria vida, e se torna referência para os outros. Nunca sentirá a sensação de estar devendo para a vida.

Viver a vida intensamente, compartilhar nosso tempo com quem amamos é ser feliz. Quem vive desse jeito, sempre levará consigo boas lembranças, momentos inesquecíveis, inclusive quando essa convivência se encerra pela partida derradeira de alguém querido.

Viver a vida intensamente é dar-se valor e valorizar as pessoas. É se amar e amar aos outros. Enfim, é viver de verdade.

(Postado no JNB em agosto/2011, em homenagem a uma pessoa muito querida que já se foi, mas que permancerá para sempre em nosso coração!)

domingo, 14 de agosto de 2011

O PAÍS DO DEIXA DISSO

Entra ano, sai ano e as notícias de falcatruas se reproduzem. Ora de um gênero, ora de outro. Ora envolvendo um partido, ora outro. Ora um governo, ora outro.

Até onde?...

Nesses dias assistimos à queda do Ministro da Casa Civil do atual governo. Motivo: Possíveis falcatruas? Verdades ou mentiras? Ainda não se sabe... Mas, será que a verdade será apurada e revelada como esperado por todos?

Em qualquer país civilizado presume-se que o erro seja apurado e corrigido, independentemente da origem, da classe social, do padrão econômico dos envolvidos. E quando as denúncias se confirmam, que seja feita justiça. Se ficar comprovado que não passam de fofocas, justiça seja feita da mesma forma, resgatando a honra do denunciado e aplicando a lei ao denunciante. O que não pode é colocar panos quentes, “negociar”, “fazer acordos” e descartar tudo no túmulo do passado. Isso é agir com seriedade.

Esses fatos são uma constante no Brasil, apesar do grande avanço que já se deu em direção ao crescimento, com grande repercussão no começo, e em seguida remetidos ao esquecimento sem que o povo saiba até onde chegaria verdade ou onde começaria a denúncia infundada, a fofoca, a mentira.

A lógica é a apuração sempre. E isso não deve ser obrigação, mas cultura. Cultura de um povo que trabalha, que paga impostos, que elege os integrantes dos poderes legislativo e executivo.

Somente quando tem o direito de ser ouvido, de ser atendido, e exige que esse direito lhe seja concedido, é que se pode afirmar que um povo é verdadeiramente independente.

“Deixa disso” pode significar deixar-se enganar, ou não querer ir adiante, deixar de lutar por algo que se quer muito. Em alguns casos significa deixar de lado algo que realmente não compensa que se dê sequência e partir para algo melhor. Depende de cada um. O resultado também...

(Publicado no JNB em junho de 2011)

segunda-feira, 27 de junho de 2011

PRECISA FAZER ACONTECER


É verdade. Só quem tem vontade e perseverança consegue concretizar os inúmeros planos desabrochados da imaginação e da inteligência. Ter vontade e ser perseverante significa arregaçar as mangas e começar a fazer. É terminar o que se começou. É assim que tudo acontece.

Da mesma forma como nada acontece por acaso, tudo acontece pelo trabalho e pela dedicação. Trabalho e dedicação não devem ser entendidos apenas como o ato de executar: é um longo processo que se inicia pela identificação de necessidades, segue pela escolha de prioridades, com trânsito obrigatório pelo planejamento detalhado e pelo cronograma de realização, que abrigam todos os movimentos desde a partida até a chegada, prevendo-se ainda os caminhos a serem seguidos e as suas dificuldades.

Grandes idéias são sempre grandes idéias, mas não passam de grandes idéias. Pequenas idéias podem ser mais valiosas que idéias mirabolantes: o que vale é fazê-las funcionar na prática, tornar-se realidade, concretizar-se. Essa é a diferença.

Nem sempre as idéias, por mais originais e criativas que possam parecer, necessitam que seu autor seja um gênio. A verdadeira genialidade está na descoberta de como fazer para convertê-las em fatos, pois o que vale é a ação final. O verdadeiro gênio é aquele que além de gerar a idéia indica o modo para fazê-la funcionar na prática. A diferença entre a idéia e a sua conversão em realidade é tão grande, que entre ambas existe um abismo do tamanho do infinito. Esse abismo só desaparece quando é transformada em algo palpável.

As idéias são necessárias para o desenvolvimento das pessoas e da humanidade, independentemente do seu tamanho ou do seu alcance. É muito importante gerar idéias, divulgar idéias, defender idéias. Quanto mais idéias, melhor. Mas precisa pô-las em prática para que se tornem úteis. Para tal é necessário ser realistas, avaliar os recursos disponíveis e começar.

Todo projeto, nascido de uma ou de muitas idéias, é viável quando levado a sério, com data de início e de término, com disponibilização dos recursos necessários em todas as suas etapas, com supervisão, empenho, seriedade.

De boas intenções o mundo está cheio. De bons projetos, também. A diferença está em fazer acontecer. Fazer acontecer é próprio dos grandes líderes, não dos demagogos, dos populistas, mas daqueles que exercem a verdadeira liderança,  que não se contentam em saborear a brisa suave das manhãs ou do final das tardes, mas que a transformam em energia, em vida. Daqueles que não se contentam em ser platéia, mas que atuam à frente dela. Daqueles que não se conformam apenas em colher os frutos, mas que têm a consciência de ter lançado à terra as sementes que os geraram.

Fazer acontecer é dizer não à mesmice, é não esperar que alguém faça primeiro para comprar ou para copiar deles. É não ter vergonha de tentar e não conseguir. É perseguir um objetivo até alcançar. É ter a coragem de começar e de recomeçar, de errar e de reconhecer o erro. É acreditar em si e nos outros. É sentir a alegria de acertar. É ter força para se levantar sempre e tirar lições positivas dos erros, dos tropeços e das quedas, transformando-os em trampolins para atingir distâncias ainda mais marcantes.

Fazer acontecer é ter a competência de reconhecer as próprias limitações, de pedir e receber ajuda, e de ajudar. Ter habilidade suficiente para driblar as adversidades, administrar as contrariedades, superar as dificuldades, e valorizar intensivamente tudo o que é bom e positivo em cada uma das ações vividas. É saber que se pode vencer. É saber aproveitar os fracassos para repor as forças e prosseguir rumo ao objetivo.

Fazer acontecer é próprio de quem é vencedor e tem consciência disso. É próprio do líder. Ambos sugerem a mudança, provocam a ruptura de paradigmas, incentivam a prática do crescimento, alertam para os riscos que podem decorrer da falta de ação, abraçam uma idéia e a elevam à categoria de ideal para transformá-la em fato. Não esperam que outros o façam, fazem primeiro.

domingo, 5 de junho de 2011

PRECISA SER BOM DE BRIGA



A inteligência é o grande motor que impulsiona as pessoas, que projeta suas decisões, direciona seus atos e alimenta o seu senso crítico. Esse motor, como qualquer outro, depende de combustível para funcionar. O seu combustível é a vontade. Quanto maior a vontade, maior a quantidade de combustível despejado, aumentando as rotações, resultando em maior aceleração e gerando mais força. A vontade é a engrenagem que faz a junção do motor com os demais equipamentos, distribuindo a energia, fazendo tudo funcionar harmoniosamente. A união da inteligência e da vontade gera a perseverança, também conhecida por persistência.
Não é fantasia. É realidade. A inteligência, seja muito ou pouco desenvolvida, só é criativa se acompanhada da vontade. Vontade de conseguir, de inovar, de empreender, de acertar, de ser um desbravador. Quanto maior a vontade, maiores as perspectivas de evolução da inteligência. Isso supõe muito esforço, sacrifícios, renúncias. Daí surge a perseverança. Nada funciona sozinho.

A inteligência, a vontade e a perseverança funcionam melhor enquanto juntas, atuando decididamente dentro das pessoas. As pessoas são o receptáculo dessa maravilha. A disposição das pessoas de enfrentar dificuldades e sacrifícios abre caminho para que as teorias criadas pela inteligência e escolhidas pela vontade se materializem e produzam os efeitos esperados.

As pessoas são o instrumento através do qual se realizam os efeitos da inteligência e da vontade. Enquanto permitem o funcionamento da inteligência e da vontade, recebem delas a energia necessária para discernir e escolher a melhor maneira de alcançar as metas.

A atuação conjunta da inteligência, da vontade e da perseverança gera os atos. É esse trio que define o ritmo, a velocidade do andar, da busca. É através dessa união que se briga para alcançar o que se busca. A briga é uma forma determinada de buscar e de alcançar. Quanto mais se briga por algo, maiores as chances de se alcançar. Brigar, brigar muito, brigar sempre. Brigar constantemente e sempre com muita determinação.

Não se trata de brigar contra quem quer que seja, mas a favor daquilo que se deseja alcançar. Brigar para vencer não significa estar contra alguém ou contra algo, mas a favor de si próprio, dos outros, ou de uma causa. Brigar, não para derrotar, mas para ser um vencedor. Brigar em favor de si próprio ou em favor de alguém, ou de alguma causa. Brigar para se superar a cada dia, a cada momento. Brigar para derrotar alguém ou alguma situação é diferente de brigar para vencer. O foco muda.

Brigar para vencer alguém é apenas uma demonstração ou uma comparação de força. Significa deixar para trás um rastro carregado de manchas de tristeza, causado pelas derrotas impostas a alguém. É deixar um legado vitorioso, mas temperado com fortes doses de pessimismo. Inteligente é brigar para superar as próprias limitações a cada nova investida, deixando para trás um número sempre crescente de vitórias. É um legado glorioso, repleto de conquistas, de vitórias inesquecíveis.

Essa briga constante é a determinação. Estar determinado significa buscar com afinco, com garra o que se arquitetou e escolheu através da inteligência e da vontade. É um círculo formado por anéis entrelaçados uns aos outros: inteligência, vontade, perseverança. A primeira abre horizontes e define os caminhos, a segunda escolhe e decide, a terceira derruba as barreiras que se antepõem e assume o compromisso de não esmorecer e de não parar até chegar ao destino.

Essa é a vida dos aguerridos, dos vencedores. Lutar, brigar pelo que desejam alcançar. Traçar metas, definir estratégias, empreender, fazer correções de rumo sempre que necessário, recuar às vezes para tomar fôlego, mas sem desistir, para recomeçar com mais lucidez e determinação. A determinação é fator importantíssimo na caminhada rumo às metas. Todos os grandes campeões passam por dificuldades enormes e muitas vezes são tentados a desistir. A vontade e a perseverança são as molas que impulsionam as pessoas para frente, fazendo-as se superar a cada instante.

Poucas coisas importantes são de fácil acesso. Quanto mais importantes, maior o grau de dificuldade e mais forte o convite para desistir no meio da caminhada. É o tamanho da vontade e da perseverança que fazem a diferença. Esta é a marca dos campeões: falar pouco e agir muito, com garra, brigando sempre a favor daquilo que desejam. Portanto, brigar muito, brigar sempre, mas brigar a favor de si mesmos e daquilo que busca. Esta é a diferença que caracteriza os fortes.

(Artigo publicado no JNB em 26/01/2007)

quarta-feira, 20 de abril de 2011

MINUTO DE SILENCIO

As cenas de horror ocorridas dia 07/04/2011 na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro do Realengo, zona oeste do Rio, ganharam as manchetes da imprensa mundial. Era 07 de abril de 2011. Dia fatídico. A violência silenciou para sempre 12 crianças ainda no desabrochar da vida, portadoras de sonhos, de esperança, de vontade de viver. 12 vidas injustamente interrompidas.

Um único assassino ceifou a vida de 12 crianças, antecipando a Sexta Feira da Paixão para suas famílias.

O que poderá levar uma pessoa a praticar tamanha iniquidade? Raiva? Ignorância? Desprezo pela vida? Falta de Deus no coração? Jamais saberemos. A resposta será sepultada para sempre, juntamente com o autor dos disparos. O bandido era ex-estudante daquela mesma escola. Por isso, não era um ignorante. Teve sua oportunidade de estudar, de aprender.

A verdade é que a tristeza, as lágrimas e a comoção de uma nação inteira não trarão de volta aquelas 12 crianças.

Infelizmente, apesar da gravidade, não é um caso isolado. É claro que o fato de ter sido um massacre de crianças, a repercussão não poderia deixar de ser tão grande. Mas, diariamente vidas são ceifadas no Brasil, por causa de latrocínios, balas perdidas, vinganças, ou outros motivos que, por grandes ou pequenos que possam parecer, não justificam o ato.

Está na hora de valorizar a vida. A vida de todos. Desde o nascimento da criança até o último momento. Só assim para transformar este num mundo melhor, onde todos têm oportunidade de ser correto, de ser gente de verdade, pois interromper uma vida é  interferir nos planos de Deus.

Está na hora de cultivar a cultura do bem, da criatividade, da valorização da vida, de tudo aquilo que agrega valor às pessoas e aos seus atos.

Nossa solidariedade às famílias atingidas pelo massacre do dia 07/04/2011. Nossa solidariedade, também, às famílias que enterram (e às que já enterraram) seus filhos, cujas vidas foram interrompidas bruscamente por motivos fúteis, ou até sem qualquer motivo. Nossa torcida para que nenhum pai e nenhuma mãe devam sentir a dor de enterrar um filho.

sexta-feira, 4 de março de 2011

O TEMPO: realidade ou ilusão?

Desde o nascimento as pessoas iniciam um longo aprendizado. Aprendem a chorar, a mamar, a sorrir, depois a balbuciar as primeiras palavras, a engatinhar, a caminhar... E todas as demais pessoas que o cercam julgam ter algo importante para lhe ensinar.

Os primeiros anos passam. Surge a grande preocupação de preparar o rebento para a vida, para o futuro. Ingressa na pré-escola. Começa o ensino fundamental. Passa para o ensino médio. Ingressa na Universidade. Passa os anos da sua juventude sentado em bancos escolares. Aprende a ler. Lê muitos livros. Faz inúmeros exercícios. Aprende a escrever. Aprende a se comportar na sociedade, a falar com desenvoltura. Faz cálculos, domina outros idiomas. Enfim, assimila tudo o que se diz que contribuirá para a formação do homem maduro e moderno.

É imensurável a gama de informações despejadas sobre esse aprendiz. Aprende história, desde os tempos mais remotos, a idade da pedra, as conquistas, as guerras dos primeiros povos. Estuda os grandes pensadores, os filósofos, as Cruzadas, as aventuras gregas, o império romano, a formação dos países modernos, as alianças entre nações, e muito mais. Exigem-lhe conhecimentos profundos de geografia, decora o nome dos países, das suas capitais, de seus idiomas, religião, tamanho da população, rios, montanhas...

É minuciosamente testado sobre os feitos dos heróis do passado. Memoriza princípios e teorias descobertos por gênios de outros tempos e aprende até a aceitar alguns como definitivos e incontestáveis. Habitua-se a repetir o que outros disseram, fizeram, realizaram, criaram, com o compromisso de não se distanciar dos princípios básicos e fundamentais já definidos.  Em síntese, é grande a preocupação de rechear o seu cérebro de informações que, apesar de válidas, são limitadas, pois condicionam ao plágio e restringem a liberdade de criar e de inovar.

É dada pouca ou nenhuma importância ao desenvolvimento criativo do seu cérebro com o objetivo de prepará-lo para buscar princípios próprios, teorias novas, verdades ainda não reveladas. É como se tudo já tivesse sido dito, feito, criado, descoberto, sem nada mais restar para se criar, inventar, descobrir. Como se a inteligência humana tivesse chegado ao limite com o registro de escritos de grandes pensadores ou com o advento de descobertas que revolucionaram o mundo nos longínquos séculos que nos antecederam.

Existem fundamentos importantes que não se aprendem no decorrer desses anos todos. Princípios ocultos guardados em algum lugar muito recôndito do cérebro, os quais só vêm à tona se buscados com paciência, afinco, competência e muita persistência.

Dá-se muita ênfase à trilogia presente-passado-futuro, mas sem esclarecer suficientemente o seu significado. Incute-se grande importância ao passado dos outros e à preparação do futuro, reservando pouquíssimo tempo para o presente, que é o marco da vida de todos.

Com freqüência o passado é apresentado como a fonte do saber e, portanto, a parte mais importante da vida. Para muitos “ensinadores” o passado é a fonte de tudo, é a experiência, é a vida. Na seqüência, apresentam o futuro como algo de enorme importância, como objetivo da vida das pessoas. Assim, as pessoas aprender a pautar a sua vida na busca do saber descoberto no passado, para preparar o seu futuro. Nisso é consumido a maior parte do tempo de cada pessoa.

E do presente pouco se fala. Pouca importância é reservada ao presente. Equivocadamente se dá menos importância, ou pouca importância, ou quase nenhuma importância para a melhor parte da vida: o presente.

O presente é a melhor parte. Diria que é a única parte que realmente interessa, pois é o momento que se vive, é a própria vida que se desenvolve no presente. É no presente que tudo acontece. Nada acontece no passado e muito menos no futuro, pois ambos não existem como momento. Pode-se obter a imagem do passado, qual fotografia que leva a recordar momentos bons ou ruins, intensos ou despercebidos, ricos ou pobres. Do futuro, nem a imagem se tem: o que pode existir é a expectativa ou, quem sabe, o sonho. E todos sabem que os sonhos são apenas sonhos podendo tornarem-se em fatos somente no presente.

Então, o que são o passado, o futuro, o presente?

 

O passado


O que mais acontece no aprendizado é evocar os feitos próprios ou alheios acontecidos, ou seja, do passado. Se alguém fizer um balanço do que aprendeu durante os longos anos vividos nas salas de aula, perceberá que a maior parte do espaço foi preenchida na empreitada de decorar teorias criadas por cientistas, filósofos e outros grandes mestres.

São teorias corretas na maioria das vezes. Grande parte do tempo foi gasta no aprendizado da história universal, desde os fatos mais remotos até algumas décadas atrás, onde se rememoram os heróis, as grandes conquistas, as grandes guerras, a criação das nações modernas, etc. Existe quem imagina que franzir a testa e resgatar fatos ocorridos no passado é sinal de sabedoria. Povos perdem grande parte do seu tempo lembrando o passado. Dá-se tanta ênfase ao que ocorreu no passado que, muitas vezes, esquece-se de viver no presente.

Tudo isso tem sua importância. Mas não é só isso que é importante. Cultivar a inteligência de cada um e desenvolvê-la é extremamente importante.

É importante resgatar o passado. O nosso passado e o passado de nossos ancestrais, de nossos amigos de quem quer que seja. É a origem das origens do homem. Mais importante, porém, é que esse resgate permita que do passado se abstraiam experiências que contribuam para a construção e o aprimoramento do presente.

Cultivar em demasia as lembranças do passado pode provocar o abandono do presente. O passado já passou. O presente não, mas passará! Agarrar-se ao passado é deixar de viver o presente.

O passado é o conjunto de momentos presentes já vividos. Tudo o que se atribui ao passado nada mais é do que realizações executadas em momentos presentes que já vivemos.

O nosso passado, por exemplo, é como o nosso rastro, as nossas pegadas: lembram que por lá passamos, mas não resgatarão nossos pés. São a imagem de nossos pés, mas nunca os próprios pés.

Essa imagem, essa lembrança tem valor apenas se contribuir para que nossos pés atinjam o objetivo traçado. Assim é certo dizer que a lembrança do passado é a imagem do veículo que nos conduziu ao atual momento presente. Nada mais.

 

O futuro


O que é o futuro?
Todos aprendem que ele existirá, que é necessário se preparar constantemente para ele. Mas o que é o futuro? É possível preparar-se para o futuro? E alcançá-lo?

Disseram-nos, ainda, em nossa infância, que existem o passado, o presente e o futuro. E que a grande meta é preparar-se para o futuro. A vedete sempre foi o passado, onde se buscam os grandes exemplos, as grandes verdades, as grandes virtudes.

E o presente? Ficou esquecido. Talvez porque ele é mais complicado, porque exige mais, porque é o único momento que requer a nossa ação, a nossa decisão. Falar do passado é fácil, pois o homem não o possui. E quanto ao futuro..., bem, o futuro ainda não chegou, por isso, pode-se falar dele à vontade. Ninguém pode garantir que não acontecerá o que para ele se projeta. Mas, a exemplo do passado, o homem também não possui o futuro. Ninguém sabe se o alcançará.

Como momento, o futuro não existe. Aquilo que se denomina futuro é o momento presente seguinte ao atual. É o presente que sucederá a este presente: o próximo presente. Deixa de ser futuro para ser presente tão logo o atual presente passar. E assim sucessivamente. O futuro nada mais é que o próximo presente. E o atual presente, o próximo passado. Próximo não significa futuro? Então o presente é o futuro passado. Se próximo é futuro, então o próximo passado também é futuro.

O presente


O ponto central de tudo é o presente. O que se denomina passado já foi presente, nada mais é senão o presente já vivido. Quando vivermos o próximo presente (aprendemos a dizer que é o futuro), o atual presente se torna passado (porque não denominar de ex-presente?).

Se o homem não detém o passado e não alcançou o futuro, resta-lhe o presente. E é dele que menos se fala. Pouca importância se lhe dá. Talvez porque ele assusta mais do que o passado e o futuro juntos. Incrível: valoriza-se menos o presente, apesar de ser o único que a gente possui de verdade, que se detém, se domina, que se pode manipular, que permite construir, destruir, pensar, pelo qual se pode transformar tudo. É só no presente que se atua, que se ama. Impossível qualquer ação no passado e no futuro.

Será que quando as pessoas se detêm em demasia no passado e no futuro, em detrimento do presente, não estarão assumindo uma forma velada e erudita de fugir do presente e evitar a necessidade de assumir todas as suas nuances, as suas exigências e a obrigação constante de ser criativas para transpor todos os obstáculos que aparecem no dia a dia?

Se o passado é o conjunto de infinitos momentos presentes já vividos e que nunca mais retornarão, transformados em lembranças, a soma daqueles momentos vividos intensa ou lentamente, ou despercebidos, enfim, os inúmeros momentos que receberam o carimbo da existência do homem, o presente é o momento do pensar, da escolha, da decisão, do fazer, do realizar.

Não se vive o passado e do passado. Tudo o que dele se abstrai, só tem valor se usufruído no presente.

É no presente que se vive. É no presente que se tomam as decisões, que se erra, que se acerta. O que conta é o presente. É o exato momento. É o piscar de olhos. O presente é o momento que faz. O momento que realiza.

É no presente que se age. Se não se pode dominar o passado, porque se preocupar tanto com ele ou porque dar-lhe tanta importância? Se não se consegue ter qualquer ação sobre o futuro, para que ele existiria? Então podemos afirmar que passado e futuro não existem como momento, ou pelo menos não contam. Se o passado é a lembrança e o futuro a expectativa, o mistério e a ilusão, de positivo resta o presente.

O presente é o “momento zero”. Aquele que permite planejar, executar, viver. Ninguém consegue viver o passado, porque ele não “é”, não retorna (é possível apenas resgatar a sua lembrança). Tem-se apenas ação sobre aquilo que “é”. Nunca sobre aquilo que “foi”, ou que “será”, ou que “poderá ser”. Todos os atos são praticados no “momento zero”, porque é o único tempo que “é”. É no “momento zero” que o homem respira, se emociona, age, ama, odeia, cria, vive, realiza.

Ninguém consegue respirar, se emocionar ou agir nos momentos presentes já vividos - apelidados de passado - mas apenas no momento atual, no presente. O presente é um conjunto de etapas que se vive de forma ativa ou passiva, consciente ou inconsciente. A linha que limita e separa cada um dos momentos presentes é imaginária e não é óbice para se agir. Isso significa que não se sabe exatamente quanto dura cada momento presente. Não se conhecem os limites do presente, onde começa e onde termina. Também não se sabe quantas vezes começa e quantas termina.

É possível que comece e termine uma única vez: o momento do nascimento pode ser o início do presente, e a morte o seu término. O que é sabido é que nenhum momento já vivido pode ser revivido, por maior que seja o esforço, por mais desenvolvida que seja a tecnologia. O que se consegue é obter a sua imagem espelhada na sua lembrança. Essas lembranças podem ser muito próximas ou remotas. O momento vivido pode apenas ser lembrado, independentemente da intensidade com que tenha sido vivido.

É como olhar para a fotografia de nossos antepassados: por mais que os admiremos, ou os amemos, não poderemos resgatá-los para a vida presente por um único milésimo de segundo. Será apenas uma imagem que trará boas ou más recordações, que fará lembrar de bons ou maus momentos vividos.

O fim do presente e o começo do futuro. Daí surge outra pergunta: onde termina o presente e começa o futuro? Ou, ainda, onde começa o passado? Já se sabe que o futuro como momento não existe e que poderá existir apenas como o presente vindouro. É uma projeção, uma expectativa. Além de não poder ser demarcado, não se tem qualquer domínio ou qualquer ação sobre ele, porque toda ação possível ocorre no presente.

Pode-se propor ou idealizar tudo o que se quiser para o futuro, que ninguém poderá comprovar que não ocorrerá, porque o futuro é uma expectativa, e toda expectativa pode ser projetada para frente, mesmo que não tenha muitas chances de ser realizada. Se ficar estabelecida uma determinada data ou um determinado horário para ser o nosso futuro, este continuará sendo uma expectativa, e quando alcançado não será nada mais do que o presente de então.

Daí advém outra pergunta: se passado e futuro são inatingíveis, se sobre eles não se tem qualquer ação concreta ou qualquer domínio, para que serve a sua defesa, o seu cultivo? Se o passado é lembrança e o futuro expectativa, subentende-se que de pouco servem para o homem. Já se disse que as lembranças podem trazer benefícios somente se gerarem experiências ou fatos capazes de enriquecer as ações do presente. Essas ações, porém, são todas executadas no presente.

Para as lembranças terem sentido, devem ser capazes de indicar alternativas que auxiliem tomadas de decisões presentes. Já as expectativas são sempre incógnitas: estima-se que as ações poderão ser tomadas, mas em outros momentos presentes ainda não atingidos. Não se tem o domínio sobre elas. Têm-se a expectativa de executá-las, mas nenhuma certeza de execução.

As economias ou tesouros amealhados nos tempos presentes já vividos, frutos de trabalho e estratégias, só podem ser desfrutadas no presente. Ninguém desfruta ontem aquilo que só obterá hoje. Ninguém tem certeza de gastar amanhã algo que possui hoje, se não sabe sequer se para ele existirá o amanhã. E o amanhã, quando alcançado, será o próximo hoje, portanto, o mais novo presente, o futuro passado mais recente.

Da mesma forma como o passado não pode ser retomado, o futuro nunca será alcançado, pois se for estabelecido um momento definido como sendo o futuro, ao ser alcançado se tornará presente. Por isso é certo afirmar que, no plano material, o futuro não existe como momento, mas apenas como expectativa, ou como mistério. Alguém (não lembro quem foi) já disse que “o passado está morto, o futuro uma incógnita, e o agora é uma dádiva, por isso o chamamos de presente”.

Passado e futuro só podem ser concebidos e entendidos a partir do presente. Dependem em tudo do presente. O passado é a lembrança, o arquivo. O futuro apenas a expectativa, o sonho, a vontade.

As lembranças podem ajudar. É salutar lembrar episódios do passado, exemplos vividos, experiências arquivadas e disponíveis à visitação. Isso pode trazer conforto, facilitar a tomada de decisões com mais segurança, alertar sobre erros cometidos e ajudar a evitar que se repitam. Tudo o que está arquivado no passado fez parte de algum momento presente deixado para trás (o que não trilhou por esta senda é lenda, ilusão, invenção ou mentira). Por isso, ao rememorar esses feitos, percebe-se que a maior parte deles permanece no esquecimento. A mínima parte é trazida à tona.

Provavelmente isso ocorre porque esses feitos não foram muito importantes, e pouco ou nada podem contribuir para o presente. Se não são importantes, não vale a pena buscá-los. Se buscados, deve ser com a finalidade de contribuir para o aperfeiçoamento do presente.

Idêntica argumentação pode ser aplicada a tudo o que diz a respeito ao futuro. As pessoas aprenderam a se preparar constantemente para o futuro, mas ninguém disse quando será o futuro e, tampouco, quanto tempo durará e muito menos por quanto tempo esse futuro deve ser preparado e com qual intensidade. Alguns acreditam que o futuro é a outra vida, alcançada após a morte. Outros, céticos, não acreditam sequer nessa outra vida. O que é certo é que o futuro não está ao nosso alcance, pelo menos como momento presente.

Aperfeiçoar o presente. Desta forma, partindo-se do princípio de que o passado não retornará jamais, e que o futuro não está ao nosso alcance, voltemos ao presente. Este pode ser conhecido, vivido. É nele que tudo acontece, que se busca a sabedoria, que se ama. Nada melhor para coroar o passado, do que viver intensamente o presente. Por esse caminho se prepara tanto o futuro mais próximo quanto o mais distante, ambos representados pelos próximos momentos presentes.

É importante fazer de cada momento presente um perene aperfeiçoamento do próprio presente, amadurecido com o passar dos anos lembrando que, como momento material, ele começa com o nascimento e termina com a morte. Aí desaparecem o presente, o passado e o futuro materiais para dar lugar à vida exclusivamente espiritual.

Aperfeiçoar o presente significa, sobretudo, negar-se a aceitar que tudo já foi pensado, criado, realizado, e que somos meros plagiadores daqueles que nos antecederam. Aceitar passivamente teorias já formuladas no passado, mesmo que estejam matematicamente corretas, será negar nossa capacidade criativa, nossa inteligência.

É preciso romper paradigmas, desenvolver as potencialidades e buscar alternativas para a execução das ações decorrentes das teorias já inventadas.  Não existe uma única alternativa para a solução de qualquer problema ou enigma. Será a criatividade como ação no momento presente que poderá alcançar resultados incríveis e inéditos.

Esta capacidade criadora infinita, inerente ao homem, deve ser cultivada no dia a dia. Acomodar-se na aceitação do que já foi dito e definido não é aperfeiçoar o presente, mas adormecê-lo, condená-lo.

Valorizar o presente. Daí a importância de valorizar o presente, o que existe de verdade. O passado não é tão importante. Ele não existe mais como algo que permita qualquer ação. Apenas existiu - quando era presente. A preparação do futuro - se é que se pode preparar o futuro, pois sequer sabemos quando ele começará - se dá vivendo o presente com toda a intensidade.

Por isso, preocupar-se com o presente é a melhor maneira de dizer que se viveu de acordo com o que nos foi exigido ou nos propusemos desde o começo. Esconder-se nos arquivos do passado ou na expectativa do futuro é perder tempo, é não viver adequadamente, é deixar de construir, é fugir da realidade. Viver intensamente o presente é valorizar o futuro passado e garantir um próximo presente ainda mais promissor.

Evocar menos o passado e deixar de preocupar-se tanto com o futuro e, em conseqüência, viver voltado para o presente aperfeiçoando-o cada vez mais, é a verdadeira maneira de viver.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

FIM DE LINHA?

Nesses dias o mundo inteiro assistiu a despedida do futebol de Ronaldo Nazário, o “Fenômeno”. Emocionado, triste e feliz ao mesmo tempo, Ronaldo comoveu a todos pela sinceridade de suas palavras e pela humildade que sempre o acompanhou.

As lágrimas de um os maiores craques do futebol brasileiro eram lágrimas de tristeza porque sentia que estava deixando de lado uma fase da vida marcada por grandes realizações, glórias, vitórias. Mas eram, também, lágrimas de alegria, porque representavam um momento em que o craque virava uma página importante de sua vida para iniciar outra, com certeza tão gloriosa – ou mais – que a anterior.

Chora-se de dor, sim. Mas, chora-se de alegria também. E chorar de alegria é deixar transparecer a felicidade incontida dentro da pessoa. É confortante chorar de alegria, pelas lembranças de feitos do passado, de vitórias marcantes.

Independentemente dos clubes por onde Ronaldo passou, em todos deixou a sua marca de garra, de luta, de vitórias, mesmo que acompanhadas de grandes sacrifícios físicos.

É por isso que Ronaldo é grande, é querido no mundo todo. É um exemplo de lutador que não se deixa abater pelo sacrifício, não mede esforços, e tem ciência de suas potencialidades e de suas limitações.

É um exemplo para todos nós: enfrentou todas as dificuldades com garra, conquistando inúmeras vitórias, fama mundial, sem perder a humildade de um homem que sabe que, apesar de tudo, é apenas um homem. Tomara que consigamos imitá-lo em nosso dia a dia.

Um grande exemplo para nossos jovens: buscar incessantemente aquilo que se quer alcançar, sem se importar com percalços, com os abismos, com qualquer dificuldade. O sabor da vitória apaga as cicatrizes deixadas pelos sacrifícios da luta.